Orçamento 2026 prevê aumento do salário mínimo e reajuste a servidores

O Governo Federal apresentou nesta sexta-feira (29) a proposta de Orçamento para 2026. A princípio, o texto foi entregue ao Congresso Nacional, que precisa aprová-lo até o fim do ano para garantir a execução das contas públicas no próximo período.

De antemão, o documento traz como eixos principais o reajuste do salário mínimo, o aumento de salários de servidores, a destinação de emendas parlamentares e a ausência de reajuste no Bolsa Família, mesmo em ano eleitoral.

Salário mínimo e meta fiscal

Com isso, o governo propõe elevar o salário mínimo de R$ 1.518 para R$ 1.631 em 2026. O aumento de 7,44% segue a política de valorização já aprovada, que garante ganho real acima da inflação limitado a 2,5% ao ano. O novo valor, no entanto, ainda depende da divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de novembro.


Governo detalha orçamento 2026 (Vídeo: reprodução/YouTube/g1)

Concomitantemente, a meta fiscal entra como ponto sensível, já que a equipe econômica projeta superávit de 0,25% do PIB, equivalente a R$ 34,3 bilhões. Porém, com exclusões permitidas pelo arcabouço fiscal, a previsão real indica déficit de R$ 23,3 bilhões. Dessa forma, para tentar reduzir o rombo, o governo aposta em aumento de impostos e corte de benefícios fiscais, medidas que enfrentam forte resistência no Congresso e no setor produtivo.

Reajustes e congelamentos

Em outro cenário, o orçamento reserva R$ 12,1 bilhões para reajustes já negociados com servidores do Executivo e mais R$ 4,4 bilhões para novos acordos. Sendo assim, os valores cobrem principalmente acordos firmados em 2024, que previam duas parcelas de aumento em categorias como Receita Federal e médicos de universidades federais.

Por outro lado, o governo não prevê reajuste para o Bolsa Família. A proposta destina R$ 158,6 bilhões ao programa, valor inferior ao previsto no orçamento de 2025. Atualmente, cerca de 19,2 milhões de famílias recebem o benefício, cujo valor mínimo permanece em R$ 600, com adicionais para crianças, gestantes e jovens.

Emendas parlamentares e fundo eleitoral

O texto prevê R$ 40,8 bilhões em emendas parlamentares, recurso usado por deputados e senadores em seus estados. O valor supera o de anos anteriores, mas ainda pode crescer durante a tramitação. Já o fundo eleitoral foi estimado em R$ 1 bilhão, bem abaixo do recorde de R$ 4,9 bilhões autorizado pelo Congresso em 2024.

Logo, o governo também planeja destinar R$ 85,5 bilhões para investimentos, com foco no Programa de Aceleração do Crescimento, ou o Novo PAC. Entretanto, por se tratar de despesa discricionária, os valores podem sofrer cortes em caso de dificuldades fiscais.

Termina hoje o prazo para os brasileiros sacarem os Valores a Receber

Durante vários meses, o governo avisou aos cidadãos sobre o “dinheiro esquecido” em bancos e instituições financeiras. Esses valores referem-se a montantes em contas bancárias fechadas, FGTS, tarifas e parcelas cobradas indevidamente dos clientes, sobras de financiamentos e cotas de cooperativas. Nesta quarta-feira (16), encerra-se o prazo para a retirada destes valores usando o sistema de valores a receber do Banco Central.

Mais de 8 bilhões a serem resgatados

De acordo com os dados do Banco Central, até o dia 07/10, havia mais de R$8, 5 bilhões aguardando resgate. Deste montante, R$6,6 bilhões pertencem a 41 milhões de pessoas físicas e R$ 2 bilhões a 3,6 milhões de empresas no Brasil.   

Os valores a serem resgatados variam, mas a maioria são de valores considerados irrisórios. Cerca de 63% dos recebedores têm até R$10, 25% têm valores até R$100 a sacar, 10% receberão entre R$100,01-R$1 mil e apenas 2% podem receber mais de R$1 mil.


A maioria dos brasileiros tem até R$10 a receber, segundo o sistema do Banco Central (Foto: reprodução/Rafapress/Freepik)

Não é necessário ter uma conta no gov.br para fazer a consulta. Para verificar se há algum valor a receber, apenas informe o número de CPF e data de nascimento próprios ou da pessoa falecida no site https://www.bcb.gov.br/meubc/valores-a-receber. Caso seja uma empresa, é preciso informar o CNPJ e sua data de abertura. Caso haja algum valor a ser sacado, a transferência será feita via chave pix informada pelo cidadão. Se não for possível fazer a solicitação pelo site valores a receber, a pessoa precisa contactar a instituição devedora para negociar a forma de devolução do dinheiro.

Se o valor a ser recebido pertence a uma pessoa falecida, é necessário que o sacador seja seu herdeiro,inventariante, testamentário ou representante legal. Daí, a pessoa precisa falar com a instituição para saber quais documentos devem ser apresentados para sacar o valor esquecido.

O que fazer caso o prazo seja perdido

Em caso de perda de prazo, que se encerra hoje, a pessoa ainda terá duas chances de reaver o dinheiro. Esse vencimento se refere a uma lei sancionada pelo presidente Lula, estabelecendo o prazo de 30 dias após publicação da mesma para que os recursos esquecidos sejam resgatados. Se não requisitado ou sacado nestes 30 dias, o artigo 45 da lei estabelece que os valores serão incorporados ao Tesouro Nacional.

Depois desta quarta-feira, o Ministério da Fazenda irá publicar um edital contendo todos os valores recolhidos pela União, indicando a instituição financeira depositária e informando a agência e natureza do depósito. O cidadão ganha então mais 30 dias corridos para pedir o dinheiro esquecido novamente. Se o valor ainda não for requisitado após este período, os brasileiros ainda terão mais seis meses após a publicação deste edital para pedir os valores judicialmente. Apenas após este período, que se encerra em abril de 2025, o governo terá direito aos valores esquecidos de forma definitiva.