Tragédia no Chile: incêndios devastam Valparaíso e Viña del Mar

Uma tragédia de proporções devastadoras assola o Chile neste início de fevereiro de 2024, marcando um dos eventos mais catastróficos enfrentados pelo país desde o terremoto e tsunami de 2010. Focos de incêndios mortais varreram as cidades de Valparaíso e Viña del Mar, deixando um rastro de destruição e desespero em sua esteira.

Relatos angustiantes de uma cena apocalíptica

Relatos angustiantes emergem das áreas afetadas, descrevendo um cenário apocalíptico e de guerra. Cleo Menezes Júnior, um brasileiro residente em Viña del Mar, compartilhou sua experiência em uma entrevista ao podcast “O Assunto”, descrevendo carros abandonados, ruas congestionadas e bombeiros lutando para conter as chamas enquanto os moradores tentavam escapar.


Mulher tenta apagar um incêndio na comuna de Quilpe, em Valparaíso (Foto: reprodução/BBC)

Origem e propagação das chamas

O fogo, que teve origem no Parque Nacional Peñuelas, foi alimentado por rajadas de vento de até 80 km/h, avançando rapidamente em direção às áreas mais densamente povoadas. O clima seco e o intenso calor contribuíram para a propagação rápida das chamas, transformando a tragédia em uma batalha contra um inimigo implacável.

Cleo descreveu a dificuldade de compreender a extensão do desastre devido à geografia montanhosa da região, enquanto explosões de botijões de gás dentro das casas incendiadas ecoavam pela paisagem já devastada.

Resposta governamental e estado de emergência

O número de vítimas continua a aumentar, com mais de 130 mortos e 300 desaparecidos, deixando famílias inteiras em agonia e incerteza. Muitos corpos só serão identificados por meio de testes de DNA, aumentando a angústia e prolongando o processo de luto e recuperação.

À medida que as autoridades lutam para conter os incêndios e fornecer assistência às vítimas, o governo declarou estado de emergência nas áreas afetadas, mobilizando recursos e equipes de resgate para lidar com a crise.

As ruas estão cobertas de cinzas e destroços, enquanto carros carbonizados testemunham a ferocidade das chamas que varreram essas comunidades.

Impacto emocional e solidariedade

A tragédia não apenas deixou um rastro de destruição física, mas também deixou marcas emocionais profundas nas comunidades afetadas. A solidariedade e o apoio mútuo emergem como luzes em meio à escuridão, enquanto os sobreviventes lutam para se recuperar e reconstruir em meio à devastação deixada pelo fogo.

Enquanto isso, a população local enfrenta desafios adicionais, como o congestionamento nas estradas, à medida que tentam escapar das áreas afetadas ou buscar segurança. O caos e a confusão reinam enquanto as pessoas buscam encontrar formas de enfrentar a adversidade e se manterem seguras em meio a uma tragédia que deixará cicatrizes profundas na memória coletiva do Chile.

50 anos do incêndio no Edifício Joelma: tragédia que marcou São Paulo

Numa manhã de sexta-feira, sob uma fina chuva, São Paulo testemunhou, horrorizada, seu mais devastador incêndio em 1º de fevereiro de 1974. Do topo do Edifício Joelma, pessoas lançavam-se no vazio para escapar das chamas, enquanto os bombeiros enfrentavam a batalha contra o fogo por mais de 10 horas.

Mesmo com os esforços heroicos, o incêndio resultou em 187 vidas perdidas, mais de 300 feridos e a persistente lembrança de algumas das cenas mais dramáticas na história da capital paulista.

O Edifício Joelma, situado no cruzamento da Avenida Nove de Julho com a Praça da Bandeira e a Rua Santo Antônio, representa um dos imponentes colossos de concreto que contribuíram para transformar São Paulo numa das metrópoles mais impressionantes do mundo.

Naquele início de 1974, aproximadamente mil colaboradores do Banco Crefisul ocupavam os 25 andares do edifício, que seria tragado pelas chamas de maneira rápida e avassaladora.

Início do Incêndio


O incêndio teve origem no sistema de ar-condicionado de um escritório no 12º andar, propagando-se rapidamente por cortinas e carpetes (Foto: Reprodução/Agência Brasil)

Era por volta das 8h45 quando o Edifício Joelma começou a ser consumido pelo fogo. Ventos fortes contribuíram para a rápida propagação das chamas, transformando um local de trabalho em palco de desespero e tragédia.

O incêndio, originado no 12º andar devido a um curto-circuito no sistema de refrigeração do Banco Crefisul, causou a morte de 181 pessoas e deixou mais de 300 feridos. A falta de segurança do prédio e as condições climáticas adversas agravaram a situação, deixando um legado de dor e tristes lembranças.

Busca por justiça

Adriano Dolph, jornalista e autor de “Fevereiro em Chamas”, dedicou-se a buscar a verdade por trás dos números. Documentos oficiais do IML, do Cemitério do Vila Alpina, processos criminais e registros históricos foram peças fundamentais para reconstruir a história e garantir que as vítimas não fossem esquecidas.

Dolph destaca a batalha travada pelo reconhecimento da responsabilidade do Crefisul no desastre. O banco, que inicialmente resistiu às indenizações, foi obrigado, após cinco anos de disputas judiciais, a reparar parte dos danos causados.

Julgamentos e condenações

No âmbito criminal, cinco indivíduos foram responsabilizados pelo incêndio. Kiril Petrov, engenheiro responsável, foi condenado a três anos de prisão. Eletricistas e o proprietário da empresa Termoclima também enfrentaram a justiça, mas as penas foram reduzidas em apelação.

Medidas tomadas

Após a tragédia, o laudo pericial do Instituto de Polícia Técnica referente ao incêndio foi finalizado em março de 1974, dando início a um renovado debate sobre a revisão do Código de Obras de São Paulo. Em vigor desde 1934, o código nunca havia sido submetido a uma análise que o ajustasse às novas condições urbanas e aprimorasse seu sistema de prevenção e combate a incêndios.