Robôs avançam para dentro das casas e transformam o futuro da automação no Brasil

Os robôs, antes restritos a fábricas e centros de distribuição, estão cada vez mais próximos de se tornarem parte do cotidiano doméstico. Em um futuro próximo, eles devem assumir tarefas rotineiras e pouco desejadas, como varrer a casa, lavar a louça e passar roupa. Com o avanço da tecnologia, essas máquinas também poderão consertar equipamentos, administrar remédios e até interagir com seus donos de forma natural.

Expansão cada vez maior no Brasil

O setor de robótica vive um momento de expansão sem precedentes. A Federação Internacional de Robótica (IFR) estima que o mercado deve movimentar US$ 100 bilhões (R$ 536 bilhões) até o fim da década. Atualmente, cerca de 500 mil robôs são produzidos por ano, totalizando 4,5 milhões em operação no mundo. São máquinas de diferentes tipos — dos braços robóticos e cobots aos robôs autônomos móveis (AMR), que se deslocam sozinhos usando sensores e câmeras.


Um Robô fazendo massagem em um humano no Japão (Foto: reprodução/RICHARD A. BROOKS/AFP via Getty Images Embed)

No entanto, o Brasil ainda engatinha nesse cenário. Segundo a IFR, o país possui apenas 10 robôs para cada 10 mil trabalhadores, contra 1.000 na Coreia do Sul e 470 na China. A última contagem nacional, em 2019, apontou 15,6 mil robôs ativos, número que deve chegar a 25 mil até 2025. “A China instala 100 vezes mais robôs do que o Brasil”, afirma Denis Pineda, executivo da Universal Robots

Robôs colaborativos

Um dos principais motores dessa transformação são os robôs colaborativos, conhecidos como cobots. Diferentes dos robôs industriais tradicionais, eles são mais leves, seguros e capazes de trabalhar lado a lado com humanos. Seu preço varia entre US$ 20 mil e US$ 70 mil, e as aplicações vão de linhas de montagem e logística até os setores de saúde e hospitalidade. “Eles são ideais para pequenas e médias empresas que estão começando na automação”, explica Adrian Covi, da ABB Robótica.

Além das fábricas, a robótica também avança na medicina. Cirurgias delicadas, como as realizadas pelo urologista Bruno Benigno no Hospital Oswaldo Cruz, já contam com precisão robótica para remover tumores, preservando tecidos saudáveis. Outro segmento em crescimento é o dos robôs miniaturizados, usados em locais de difícil acesso, como fornos industriais e plataformas marítimas, reduzindo riscos humanos.

Embora ainda distante das potências globais, o Brasil mostra sinais de amadurecimento. Com o avanço dos cobots, da inteligência artificial e dos AMRs, especialistas acreditam que o país viverá uma nova fase de automação — não só nas indústrias, mas também dentro das casas.

China realiza evento de competições esportivas entre robôs humanoides

A China iniciou, nesta sexta-feira (15), os Jogos Mundiais de Robôs Humanoides, um evento que reúne diversos esportes competidos entre robôs, para demonstrar os avanços do país em Inteligência Artificial e Robótica. A competição reúne 280 equipes participantes de 16 países.

O evento tem previsão de três dias de duração, e além de apresentar jogos como tênis de mesa, futebol e atletismo, também traz outras funções para os robôs, como serviços de limpeza, manuseio de materiais e organização de medicamentos.

Entretenimento e caminho para pesquisas

Competidores do Brasil, Alemanha e Estados Unidos estiveram presentes no elenco dos jogos, com 192 dessas equipes representando universidades e 88 sendo funcionários de empresas privadas. Todas as equipes que estavam competindo usavam robôs feitos por fábricas chinesas, como os da empresa Booster Robotics.

Durante os jogos realizados em Pequim, com preços variados entre 128 e 580 yuans (R$ 90 e R$ 430) por ingresso, os humanoides colidiram e caíram várias vezes durante as partidas de futebol. Em um desses jogos, quatro robôs colidiram uns com os outros e caíram juntos formando um montante no campo.

Durante uma corrida de 1500 metros, um robô caiu enquanto corria em alta velocidade, surpreendendo os telespectadores e gerando risadas e aplausos. O público que assistia presenciou queda de robôs em outros eventos de atletismo, mas apesar de muitos humanoides caírem frequentemente, muitos deles se levantavam sem a ajuda dos organizadores, gerando aplausos da plateia.


Robôs disputando partida de futebol (Foto: reprodução/Kevin Frayer/Getty Images Embed)


Max Polter, participante dos jogos e membro da equipe de futebol HTWK Robots da Alemanha, afiliada à Universidade de Ciências Aplicadas de Leipzig, afirmou que veio para os jogos não só para vencer, mas também para realizar pesquisas, tendo em vista que o evento traz diversas abordagens tecnológicas para observar e coletar.

Aumento do investimento em eventos de robótica

Os organizadores dos jogos afirmaram que o evento, além de proporcionar entretenimento para quem está assistindo, também traz a oportunidade de coleta de dados, com o intuito de criar robôs para outros tipos de funções, como o trabalho em fábricas. Alguns comentaristas afirmaram que o futebol, um dos esportes praticados, traz melhorias para a coordenação dos robôs, o que pode ser importantes para que os robôs realizem trabalhos mais complexos.

A China tem investido bilhões de dólares em humanoides e robótica, tendo realizado diversos eventos nos últimos meses como a abertura de lojas dedicadas a robôs humanoides, uma conferência de robótica e uma competição que o país definiu como a primeira maratona mundial de robôs humanoides, realizada em Pequim.

Analistas do Morgan Stanley divulgaram, na semana passada, um relatório mostrando um aumento notável da participação do público em eventos de robótica, em comparação com os anos anteriores, e afirmaram que isso mostra que a China está se dedicando em inteligência incorporada. Esse alto investimento do país em humanoides se deve ao fato que o país vem notando um envelhecimento em sua população, além do aumento da concorrência com os EUA em tecnologias avançadas.