Nesta quarta-feira (09), Robert Wun abriu o terceiro dia da Semana de Moda de Paris com uma coleção performática no Théâtre du Châtelet, antecipando desfiles de Margiela e Balenciaga. A apresentação da marca independente mistura moda com fantasia e espetáculo, resultando em produções surrealistas.
Antes do desfile, os organizadores conduziram o público por uma escuridão desorientadora até um palco revestido, onde eles se sentaram em círculos. Wun explicou qual era a sua intenção com a experiência imersiva:
Quero começar uma narrativa, quase montando um filme sobre o que significa para as pessoas se transformarem para se tornarem alguém que desejam se tornar.”
Robert Wun
O estilista informou que a confusão vivida nos bastidores dos preparativos para o Met Gala 2024 inspirou a nova coleção intitulada de “Becoming”, com a proposta de refletir como nos expressamos por meio dos vestuários e penteados. Wun explorou essa proposta de forma nostálgica e dramática, como se fosse uma história cinematográfica, conforme descrito por ele.
É uma exploração nostálgica do ritual de vestir e do papel profundo que a moda desempenha nos momentos mais importantes da vida.”
Robert Wun
Drama e surrealismo
O desfile de Robert Wun apresentou peças com inspiração gótica, organizadas em torno de quatro emoções: medo, amor, morte e inteligência. Cada produção teve utilização de cortes, tecidos e composições, que conduziam o olhar e sugeriam uma narrativa contínua ao longo da apresentação.
A primeira produção abriu o desfile com um vestido volumoso, semelhante a um edredom, que trazia marcas de mãos feitas de lantejoula vermelha e representava a morte. O segundo e terceiro look representavam a inteligência, composto por macacão brilhante, ombreiras que simulam um par de braços e vestido assimétrico. Pequenos tules no rosto complementam ambos os visuais.
Medo é a emoção que representa os primeiro look, enquanto morte e amor representam o segundo e o terceiro look respectivamente. A peça branca possui detalhes de lantejoula preta que também está presente tanto no chapéu quanto nos sapatos da modelo, sendo complementada por uma luva levemente transparente. O segundo visual possui uma ilusão óptica, como se a modelo estivesse sob controle do manequim, composto por um vestido de pérola rosa como base e uma peça de couro preto. A terceira produção fechou o desfile através de uma representação de noiva de areia, com vestido bufante composto por um bustiê esculpido e véu sustentado por uma pequena figura.
Amor e inteligência predominam nas produções a seguir. O primeiro look é composto por um vestido florido e braços segurando uma flor. Para complementar o visual, a modelo utilizou um pequeno tule preto como acessório no rosto, semelhante a uma chama de fogo. Seguido por vestido tomara que caia simples, a segunda produção é caracterizada pela máscara preta e bolsa de couro com par de braço como detalhe. Por último, o terceiro visual é composto por um vestido brilhante com detalhes arquitetônicos e complementado por um chapéu do mesmo tecido, além dos braços pendurados no ombro do modelo.
Conexão entre moda e arte
Robert Wun estabelece uma ponte entre moda e arte ao transformar suas criações em narrativas visuais que ultrapassam o ato de vestir. Cada peça carrega uma intenção simbólica, explorando temas como emoção, identidade e memória por meio de formas, texturas e construções marcantes.
Com o desfile dessa temporada, Wun reafirma a moda como linguagem artística que consegue provocar, comunicar e emocionar, assim como qualquer outra forma de arte.
