Em meio a uma sessão de negociações cheia de altos e baixos, o mercado financeiro brasileiro fechou a quarta-feira (13) em baixa, refletindo uma série de fatores internos e externos. Após uma alta significativa na véspera, o Ibovespa recuou 0,88%, fechando aos 136.704,65 pontos. Por outro lado, o dólar se valorizou ligeiramente, revertendo a forte queda do dia anterior.
Varejo Pressiona o Mercado Doméstico
Um dos principais motores para a queda do Ibovespa foi o setor de varejo. Dados divulgados pelo IBGE mostraram que as vendas no comércio brasileiro caíram 0,1% em junho, contrariando a expectativa do mercado de crescimento. Essa retração, somada às quedas de 0,4% em maio e 0,3% em abril, acendeu um alerta sobre a desaceleração da atividade econômica no país. O economista Bruno Martins, do BTG Pactual, explicou que esses números indicam uma forte contração nos segmentos cíclicos e reforçam a visão de que o PIB do segundo trimestre de 2025 pode ter um crescimento de apenas 0,2%.
A percepção de fraqueza no setor impactou diretamente as ações de empresas do segmento, como CVC Brasil (queda de 10,78%) e GPA (queda de 10,56%), que também enfrentaram desafios internos. A CVC, por exemplo, divulgou um prejuízo no segundo trimestre, enquanto a GPA teve a renúncia de um diretor-chave. Outras empresas de varejo, como Petz, Assaí e Magazine Luiza, também registraram perdas consideráveis.
Dólar e o Cenário Externo
Enquanto o Ibovespa sofria com as notícias domésticas, o dólar fechou em alta de 0,28%, cotado a R$ 5,40. A valorização da moeda veio após ter atingido seu menor valor no ano na véspera. O movimento, no entanto, foi contido e a cotação se manteve em uma faixa estreita, mesmo após o anúncio do governo brasileiro de um plano de ações para apoiar os setores afetados pela nova tarifa de 50% dos Estados Unidos. Esse plano, que inclui um montante de R$ 30 bilhões em crédito, já era amplamente esperado pelo mercado e, por isso, não gerou grandes movimentações cambiais.
A valorização do dólar no dia se contrapôs à tendência global de enfraquecimento da moeda americana. Nos EUA, a expectativa de que o Federal Reserve (Banco Central americano) possa cortar os juros em breve, impulsionada por dados fracos de emprego e inflação moderada, tem enfraquecido o dólar. No entanto, o cenário interno brasileiro, com incertezas sobre as contas públicas e o impasse nas negociações comerciais com os EUA, continua a influenciar o câmbio, deixando a moeda brasileira sensível. O especialista em investimentos Bruno Shahini, da Nomad, ressaltou que a cautela se mantém por conta das percepções de fragilidade fiscal.
Destaques e Outros Setores
Em contrapartida, às quedas, algumas empresas se destacaram positivamente. A MRV&Co, por exemplo, subiu 6,63% após apresentar sinalizações otimistas sobre suas margens e o guidance para 2025, apesar de ter divulgado um prejuízo no segundo trimestre. Outros setores também sentiram o impacto do pregão, com Petrobras e Vale fechando em queda, influenciadas pela fraqueza do petróleo e pela estabilidade do minério de ferro, respectivamente. O Banco do Brasil foi um dos poucos a registrar alta, com os investidores de olho no balanço do segundo trimestre que seria divulgado no dia seguinte.
Em Wall Street, o otimismo prevaleceu, com o S&P 500 atingindo uma nova máxima de fechamento, refletindo as esperanças de um afrouxamento monetário nos EUA. Esse cenário externo, no entanto, não foi suficiente para impulsionar o mercado brasileiro, que se manteve cauteloso e reagiu principalmente aos dados e às incertezas domésticas.
