Governo anuncia ajuda de R$ 5 mil por família desabrigada no Rio Grande do Sul

O governo federal deve fornecer um auxílio financeiro de R$ 5 mil para cada família desabrigada pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul nos últimos dias. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve oficializar o anúncio e o número de beneficiários do auxílio ainda esta semana.

A iniciativa, destinada a ajudar na reconstrução das residências e na recuperação das famílias afetadas pelas inundações, está prevista para beneficiar aproximadamente 100 mil famílias, de acordo com estimativas da Presidência da República e da equipe econômica. O foco será dado às famílias que enfrentaram as maiores perdas materiais devido às enchentes. O custo total da operação está calculado em R$ 500 milhões.


Vista aérea mostra casas destruídas por enchentes em Roca Sales, estado do Rio Grande do Sul (Foto: Reprodução/ Gustavo Ghisleni/ Getty Images Embed)


Segundo o Ministério da Fazenda, o valor será pago em uma única parcela e poderá ser utilizado livremente pelas famílias, seja para a compra de materiais de construção, eletrodomésticos, móveis ou outros itens de necessidade.

Anúncio oficial e novas medidas de auxílio

A agenda do presidente Lula para esta terça-feira (14) inclui a cerimônia para apresentar medidas de assistência às vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul. No entanto, fontes do governo não descartam a possibilidade de que o presidente Lula anuncie a informação sobre os beneficiários durante sua visita ao estado na quarta-feira (15).

Além do auxílio financeiro, o governo federal também está avaliando a expansão do Bolsa Família para incluir mais famílias no Rio Grande do Sul, essa informação foi divulgada pela CNN. O programa já beneficia cerca de 620 mil famílias no estado, com um valor médio de R$ 672,74 por mês.

O Ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, anunciou que haverá uma inclusão adicional de famílias gaúchas no Bolsa Família, com pagamentos já a partir de maio, e destacou a importância de agilizar os processos burocráticos.


Vítimas das enchentes se abrigam no Centro Estadual de Treinamento Esportivo (CETE), no bairro Menino Deus, em Porto Alegre (Foto: Reprodução/Nelson ALMEIDA/ Getty Images Embed)


Situação fiscal

Enquanto o governo federal intensifica seus esforços para auxiliar as vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul, a equipe econômica trabalha para equilibrar as medidas de apoio com a situação fiscal do país. O presidente Lula enfatizou a necessidade de “apoio máximo” por parte dos ministros aos municípios e às famílias gaúchas, ao mesmo tempo em que é preciso considerar a responsabilidade fiscal.

O auxílio financeiro de R$ 5 mil e a expansão do Bolsa Família são medidas importantes para ajudar as famílias gaúchas. A expectativa é que essas medidas contribuam para a retomada da vida das famílias afetadas e para o desenvolvimento da região.

Tragédia no RS: 360 Mil estudantes Gaúchos são afetados pelas chuvas

As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul nos últimos dias causaram um impacto significativo na educação do estado. Estima-se que quase 360 mil alunos foram afetados de alguma forma pelas inundações, com 216 mil estudantes sem previsão de retorno às aulas.

Metade das escolas da capital gaúcha teve algum tipo de prejuízo com as cheias, e 28 escolas municipais permanecem submersas. No interior do estado, imagens como a da escola de educação básica e ensino fundamental, em Presidente João Goulart, ilustram a gravidade da situação. A equipe do Jornal Nacional precisou percorrer 1,5 km de barco para chegar até a instituição, onde a água alcança o segundo andar.

Como vai funcionar o retorno das aulas?

Diante do cenário caótico, as autoridades buscam soluções para retomar as atividades letivas o mais rápido possível. O secretário municipal de Educação de Porto Alegre, José Paulo da Rosa, anunciou que o objetivo é reabrir as escolas na próxima semana, onde for possível. Em casos de escolas onde os danos são mais extensos, a realocação dos alunos para outras unidades será necessária.

“A gente já sofreu muito na pandemia por demorar em retomar as aulas. Então, pretendemos retornar na próxima semana naquelas escolas que tiverem condições’’ afirma o secretário da educação.


Moradores em um abrigo temporário após enchentes em Canoas, Rio Grande do Sul, 5 de maio de 2024 (Foto: Reprodução/ Carlos Macedo /Getty Images Embed)

A secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, reconhece os desafios e ressalta a necessidade de adaptar o calendário escolar às diferentes realidades das regiões afetadas. “Na pandemia, alunos e professores não vinham para a escola, mas eu sabia onde eles estavam: em casa. Agora, não sei onde estão. Naquela época, muitos não tinham celular e computador. Hoje, não têm casa”, lamenta a secretária.

Adaptação para as crianças

Para além da segurança física, é fundamental oferecer suporte emocional e oportunidades de aprendizado aos pequenos, que estão lidando com uma situação traumática. Nesse sentido, alguns abrigos estão se adaptando para criar ambientes lúdicos e pedagógicos, buscando amenizar o impacto da tragédia e proporcionar uma rotina mais próxima da que as crianças tinham antes do desastre.


Moradores descansam em um ginásio transformado em abrigo para pessoas cujas casas foram inundadas por fortes chuvas em Canoas (Foto: Reprodução/Mateus Bonomi/ Getty Images Embed)


“Sabemos que as crianças elaboram esses sentimentos e essa situação brincando e relatando aquilo que eles estão sentindo”, afirma Luiza Becker Emmel, coordenadora pedagógica do Marista Rosário.

A manutenção de uma rotina de aprendizado, mesmo que adaptada, contribui para minimizar o sentimento de perda e incerteza e oferece um senso de normalidade em meio ao caos.