Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade de São Paulo (USP) identificaram, entre fevereiro de 2022 e fevereiro de 2023, uma nova bactéria do gênero Bartonella em mosquitos-palha coletados no Parque Nacional da Amazônia, no Pará. A descoberta ocorreu durante um estudo de monitoramento da biodiversidade microbiana e chamou atenção por sua semelhança genética com agentes causadores da doença de Carrión, encontrada nos Andes.
Embora a bactéria brasileira ainda não tenha ligação direta com doenças conhecidas, cientistas destacam a importância de seguir investigando seu potencial patogênico, especialmente em regiões com acesso limitado à saúde.
Semelhança genética reforça necessidade de vigilância
A nova linhagem de Bartonella identificada na Amazônia revelou proximidade genética com bactérias responsáveis por enfermidades como febre de Oroya e verruga peruana, transmitidas por insetos semelhantes nos Andes. Essa semelhança sugere que espécies de flebotomíneos nativas do Brasil podem, em tese, atuar como vetores em condições específicas. Apesar disso, até o momento, não há evidência de que essa bactéria cause infecções em humanos ou animais.
Publicação da Agência FAPESP (Foto: reprodução/Instagram/@agenciafapesp)
A pesquisa foi conduzida por Marcos Rogério André, da Unesp de Jaboticabal, e Eunice Galati, da USP, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FABESP). O estudo também reforça a importância de investigar doenças negligenciadas, como as bartoneloses, que podem permanecer sem diagnóstico por longos períodos, afetando principalmente populações em áreas isoladas da Amazônia.
Estudos continuam em outros biomas brasileiros
Diante da descoberta, os pesquisadores ampliaram suas coletas para além do Pará. Amostras de flebotomíneos também estão sendo analisadas em regiões da Mata Atlântica e do Acre. A equipe busca identificar novas linhagens e entender melhor os possíveis “reservatórios” que esses insetos utilizam como fonte de alimentação.
O objetivo é mapear as conexões entre vetores, animais hospedeiros e bactérias do gênero Bartonella, aprofundando o conhecimento sobre sua presença no Brasil. Para os cientistas, os resultados são preliminares, mas abrem caminho para que médicos e pesquisadores considerem esse patógeno em casos de febre sem causa aparente.
