Tarantino exalta Fincher por querer adaptar sua obra

O universo de “Era Uma Vez em Hollywood” vai ganhar uma nova produção, desta vez com direção de David Fincher e roteiro assinado por Quentin Tarantino, responsável pelo filme original lançado em 2019. Em entrevista ao podcast The Church of Tarantino, o cineasta comentou sobre a escolha de Fincher para dirigir a sequência, decisão que surpreendeu o público desde o anúncio em abril.

Segundo Tarantino, a decisão de abrir mão da direção veio acompanhada de um misto de frustração e reconhecimento. “Eu e David Fincher somos os dois melhores diretores. A ideia de que ele queira adaptar a minha obra demonstra um nível de seriedade ao meu trabalho“, comentou o diretor.

Tarantino afirmou que, embora tivesse a intenção de dirigir o filme, perdeu o interesse. “Adoro este roteiro, mas ele simplesmente me desanimou.” Para ele, entregar o projeto a David Fincher representa não apenas uma mudança de planos, mas também uma oportunidade de ver sua obra reinterpretada por um cineasta que considera estar em seu mesmo patamar criativo.


Quentin Tarantino e Brad Pitt no Festival de Cannes, 2019 (Foto: reprodução/Stephane Cardinale/Getty Images Embed)


Das telonas para o streaming

A continuação do primeiro longa se destaca pela mudança de estúdio tradicional para o streaming. Segundo o jornalista e insider Jeff Sneider, a Netflix desembolsou cerca de US$ 20 milhões pelo roteiro. Questionado sobre a possibilidade de o filme ser exibido nos cinemas, Tarantino afirmou não ter certeza, mas revelou que não guardaria ressentimentos caso a produção fosse lançada diretamente na plataforma de streaming.

“Bem, talvez. Não é o modelo de negócios deles, então não culpo a empresa. Você pode reclamar, mas é apenas o que é. Eu não ficaria surpreso se lançassem o filme em duas semanas, de forma limitada. Acho que, pelo menos nas grandes cidades, farão exibições para que o filme se saia bem no Oscar.”


Quentin Tarantino segurando o Oscar de Melhor Roteiro Original em 2013 (Foto: reprodução/Joe Klamar/Getty Images Embed)



Lançado em 2019, “Era Uma Vez em Hollywood” arrecadou mais de US$ 370 milhões mundialmente e conquistou dois Oscars, de melhor ator coadjuvante para Brad Pitt e de melhor direção de arte, a partir de 10 indicações.

As Aventuras Contínuas de Cliff Booth

Ambientado com a estética dos anos 1970, o novo filme vai mostrar Cliff Booth, vivido por Brad Pitt, assumindo um papel diferente em Hollywood: um homem de confiança dos estúdios, capaz de resolver qualquer problema que surgir. Após Tarantino abrir mão da direção, a parceria entre Pitt e Fincher reúne novamente a dupla que trabalhou em Clube da Luta, Se7en e O Curioso Caso de Benjamin Button.

Ainda não se sabe se o longa terá ligação com The Movie Critic, que Tarantino anunciou como seu último filme com a participação do personagem Cliff Booth. Também não há confirmação sobre a presença de Leonardo DiCaprio e Margot Robbie, que fizeram parte do elenco de Era Uma Vez em Hollywood.

Não seria a primeira vez que um roteiro de Tarantino é levado às telas por outro diretor. No início de sua carreira, ele vendeu roteiros como Amor à Queima-Roupa, dirigido por Tony Scott, e Assassinos por Natureza, dirigido por Oliver Stone. Já David Fincher, por sua vez, possui experiência em longas produzidos para a Netflix, incluindo o filme de época Mank e o thriller violento O Assassino, ambos com elementos próximos ao novo projeto.

Carla Gugino entra para sequência de Tarantino na Netflix

A Netflix chamou atenção ao adquirir o tão aguardado roteiro de Quentin Tarantino por impressionantes US$20 milhões, segundo informações obtidas com exclusividade pelo Deadline. Intitulado “The Adventures of Cliff Booth”, o longa tem como protagonista novamente o personagem de Brad Pitt, o carismático dublê e motorista Rick Dalton, que agora assume um papel central nos bastidores do grande estúdio, atuando como um faz‑tudo de confiança.

E a mais nova adição ao elenco é a talentosa Carla Gugino, que se uniu ao projeto, embora seu papel permaneça envolto em mistério, assim como os demais, já que nem a Netflix nem sua equipe comentaram oficialmente. Além dela, o filme conta ainda com a presença de nomes de peso como Yahya Abdul‑Mateen II, Elizabeth Debicki e Scott Caan, elevando ainda mais as expectativas para o trabalho escrito por Tarantino.

De dublê a figura central nos bastidores

No longa original de 2019, Pitt interpretou Cliff Booth, um ex‑veterano de guerra que serviu como dublê do ator Rick Dalton (Leonardo DiCaprio). Agora, em sua continuação, o foco se desloca inteiramente para Booth. Nosso herói viverá como o faz‑tudo dos estúdios de Los Angeles, alguém em quem todos confiam para resolver os mais variados problemas. A trama, segundo rumores, se passará num período posterior ao filme original, explorando ainda mais os bastidores do cinema.


Brad Pitti como Cliff Booth em “Era uma Vez em… Hollywood” (Foto: Reprodução/Netflix)


A produção também pode trazer uma participação mais restrita de Leonardo DiCaprio, reprisando seu papel como Rick Dalton, embora os holofotes estejam definitivamente voltados para Pitt. Há ainda boatos de que Margot Robbie, que interpretou Sharon Tate no longínquo original, possa aparecer brevemente. Essas decisões sugerem que Tarantino pretende criar algo aproximado de um spin-off, estreitando o enredo em torno de Booth.

Dedo de Fincher

Inicialmente, o roteiro fora concebido por Tarantino para seu próprio uso como diretor, mas Pitt teria sugerido que fosse entregue nas mãos de alguém com mais experiência técnica, e com quem ele já trabalhou antes. Ele teria então proposto David Fincher (de “Se7en”, “Clube da Luta”, “O Curioso Caso de Benjamin Button”) como potencial diretor. Tarantino teria recebido a sugestão com abertura, sinalizando um “talvez”. Caso se concretize, esta representará a primeira incursão de Fincher em uma continuação ou franquia, algo incomum para o diretor.

O legado de “Era Uma Vez em Hollywood”

O primeiro filme arrecadou mais de US$ 370 milhões e conquistou dois Oscars: melhor ator coadjuvante para Pitt e melhor direção de arte, entre 10 indicações. O spin‑off, seguindo a obsessão de Tarantino pelos bastidores da indústria cinematográfica, promete manter o tom nostálgico dos anos 1960 em Los Angeles, enquanto redefine o universo de seu protagonista.