Queimadas que invadiram o interior de SP foram provocadas por humanos

Nesta segunda-feira (26), Wolnei Wolff, secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, divulgou que o governo federal não concorda com a hipótese de quedas de raios ou torres de alta tensão terem provocado os inúmeros focos de incêndio. Segundo ele, as queimadas que se alastraram por SP são resultado de “atividade humana”.

A baixa umidade do ar potencializa a proliferação do fogo

Wolff também afirmou que “dada a baixa umidade do ar na região, atear fogo, hoje, em um pedaço de mato é equivalente a jogar um fósforo em um barril de pólvora”.


Fumaça de queimada invadindo a estrada (Foto Reprodução/Shaunl/Getty Images embed)


Para Raoni Rajão, diretor de Políticas de Controle do Desmatamento e Queimadas do Ministério do Meio Ambiente, o episódio das queimadas é um “caso anômalo”.

O que causa estranheza é o aumento repentino do surgimento de vários focos de calor em áreas distantes. E várias dessas áreas ficam especializadas em plantações de cana. Não faz sentido que o incêndio seja usado para o manejo da cana”, ele afirmou.

A fumaça espalhou pelas regiões Sudeste e Centro-Oeste

O interior de São Paulo foi invadido pelas queimadas, as quais deixaram um cenário de completa destruição. Muitas pessoas tiveram que sair de suas casas, lavouras de cana de açúcar foram destruídas e muitas rodovias foram fechadas. A fumaça se espalhou e cobriu o céu de cidades da Região Sudeste e Centro-Oeste.


Cidade sendo invadida pela fumaça provocada por queimadas (Foto: reprodução/Rebeca Mello embed)


A Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) contabilizou 1,8 mil focos de incêndio na última sexta-feira e 305 no sábado. O fogo destruiu cerca de 60 mil hectares de plantação, causando um prejuízo aos agricultores de R$ 350 milhões.

Em Goiás, um suspeito foi preso por provocar queimada em Bom Jardim de Goiás, destruindo aproximadamente mil hectares de fazendas. De acordo com Fábio Marques, delegado da Polícia Civil responsável pelo caso, o suspeito está preso em Aragarças, um município vizinho, e provavelmente passará por audiência de custódia no percorrer da semana.

São Paulo sofre com onda de incêndios e 48 cidades estão em alerta para queimadas 

O estado de São Paulo vem sofrendo com uma onda de incêndios que atingem principalmente as cidades do interior. As queimadas já deixaram 48 cidades da região no alerta máximo para queimadas. Segundo dados do governo estadual, duas pessoas já faleceram em decorrência das queimadas e 800 precisaram deixar seus lares.

De acordo com dados da defesa civil, são mais de 2.300 focos de incêndio registrados nos últimos três dias e mais de 20 mil hectares já foram queimados. O registro de agosto teve mais focos de incêndio do que em toda a história de São Paulo no mesmo mês desde o ano de 1998.

Causas para as queimadas

A situação tem diversas causas. Além da ação humana, que já impacta consideravelmente o ecossistema, a situação foi agravada pela baixa umidade do ar, o vento e as altas temperaturas dos últimos dias. “Nós tivemos rios de fumaça combinados com um estado onde a temperatura estava muito alta e também muito seco. E esses rios de fumaça são acompanhados de ventos fortes, que também ajudam a espalhar a fumaça que vem da Amazônia e os focos de incêndio do estado de São Paulo”, disse Raquel Albrecht, representante do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.

Providências tomadas para melhorar a situação

Diante do ocorrido, o Governo de São Paulo montou um gabinete de crise para coordenar as atividades de combate ao fogo. O governador do estado, Tarcísio de Freitas, confirmou que as duas pessoas que eram suspeitas de causar incêndios criminosos no interior do estado já foram presas. De acordo com o governador, as forças de segurança estão mobilizadas para impedir que esse tipo de ação criminosa aconteça. 


Escolas suspenderam aulas devido aos incidentes (Reprodução/YouTube/g1)


Araraquara foi uma das cidades mais atingidas, onde um assentamento de 200 famílias foi tomado pelo fogo. Aproximadamente seis focos de incêndio ainda permanecem na região, com alguns na cidade de Ribeirão Preto, onde ainda se podia ver uma camada de fumaça no céu. Além disso, a Polícia Federal abriu duas frentes de investigação sobre as causas das queimadas no interior de São Paulo, tendo em vista que a fumaça prejudicou a operação de dois aeroportos, localizados em áreas de competência federal.

FAB lança 336 mil litros de água no combate às queimadas no Pantanal

O Comando Conjunto da Operação Pantanal, da Força Aérea Brasileira (FAB), informou que desde o dia 28 de junho, ao iniciar as atividades de combate às queimadas, já lançou 336 mil litros de água em focos de incêndio na região, foi dito que somente na ultima quinta-feira (11), foram despejados 24 mil litros em áreas atingidas pelo fogo.

Milhares de litros de água são usados para o combate a chamas

Os voos responsáveis por descarregar até 12 mil litros de água em áreas de incêndio são conduzidos com o Sistema Modular Aerotransportável de Combate a Incêndios (MAFFS, do inglês Modular Airbone Fire Figthing System). Este equipamento possui um turbo que projeta água pela porta traseira esquerda do avião.

De acordo com o comandante da missão realizada no Pantanal, o major aviador Rafael Portella Santos, esta é a primeira vez que a FAB opera o sistema MAFFS instalado no KC-390 Millennium em uma situação real. Disse que foram feitos diversos treinamentos simulados durante a operação da aeronave para que pudessem ter pilotos e tripulantes capacitados para realizar a tarefa.


Bombeiro combatendo queimadas (Foto: Reprodução/Roni Bintang/Getty Images Embed)


Como as tarefas são realizadas

Santos, explicou que toda a operação com o sistema MAFFS é realizada em etapas, A primeira envolve a coordenação em solo do ponto onde é necessário conter as chamas, em seguida é feita a visualização do local, onde é avaliado a redução de riscos para as aeronaves que atuam de forma semelhante e manutenção de contato com a equipe em solo. Após esse ponto, ocorre a primeira passagem, visando a precisão e segurança da operação, em seguida do sobrevoo para o lançamento da água.

Após despejarem a água, a aeronave retornar para reabastecer, e decolar novamente após 40 minutos. Desde o início da missão, a FAB já realizou voos de apoio ao bioma Pantanal, totalizando 24 horas e 35 minutos de voo.

A ação em conjunto de toda a equipe da FAB é crucial para combater as queimadas que assolam o Pantanal protegendo a biodiversidade e as comunidades locais afetadas pelo fogo.

MP permite aviões estrangeiros no combate aos incêndios no Pantanal

Nesta terça-feira (09), uma alteração na legislação da lei de aviação foi permitida pelo Ministério de Portos e Aeroportos (MPOR), abrindo espaço para a contratação de aeronaves maiores, além da presença de tripulantes estrangeiros no combate a incêndios.

Medida de prevenção

A publicação da Medida Provisória (MP), aconteceu nesta terça-feira, sob aprovação de Geraldo Alckmin, ex-governador do estado de São Paulo e agora atual presidente MPOR, e solicitado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Naturais (IBAMA), visando o mantimento dos esforços para o controle das secas e consequentemente das queimadas.

Em entrevista ao Jornal CNN, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, no entanto, afirma que a medida é puramente preventiva, uma vez que, momentaneamente, não há recursos que possibilitam a contratação dos equipamentos.

“Precisamos ter todas as possibilidades de combate disponíveis, inclusive a possibilidade de utilização de aviões estrangeiros que possam trabalhar por aqui contratados ou em regime de cooperação internacional.”

Tripulantes estrangeiros

Entre as diversas normas do Código Brasileiro de Aeronáutica, há uma limitante a presença de tripulantes estrangeiros no Brasil, só permitidos em casos de acordo bilateral — ou seja, que há dois lados beneficiados. Com essa limitação, a contratação de aeronaves maiores poderia ser impedida, assim como tripulação especializada no combate as chamas, que ocasionalmente poderia vir de fora.

Reforço aéreo

O combate intensivo aos focos de incêndio no Pantanal agora poderão contar com o reforço da aeronave KC-390 Millennium, da Força Aérea Brasileira. O KC-390 é considerado o cargueiro mais rápido e moderno do mundo e agora encontra-se empregado no combate as chamas.

Com pouco mais de 35 metros de cumprimento e envergadura, a aeronave comporta até 80 soldados esquipados, o que pode alterar conforme as necessidades: 66 paraquedistas ou 74 maçãs de evacuação médica. O KC-390 alcança 988 km/h, suportando até 26 toneladas de carga.


KC-390 Millennium, da Forca Aérea Brasileira (reprodução/X/@fab_oficial)

Quanto a sua nova função de combatente ao fogo, o empréstimo da FAB foi equipado com o equipamento chamado MAFFS, o Modular Airborne Fire Fighting System (Sistema Modular de Combate a Incêndio Aerotransportado, em tradução literal).

Conforme a FAB, o sistema esquipado na aeronave fornece a funcionalidade necessária para realizar a ação de combate ao incêndio em voo seguramente, projetando água pela porta lateral da fuselagem, permitindo que ela mantenha seu interior pressurizado, sem comprometer seu desempenho.


Sistema do MAFFS, na parte interna do KC-390 (reprodução/X/@fab_oficial)

O avião tem capacidade para 12 mil litros de água por abastecimento, que devem ser liberados pela porta lateral nos focos de incêndio.

A aeronave brasileira foi desenvolvida a pedido da FAB e desde então ganhou as listas de exportação e já foi adquirido pela Hungria, Portugal e também a Coreia do Sul.

Incêndios no Pantanal afetam saúde da população do Mato Grosso do Sul

Moradores de cidades em Mato Grosso do Sul, um dos estados onde está localizado o Pantanal vem a semanas sofrendo com a constante fumaça vindo de incêndios florestais na região. 

Moradores sofrem com fumaça

A temporada de queimadas no bioma começou mais cedo neste ano, fazendo que, desde então, muitos municípios fiquem completamentos encobertos pela fumaça, com cenas que simulam a situação de grandes metrópoles. 

A cidade de Corumbá, conhecida por muitos como uma porta de entrada para o Pantanal, foi uma das mais afetadas, sendo possível ver a linha de fogo consumindo a vegetação durante a noite e sua população reclamar de mal-estar e falta de ar nos últimos dias. 

Em hospitais próximos a região, os atendimentos por problemas respiratórios triplicaram nesse mês, a Secretaria de educação recomendou que os moradores suspense suas atividades físicas ao ar livres por enquanto e reforçar a hidratação. 


Fumaça em incêndios no Pantanal chega nas cidades (Foto: reprodução/Ângelo Rabelo)

“Já tem mais de 20 dias, 30 dias, que não abre uma janela. Não dá. Não tem como você circular o ar na casa. Você já sai do quarto de manhã cedo sentindo aquele cheiro de fumaça”. Revela a autônoma Silvana Villagra. 

A situação se agrava por conta da enorme seca na região, a última chuva ocorreu a mais de 50 dias, a população constantemente vê caindo do céu a fuligem que toma conta das casas, ruas e dos comércios locais.  

Situação de alerta

Os incêndios já fazem parte dos ciclos do Pantanal, porém para o pesquisador da Embrapa, Walfrido Thomaz, a intensidade e a frequência atual das queimadas podem prejudicar a capacidade de renovação do bioma, fazendo um sinal de alerta para a situação. 

‘’São as coisas que compõem o ecossistema, que pode estar sendo afetado por incêndios intensos em larga escala e principalmente repetitivos nas mesmas áreas. Aí sim o ecossistema começa a perder essa tal de resiliência que a gente chama”. Disse Thomaz. 


Alta quantidade de queimadas podem prejudicar renovação do bioma (Foto: reprodução/CPA-CBMMS / Mairinco de Pauda)

O fogo descontrolado continua na região, nos últimos dias, o pantanal obteve 508 focos de incêndio confirmados, com 409 deles sendo em Corumbá. 

Estudos revelam que biodiversidade do Pantanal está ameaçada por secas e incêndios

Dados científicos divulgados recentemente revelaram que o Pantanal, a maior planície alagada do mundo, está virando um lugar cada vez mais inflamável e seco, com 60% de sua região já foi atingida por fogo nos últimos 38 anos, se tornando o bioma mais castigado por incêndios em todo o Brasil. 

Bioma afetado

O inédito estudo foi feito pelo Mapbiomas ,será lançado por completo na semana que vem, nas informações já divulgadas constam que a última grande cheia que ocorreu no bioma foi há seis anos e que a falta de chuvas seria um dos principais fatores para o alto poder de destruição dos incêndios na região. 

“A gente tem, desde 2018, aumento desse período de seca e, também, o aumento das grandes áreas queimadas. Em 2024, o bioma Pantanal não registrou a cheia que normalmente acontece no bioma”. Comentou Eduardo Reis Rosa, o coordenador de mapeamento do Bioma Pantanal do Mapbiomas. 


Seca no Pantanal aumenta a cada ano (Foto: reprodução/Philip Morton/CC)

Eduardo também revelou que a área coberta de água no Pantanal vem se reduzindo desde 1985, que o local obter uma grande biomassa disponível para ser queimadas, ocasionado nos incêndios incontroláveis. Em 2023, a área inundada do bioma ficou certa de 61% abaixo da média história. 

Problemas na fauna

A diminuição do volume de chuvas e o aumento de queimadas tornaram a região um ambiente hostil para vários animais locais, com os pesquisadores detectando a redução de algumas espécies que correm o risco de serem extintas, entre os animais mais vulneráveis estão a capivara, onça pintada, cervo do Pantanal e a ariranha. 


Capivara é uma das espécies afetadas (Foto: Reprodução/ Pixabay)

Já os incêndios que ocorrem em 2020 causaram, aproximadamente 17 milhões mortes de animais vertebrados, já outro estudo revela que as queimadas trazem consequências a reprodução e ofertas de alimentos dos bichos. 

As mudanças do clima do Pantanal, trouxe outro grande problema para sua fauna, a migração de outras espécies como o Lobo-guará e a raposinha, ocasionando conflitos por recursos com os animais que vivem na região.  

Recorde de queimadas em 2024: Brasil registra mais de 17 mil focos

O Brasil enfrenta uma crise de queimadas em 2024, com um recorde de mais de 17 mil focos de incêndio registrados até o final de abril. Esses números superam o pior quadrimestre já registrado no país, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta terça-feira (30).

Os estados mais afetados são Roraima e Mato Grosso, que lideram o ranking com 4.609 e 4.122 queimadas, respectivamente. Isso representa um aumento de 81% em relação ao mesmo período de 2023. O acúmulo de focos de incêndio de janeiro a abril deste ano supera até mesmo o registrado em 2003, que era considerado o pior quadrimestre da série histórica.

Os biomas mais atingidos são a Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica. A Amazônia, em particular, registrou 8.969 queimadas, o que representa mais da metade do total de incêndios.


Agente do Prevfogo responsável por auxiliar o Corpo de Bombeiros (Foto: reprodução/Ibama/Prevfogo)

Dados do Inpe

De acordo com fontes do Inpe, a combinação de fatores climáticos e ação humana tem impulsionado esses números alarmantes. O fenômeno climático El Niño, que causa aumento de temperatura sobre o continente e redução de chuvas, tem contribuído para as condições propícias para as queimadas, especialmente na região norte da Amazônia.

O recorde que observamos está relacionado com a ocorrência do fenômeno El Niño, que é o aquecimento do Oceano Pacífico, causando aumento de temperatura em cima do continente e diminuição de chuva, especialmente na fração norte da Amazônia, ao norte do Equador”, disse.

Luiz Aragão, pesquisador do Inpe

Além disso, a ação humana, incluindo o desmatamento e o uso do fogo para manejo de áreas já desmatadas, é apontada como uma das principais causas das queimadas. Aragão ressalta que “a ação humana é a fonte de ignição para o fogo na Amazônia. A Amazônia normalmente não queima sem a ação humana“.

Intervenções locais

Apesar das medidas adotadas pelos governos estaduais, como aumento do efetivo de combate e decretação de prazos ampliados para o período proibitivo de uso do fogo, as queimadas continuam a crescer. Roraima e Mato Grosso, apesar de liderarem o número de queimadas, têm registrado uma trajetória descendente nos últimos meses.

O Governo Federal também tem sido acionado para auxiliar no combate às queimadas, especialmente em áreas de competência da União, como áreas indígenas e unidades de conservação.