WhatsApp acusa Rússia de intensificar ações para bloquear aplicativo

O WhatsApp informou nesta quinta-feira (14) que o governo russo está ampliando esforços para restringir ou até impedir o funcionamento do aplicativo no país. A plataforma, controlada pela Meta, garantiu que continuará oferecendo serviços de mensagens com criptografia de ponta a ponta, ressaltando que a medida é essencial para preservar a privacidade e a segurança de milhões de usuários.

A empresa tratou o bloqueio como um movimento que vai além da questão técnica, envolvendo princípios fundamentais de liberdade de expressão e direitos digitais. Para o WhatsApp, enfraquecer a criptografia representaria abrir caminho para vigilância em massa, prática que, segundo especialistas, já é crescente no território russo.

Histórico de censura digital e base legal

Desde 2019, a Rússia conta com a chamada “Lei da Soberania da Internet“, que concede ao Estado amplos poderes para controlar o tráfego de dados dentro de suas fronteiras. A norma, que ganhou força depois da invasão da Ucrânia em 2022, permite bloquear sites e aplicativos estrangeiros sem necessidade de ordem judicial, justificando a ação como defesa de segurança nacional.


Rússia restringe ligações de WhatsApp (Vídeo: Reprodução/Youtube/CNNBrasil)

Casos anteriores mostram como essas restrições têm impacto limitado na prática. O bloqueio ao Telegram, iniciado em 2018, foi contornado por milhões de usuários por meio de redes privadas virtuais (VPNs). Embora a repressão a essas ferramentas também tenha aumentado, o acesso a plataformas proibidas segue ativo para uma parcela significativa da população.

Consequências econômicas e diplomáticas

Analistas apontam que o bloqueio ao WhatsApp pode gerar efeitos colaterais na economia russa, especialmente para pequenas empresas e profissionais autônomos que dependem do aplicativo para se comunicar com clientes. Além disso, a medida pode acentuar o isolamento do país, dificultando negociações comerciais e a troca de informações com parceiros estrangeiros.

No campo diplomático, ações contra plataformas de alcance global costumam atrair críticas de governos ocidentais e de organizações internacionais. A pressão externa, aliada à resistência interna de usuários, tende a colocar a Rússia em uma posição delicada: manter o bloqueio e lidar com seus impactos, ou recuar para evitar maior desgaste político e econômico.