O fenômeno, que atingiu o comprimento de 829 quilômetros em 2017, foi reconhecido pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) nesta quinta-feira (31) como o recorde mundial de maior extensão já registrada para um raio. O fenômeno ocorreu durante uma tempestade entre o leste do Texas e a região de Kansas City, no Missouri
O registro
O raio de proporções extraordinárias foi registrado nas Grandes Planícies dos Estados Unidos, região conhecida por tempestades intensas e duradouras. O fenômeno, que percorreu uma distância equivalente a uma viagem de Paris a Veneza, ultrapassou em 61 quilômetros o recorde anterior, estabelecido em 2020, também em solo americano.
Segundo a OMM a impressionante descarga elétrica foi identificada com o auxílio de satélites meteorológicos de última geração, que permitiram a reanálise dos dados da tempestade anos após o ocorrido.
Enquanto um raio comum dura, em média, menos de um segundo e atinge até 16 km de extensão, o chamado “mega relâmpago” se formou dentro de um gigantesco sistema de nuvens, ambiente ideal para descargas elétricas extremamente longas.
“Esse novo recorde mostra como a natureza ainda guarda fenômenos impressionantes e como os avanços tecnológicos ajudam a observá-los com mais precisão”, afirmou o professor Randall Cerveny, responsável pelo banco de dados de extremos climáticos da OMM.
Riscos
A secretaria-geral da organização, Celeste Saulo, alertou para os riscos associados a mega relâmpagos, como o registrado recentemente nos Estados Unidos. “São uma ameaça à aviação, podem causar incêndios e colocam vidas em risco. Por isso, são prioridade na estratégia global de alertas precoces”, afirmou.
O fenômeno só foi identificado após uma reavaliação dos dados do satélite GOES-16, operado pela agência norte-americana NOAA. Embora o evento tenha sido captado na época, passou despercebido nas análises iniciais e só foi reconhecido posteriormente com o uso de novas ferramentas e técnicas de detecção.
A investigação contou com a colaboração de cientistas de diferentes países, entre eles a brasileira Rachel Albrecht, professora da USP que é referência internacional em estudos sobre eletricidade atmosférica.
