Nova injeção semestral contra o HIV promete revolucionar prevenção

A FDA aprovou o lenacapavir, primeira injeção semestral para prevenção do HIV. O medicamento reduz em quase 100% o risco de infecção.

Com apenas duas aplicações ao ano, o lenacapavir se mostra uma inovação significativa na profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP). A droga já era usada para tratar casos resistentes do vírus, mas agora passa a ser adotada como estratégia preventiva nos EUA, com eficácia comprovada superior à das pílulas diárias tradicionais.

Alta eficácia e desafios de acesso

Estudos clínicos demonstraram que o lenacapavir preveniu a infecção em 96 a 100% dos casos. Pesquisas na África, América Latina e Ásia reforçam a eficácia da droga, que age bloqueando a replicação do vírus no organismo. Especialistas apontam que a posologia semestral pode superar obstáculos como adesão e estigma associados à PrEP oral.


— Multidão humana em torno de um frasco injetável da vacina contra o HIV no fundo roxo (Foto: MicroStockHub/Getty Images Embed)


Apesar dos avanços, o alto custo preocupa. Estimado em US$ 40 mil por paciente ao ano, o remédio ainda não está acessível em países como o Brasil. Organizações internacionais pedem que a farmacêutica Gilead reduza o preço e amplie a produção, garantindo o acesso global. Versões genéricas já estão em negociação para 120 países de baixa e média renda, mas ainda sem previsão para o Brasil.

Por que não é uma vacina?

Embora preventivo, o lenacapavir não é uma vacina. Diferente de imunizantes, ele não estimula a produção de anticorpos, mas age diretamente contra o vírus. A eficácia depende de sua presença contínua no organismo. Caso a aplicação seja interrompida, a proteção desaparece.

Risco global com cortes no combate à AIDS

O bloqueio de verbas do programa PEPFAR, anunciado por Donald Trump, ameaça reverter duas décadas de avanços contra o HIV.


Programas de HIV na África em risco após cortes na ajuda dos EUA na era Trump (Vídeo: reprodução/YouTube/APT_News)

Um estudo da The Lancet HIV aponta que a redução no financiamento pode causar até 10,8 milhões de novas infecções e 2,9 milhões de mortes até 2030, especialmente em países mais pobres. A queda no apoio afeta diretamente regiões dependentes, como a África Subsaariana, e pode anular progressos conquistados desde o ano 2000.