Em repúdio à guerra em Gaza, Colômbia não fornecerá carvão para Israel

No último sábado (08), O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou que vai suspender a exportação de carvão para Israel, em virtude da ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza. A Colômbia já havia rompido relações com Israel em maio deste ano, além de ter cessado a compra de armas fabricadas por países do Oriente Médio.

Petro já havia classificado o governo do primeiro ministro de Benjamin Netanyahu como “genocida”. E agora colocou no seu perfil do X que a suspenção das exportações permanecerá até o término do genocídio.

Exportação maciça de carvão

De acordo com a Associação Nacional de Comércio Exterior da Colômbia, noventa por cento das exportações para Israel são de produtos oriundos da mineração e da energia, incluindo o carvão.

A Colômbia teria exportado uma concentração considerável de carvão para Israel no período de janeiro a agosto do ano passado, 375 milhões de dólares. O carvão é um recurso estratégico para fabricação de armas, mobilização de tropas e fabricação de aparatos para operações militares.


Fornos de carvão na Colômbia (Foto: reprodução/Ferley Ospina/Bloomberg/Getty Images embed)


Receio, apesar do argumento sólido para a suspensão

Apesar do decreto do Ministério do Comércio, Indústria e Turismo Colombiano, a Associação Colombiana de Mineração manifestou preocupação com tal suspensão, devido ao acordo comercial com Israel desde 2020.

“Israel é um destino-chave para as exportações colombianas de carvão térmico. A proibição das exportações coloca em risco a confiança nos mercados e o investimento estrangeiro”.

ACM

Gustavo critica a postura que Israel vem tomando frente ao conflito em Gaza. Agentes do Hamas mataram 1.170 pessoas em Israel, o que provocou a reação Israelense de liquidar 36.801 pessoas em Gaza, a maioria de civis. Essa reação desproporcional teria sido alvo das reiteradas críticas do governo colombiano.

A CIJ (Corte Internacional de Justiça), mais alto órgão judicial da ONU, ordenou que Israel interrompesse as operações em Rafah no mês passado. Além disso, o procurador do TPI (Tribunal Penal Internacional) solicitou a emissão de mandados de prisão contra Benjamin Netanyahu, Yoav Gallant (ministro da Defesa israelense) e três líderes do Hamas.

Joe Biden diz não reconhecer jurisdição do Tribunal Penal Internacional

Nesta quinta-feira (23), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que não reconhece a jurisdição do Tribunal Penal Internacional (TPI). Além disso, reiterou que não há equivalência entre o ataque do Hamas em 7 de outubro e a resposta de Israel.

Pedido de prisão

Na última segunda-feira (20), o procurador-geral do TPI, Karim Khan, solicitou mandados de prisão não só para Benjamin Netanyahu e seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, mas também para o líder do Hamas, Yahya Sinwar, e de seu gabinete político, Ismail Haniyeh. A motivação seriam os crimes de guerra e contra a humanidade na Faixa de Gaza.


Benjamin Netanyahu em discurso durante cerimônia (foto: reprodução/Debbie Hill/Getty Images Embed)


Essa decisão foi a primeira tentativa do procurador-geral de perseguir um chefe de Estado apoiado pelo Ocidente. Essa ação ainda precisa ser revista pelos juízes do Tribunal Penal Internacional, uma vez que eles ainda podem alterar, rejeitar ou aprovar o pedido.

Mesmo não fazendo parte da lista de membros da TPI, os EUA apoiaram processos anteriores, incluindo a emissão de um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, devido à guerra na Ucrânia.

Para os Estados Unidos, a decisão de Karim Khan pode prejudicar as negociações para um acordo entre Israel e Hamas para um cessar-fogo na Faixa de Gaza e também para a liberação de reféns. Além disso, em entrevista, Joe Biden afirmou que não reconhece a jurisdição do TPI e que os EUA não acreditam em uma equivalência entre Israel e o Hamas.

Ataques do Hamas

Nesta quinta-feira (23), o Ministério da Saúde de Gaza revelou que ataques israelenses deixaram mais de 90 mortos nas últimas 24 horas. Controlado pelo Hamas, desde o início dos ataques, o número de mortos já chegou a 35.800 na Faixa de Gaza.

Além disso, o Hamas ainda informou que suas tropas foram para Rafah e já mataram pessoas que presumiram ser milicianos do grupo islamita, enquanto ataques aéreos também foram realizados.