NASA pretende recuperar Starliner, em parceria com a Boeing

Com o retorno dos astronautas Butch Wilmore e Suni Williams à Terra na última terça-feira (18), a Nasa informou que pretende reabilitar a cápsula Starliner fabricada pela empresa Boeing. No entanto, não houve informações sobre a divisão dos custos dos testes e qual a contribuição da Boeing nesta reabilitação. 

De acordo com o gerente de programa da Nasa, Steve Stich, as duas empresas estão “trabalhando lado a lado para colocar a espaçonave em operação”. Ainda, segundo informações, já há programação para voo teste. O valor estimado para esta operação gira em torno de U$$ 400 milhões. 

Primeiramente, será feito um voo não tripulado e, ocorrendo tudo dentro do previsto, as empresas pretendem realizar novos voos tripulados dando continuidade ao Programa Comercial de Tripulação.


Publicação sobre a reabilitação da Starliner (Foto: reprodução/X/@AviationWeek)

Procurada, a Boeing não quis dar declarações sobre o assunto e nem esclarecer maiores detalhes sobre os planos para recuperar a Starliner.

Problemas técnicos no último voo

A Starliner transportou os astronautas Butch Wilmore e Suni Williams para o espaço em 05 de junho de 2024. O voo, com duração de 25 horas, partiu de Cabo Canaveral, na Flórida e estava previsto para durar oito dias.


Astronautas, Butch Wilmore e Suni Williams, embarcando em na Starliner – junho de 2024 (Foto: Reprodução/ MIGUEL J. RODRIGUEZ CARRILLO/ Getty Images Embed)


No entanto, devido a problemas técnicos na espaçonave Starliner, a viagem durou 286 dias, fazendo com que os astronautas ficassem presos no Espaço sem a possibilidade de retorno imediato.

Ajuda da SpaceX

O retorno dos astronautas para os EUA só foi possível mediante uma parceria entre a Nasa, a Boeing e a SpaceX, empresa de Elon Musk, na cápsula Dragon. O retorno ocorreu na última terça-feira (18), sendo amplamente comemorado e divulgado nas redes sociais. 


Publicação sobre o retorno dos astronautas Butch Wilmore e Suni Williams à Terra (Foto: reprodução/X/@NASA_Johnson)

Recuperação dos astronautas 

De acordo com informações fornecidas pelos especialistas do programa de Força, Condicionamento e Reabilitação de Astronautas (ASCR), Butch e Suni terão que fazer recondicionamento físico para se adaptar às condições de vida na Terra. 

Entre as atividades, estão inclusos exercícios para aumentar a densidade óssea, além do fortalecimento dos músculos, inclusive dos músculos cardíacos, através de exercícios cardiovasculares. 

Cada astronauta é acompanhado individualmente para ser respeitado o progresso e as necessidades de cada um.  

Próximos passos da tripulação Crew-9 após o aguardado retorno à Terra

Os astronautas, Sunita William, Butch Wilmore, Nick Hague e o cosmonauta Aleksandr Gorbunov retornaram à Terra por volta das 19 horas desta terça-feira (18). Após a amerissagem – processo de pouso no mar – a tripulação saiu da cápsula Crew Dragon, da SpaceX, nas águas do Golfo do México, próximo a Tallahassee, na Flórida.

William e Wilmore ficaram na Estação Espacial Internacional (ISS) por nove meses após sua espaçonave ter enfrentado problemas no sistema de propulsão durante o voo. Em coletiva de imprensa, representantes da Nasa deram mais informações sobre a missão Crew-9 e as próximas ações dos astronautas na Terra.

Steve Stich, representante comercial da Nasa, afirmou que o pouso bem-sucedido entrará para os livros de História e que as condições climáticas favoráveis, além do funcionamento adequado do sistema da nave, proporcionaram o sucesso do retorno. “Não poderia estar mais orgulhoso.”


Pouso da Crew-9 na SpaceX Dragon (Vídeo: reprodução/X/@NASA)

Por ficarem muito tempo no espaço, William e Wilmore precisarão recuperar habilidades terrestres. “Os músculos precisam voltar a funcionar e eles terão que reaprender as habilidades”, disse Stich. “Exercícios físicos serão foco nas próximas semanas”, continuou. 

Após o retorno, os astronautas passaram imediatamente por uma avaliação médica com um cirurgião de voo. Segundo a agência, é um procedimento padrão para astronautas que passam longos períodos no espaço.

De acordo com o representante da Nasa, eles devem voltar para suas famílias em até dois dias.

O esperado retorno

Depois que o veículo realizou a amerissagem, uma nave da SpaceX retirou a cápsula do oceano e os tripulantes finalmente pisaram na Terra de novo.


Dá esquerda para a direita, os astronautas Butch Wilmore, Aleksandr Gorbunov, Nick Hague e Suni Williams dentro da cápsula SpaceX Dragon a bordo do barco de recuperação SpaceX Megan, momentos depois de realizarem amerissagem (Foto: reprodução/Keegan Barber/NASA)

Nick Hague, seguido por Aleksandr Gorbunov, Suni William e Butch Wilmore saíram da nave no mar do Golfo do México. Eles sorriram e acenaram para as câmeras da transmissão ao vivo. Deixaram a cápsula e foram levados em uma cadeira ao local de atendimento médico.

A Nasa decidiu que trazer Williams e Wilmore para o planeta na cápsula Boeing Starliner – aeronave em que foram para a ISS – seria arriscado. A agência optou por incluí-los na rotação regular da tripulação da Estação Espacial, razão pela qual os dois voltaram para a Terra com Hague e Gorbunov na SpaceX Crew-9.

Mudança no corpo

Devido à ausência da atração da Terra, os corpos dos astronautas podem enfrentar mudanças incomuns e significativas, principalmente após voos longos sobre a Terra.

Eles ficam mais longos e podem desenvolver uma “altura espacial” e podem ganhar “pernas de galinha” e “cabeça inchada” devido à redistribuição de fluidos, já que o corpo humano é composto majoritariamente por líquidos. Ao retornar, o corpo começa a se reajustar. 

Os astronautas podem perder também densidade óssea e seus músculos podem começar a atrofiar. Ao retornar, eles precisam passar por muitos exercícios de reabilitação para recuperar seus ossos e músculos. Podem apresentar também dificuldades motoras, de coordenação e equilíbrio, o que pode causar um tipo de enjoo.

A ausência de gravidade pode afetar seus sistemas imunológicos e cardiovascular, além da visão e do próprio DNA.

Os cientistas ainda pesquisam os efeitos a longo prazo na saúde após se passar longos períodos no espaço, mas décadas de dados evidenciam que os astronautas sofrem alterações físicas mesmo depois de passado um breve período de seu retorno à Terra. A maioria dessas mudanças são revertidas pouco tempo depois da volta ao planeta. Poucos problemas de saúde encontrados até agora possuem efeitos duradouros

Nasa e Boeing negam que astronautas estão presos no espaço e sem data de retorno

Na última sexta-feira (28), Steve Stich, gerente do Programa de Tripulação Comercial da Nasa, afirmou que a agência espacial deverá prorrogar a duração da missão da Starliner de 45 para 90 dias, apesar de todos os problemas apresentados pela espaçonave, desde antes da decolagem até a primeira etapa da viagem.

Os tripulantes da Starliner são Suni Williams e Butch Wilmore

Suni Williams e Butch Wilmore são os astronautas que estão a bordo da nave. De acordo com a Nasa e a Boeing, a missão é um voo teste, cujo objetivo é coletar dados para aprimorar o desempenho da Starliner em missões futuras.


Boeing Starliner se prepapara para lançar voo de teste tripulado em 5 de junho (Foto: reprodução/Joel Kowsky/Nasa/Getty Images embed)


Os problemas da nave começaram com vazamento de hélio antes do lançamento e durante a viagem para a Estação Espacial Internacional. Além disso, alguns dos propulsores falharam durante a primeira etapa da viagem.

As falhas aconteceram em um acessório cilíndrico na parte inferior da espaçonave, módulo de serviço, o qual fornece grande parte da potência do veículo durante o voo.  

Projeto de 10 anos

A Boeing vem desenvolvendo o projeto Starliner desde 2014. A Nasa contratou a Boeing e a SpaceX para o Programa de Tripulação Comercial. Foram anos de atraso, bloqueios e despesas adicionais.


Lançamento do voo da missão Srtarliner (Foto: reprodução/Paul Hennessy/Anadolu/Getty Images Embed)


A primeira missão de teste sem tripulação aconteceu em 2019, sem sucesso, devido a um problema de software. Em 2022, houve uma nova tentativa mal sucedida, devido a problemas de software e de alguns dos propulsores de voo. De acordo com o gerente Stich, é possível que os engenheiros não tenham resolvido completamente esses problemas.

É comum que os astronautas prorroguem a estadia a bordo da estação espacial. Em 2022, Frank Rubio, astronauta que deveria ficar por cerca de seis meses a bordo da Estação Espacial Internacional, ficou por 371 dias no espaço, em virtude de um vazamento de líquido resfriador.

Outros fatores como mau tempo na Terra e outros ajustes de horários já fizeram com que outros astronautas prolongassem a estadia na estação.