Com um total de 4 votos a 1, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou nesta quinta-feira (11/09) o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão pela tentativa de golpe de Estado e por outros quatro crimes.
Entre os crimes estão: organização criminosa; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; dano qualificado; e deterioração de patrimônio tombado. Com a condenação, Jair Bolsonaro também fica inelegível por 8 anos após o cumprimento da pena, conforme a Lei da Ficha Limpa.
Destaque no Brasil e no mundo
O episódio reacende debates sobre democracia, instabilidade política e relações internacionais, consolidando o julgamento como um marco histórico na história recente do país. A condenação do ex-presidente repercutiu nos principais jornais nacionais e internacionais, dividindo opiniões. Aqui, destacamos o que foi publicado pela imprensa estrangeira.
The New York Times (EUA)
Com o título: “Brazil’s Former President Was Convicted of Plotting a Coup. What Comes Next?”, o jornal afirmou que Bolsonaro foi condenado “por liderar uma conspiração fracassada para anular as eleições de 2022 em um plano de golpe que incluía dissolver os tribunais, dar poderes às Forças Armadas e assassinar o presidente eleito”.
Segundo a publicação, a condenação deve aumentar as tensões entre Brasil e Estados Unidos, principalmente em razão da sobretaxa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros, somada à aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes.
The Guardian (Reino Unido)
O jornal britânico destacou o voto decisivo dos juízes Carmen Lúcia e Cristiano Zanin.
Segundo o The Guardian: “O ex-presidente de extrema-direita do Brasil, Jair Bolsonaro, foi condenado a mais de 27 anos de prisão por planejar um golpe militar e tentar ‘aniquilar’ a democracia do país sul-americano”.
Os juízes Cármen Lúcia Antunes Rocha e Cristiano Zanin decidiram na quinta-feira que Bolsonaro, um ex-paraquedista eleito presidente em 2018, era culpado de tentar se manter no poder à força após perder a eleição de 2022. Com isso, quatro dos cinco magistrados envolvidos no julgamento consideraram o ex-líder brasileiro culpado.
Manchete do Jornal The New York Times (Foto: reprodução/Google/thenewyorktimes)
El País (Espanha)
O jornal espanhol relembrou os atos golpistas de 8 de janeiro, uma semana após a posse de Lula. Na ocasião, uma multidão de bolsonaristas invadiu os prédios dos Três Poderes em Brasília, incluindo o Supremo Tribunal Federal, hoje palco do julgamento. O episódio foi comparado ao ataque ao Capitólio nos Estados Unidos.
Bolsonaro estava nos EUA naquele dia, fato usado por sua defesa para tentar desvinculá-lo da violência. Mais de 600 pessoas já foram condenadas. Para o El País, este é o julgamento mais significativo do Brasil nos últimos anos.
Manchete do Jornal Espanhol El País (Foto: reprodução/Google/elpais)
Le Monde (França)
O jornal francês destacou as declarações de Donald Trump após a condenação de Bolsonaro. Segundo a publicação, o julgamento dividiu profundamente uma opinião pública já polarizada, inclusive em Brasília, e provocou uma crise sem precedentes entre a principal potência da América Latina e os Estados Unidos.
Trump classificou a condenação como “muito surpreendente”. “Realmente parece o que tentaram fazer comigo”, disse o republicano, em referência a seus próprios problemas legais. “Eu o conheci como presidente do Brasil. Ele era um bom homem”, acrescentou.
The Globe and Mail (Canadá)
O jornal canadense destacou que a decisão condenatória, aprovada por um painel de cinco ministros do STF, fez de Bolsonaro, de 70 anos, o primeiro ex-presidente da história do país a ser condenado por atacar a democracia, atraindo a desaprovação do governo Trump. “Este caso criminal é quase um encontro entre o Brasil e seu passado, seu presente e seu futuro”, afirmou a ministra Cármen Lúcia ao votar pela condenação de Bolsonaro, fazendo referência a uma história marcada por golpes militares e tentativas de enfraquecer a democracia. A condenação de Jair Bolsonaro pelo STF repercutiu mundialmente, destacando riscos à democracia e à estabilidade politica no Brasil.
