São Paulo registra temperaturas mais altas e clima seco recorde em junho

O Centro de Gerenciamento de Emergências da Defesa Civil estadual (CGE) registrou um novo recorde de temperaturas para a cidade de São Paulo. A capital paulista registrou um clima atípico para junho de 2024, com temperaturas altas e falta de precipitação. Essa combinação aumenta o risco de incêndios e doenças respiratórias na população.

Situação extrema no interior

Os termômetros da capital paulista atingiram a máxima de 28,8ºC, superando a média histórica de 22,6ºC. A cidade não presenciava um calor tão grande desde a década de 60.

Entretanto, o interior do estado se vê em uma situação ainda pior. Regiões como Presidente Prudente e o Vale do Paraíba tiveram temperaturas máximas de 50% acima da média e cidades como Campinas, Bauru e Ribeirão Preto tiveram temperaturas de 20% a 30% acima do usual. 


As altas temperaturas em São Paulo bateram recorde histórico para o mês de junho (Foto: reprodução/Ales Veluscek/Getty Images embed)


A situação é agravada pela falta de chuvas, que no mês de junho, normalmente seria de 50,3 mm. Segundo o CGE, São Paulo também não teve um dia sequer de chuva durante o mês de junho, um fenômeno que não era visto na cidade desde 1998. 

A combinação de temperaturas altas e clima seco pode ser muito perigosa tanto para a saúde humana quanto para o meio ambiente. A região centro-oeste do país, que é tipicamente seca durante o inverno, entrou em estado de emergência por causa do risco de incêndios florestais. Segundo o Inmet, estados como o Tocantins, Minas Gerais e Goiás enfrentam uma grave crise de umidade que persiste há semanas. 

Os riscos na época mais seca do ano

O risco de incêndios em áreas florestais aumenta em épocas de estiagem e baixa umidade. As regiões sudeste e centro-oeste estão em risco durante os meses do inverno, tendo seus lugares marcados no Mapa de Risco de Incêndio da Defesa Civil praticamente garantidos durante este período do ano.

Na maioria dos casos, são as ações humanas que ocasionam os incêndios. Ações como jogar uma bituca de cigarro ou queimar lixo ou pasto são um risco à mata e aos animais silvestres, causando danos ambientais devastadores.

Mas o meio ambiente não é o único em risco. Com o clima mais seco, muitas doenças que atingem as mucosas e a pele também têm mais incidência, atingindo principalmente as crianças e a população idosa, que são mais vulneráveis a doenças respiratórias.

Por isso intensificam-se as campanhas de conscientização, para que a população possa ajudar no combate a incêndios e cuidar da saúde neste período delicado.

Inverno de 2024 terá temperaturas acima da média no Brasil

O inverno de 2024 começará oficialmente no dia 21 de junho, na maior parte do território brasileiro, exceto em partes do Amazonas, Pará e quase toda a extensão de Roraima e Amapá, que estão no Hemisfério Norte. Apesar disso, os meteorologistas já podem fornecer um panorama climático para a próxima estação.

De modo geral, não são esperados extremos de frio ou calor. A previsão aponta para um equilíbrio, com uma tendência para mais dias de temperaturas acima do normal, embora ainda ocorram períodos de frio ao longo da estação.

Influência do El Niño e La Niña

Vinicius Lucyrio, meteorologista da Climatempo, destaca que o inverno de 2024 terá temperaturas acima da média, especialmente no final da estação, entre agosto e a primeira quinzena de setembro, quando novas ondas de calor podem ocorrer.

A razão principal é o término do fenômeno climático El Niño, que aquece as águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, influenciando o clima em todo o país. Com o fim de El Niño, estamos na fase neutra – quando as águas do Pacífico não são influenciadas por nenhum fenômeno específico – e há expectativas para a instalação do La Niña.

Impacto dos fenômenos climáticos

A ocorrência de La Niña se verifica quando ocorre um resfriamento na faixa Equatorial Central e Centro-Leste do Oceano Pacífico, marcado por uma redução de 0,5°C ou mais nas temperaturas da água. Este fenômeno se manifesta a cada intervalo de 3 a 5 anos.


A expectativa é de que o inverno de 2024 apresente um aumento na frequência de dias com temperaturas até 3°C acima da média (Foto: reprodução/Tiago Queiroz/Estadão/CNN Brasil)

Lucyrio explica que, embora o El Niño tenha terminado, sua influência atmosférica ainda será sentida por algumas semanas, até cerca de junho, antes de desaparecer completamente.

Durante o final do outono, ainda estamos passando por um período de resfriamento do Oceano Atlântico, o que deve reduzir a frequência de bloqueios atmosféricos e transitar para padrões climáticos mais típicos do inverno.

Efeitos do El Niño

Durante o verão, o El Niño intensifica o calor e ameniza o rigor do inverno no Brasil, dificultando a entrada de frentes frias e causando quedas de temperatura mais suaves e de curta duração. Essa condição leva à ocorrência de períodos de seca no Norte e Nordeste, especialmente nas áreas equatoriais, enquanto no Sul e Sudeste são provocadas chuvas abundantes.

Mesmo com o término do El Niño, o outono ainda será muito impactado por sua forte influência nos meses anteriores. A partir de junho, espera-se um resfriamento mais evidente das águas do Pacífico, com o estabelecimento de La Niña previsto para o inverno.