Vale tenta novo acordo de reparação de Mariana no valor de R$90 milhões 

As empresas mineradoras Vale, BHP e Samarco apresentaram uma nova proposta de mais de R$90 bilhões para fechar um acordo em relação às reparações ambientais e sociais do rompimento da barragem de Mariana. A tentativa do acordo não foi ainda aceito pelo Ministério Público de Minas Gerais, que acha o valor ofertado baixo para o nível de destruição do desastre.

Proposta das mineradoras

No total, de acordo com a Vale, o valor direcionado para ações de compensação da tragédia somam R$137 bilhões, sendo que R$37 bilhões já foram realmente aplicados em serviços. O novo acordo prevê o pagamento de R$72 bilhões, em um prazo não determinado, aos governos do Espírito Santo, de Minas Gerais, ao governo federal e aos municípios afetados pelo rompimento da barragem.  De acordo com a empresa, o pagamento deve cobrir as despesas de todos os atingidos pelo acidente e visa encerrar as ações judiciais que ainda estão abertas.

Não é a primeira vez que a Vale tenta renegociar o valor da proposta. Em dezembro de 2023, as discussões foram suspensas porque as mineradoras estavam oferecendo R$40 bilhões, sendo que o valor estipulado pelo poder público era de R$120 bilhões.

A secretária estadual de Planejamento e Gestão de Minas Gerais, Luísa Barreto, disse que a nova proposta está sendo analisada, mas garantiu que a avaliação busca priorizar a reparação social do que houve em Mariana. A gente recebeu essa proposta financeira acompanhada de um novo texto, ou seja, uma série de ações em relação à parte ambiental, à parte social. A gente não está olhando só a questão de valores. Não é uma questão do maior acordo, mas sim de se ter o melhor acordo no sentido de garantir a reparação”, afirmou Luísa.

Relembre a tragédia


Bombeiros buscam sobreviventes no meio de lama em Bento Rodrigues (foto: reprodução/Márcio Fernandes/Estadão Conteúdo)

A barragem administrada pela empresa de mineração Vale sofreu um rompimento no dia 5 de novembro de 2015, no município de Mariana, em Minas Gerais. Os rejeitos de mineração destruíram comunidades, fauna local e contaminaram o Rio Doce. A força do rompimento matou 19 pessoas e danificou o meio ambiente local profundamente. No total, 49 cidades sofreram as consequências do acidente.

Comunidades buscam R$ 17,5 bilhões da Vale por desastre de Mariana

Desde o trágico rompimento da barragem em Mariana (MG) em 2015, comunidades locais e empresas afetadas têm lutado por justiça e compensação. Na terça-feira (19), advogados que representam essas vítimas anunciaram uma nova iniciativa, uma ação judicial lançada na Holanda em busca de aproximadamente 3 bilhões de libras esterlinas, equivalente a R$ 17,5 bilhões, em compensações das empresas de mineração Vale e Samarco.

Essa ação visa a representar cerca de mil empresas e mais de 77 mil indivíduos impactados pelo desastre. Ela é liderada pela Stichting Ações do Rio Doce, uma fundação holandesa sem fins lucrativos, em colaboração com a empresa holandesa Lemstra Van der Korst e a britânica Pogust Goodhead, esta última já envolvida em um processo similar no Reino Unido contra a empresa de mineração BHP.


Mariana após ruptura de barragem (Foto: reprodução/Antônio Cruz/Agência Brasil)

Até o momento, a Vale não se pronunciou sobre o processo movido na Holanda. Vale ressaltar que, este ano, um juiz federal brasileiro determinou que a Vale, a BHP e sua joint venture Samarco devem pagar R$ 47,6 bilhões em indenizações pelo desastre. No entanto, é importante notar que essa decisão não abrange as vítimas individuais, conforme afirmou a Pogust Goodhead em janeiro.

Um eco de sofrimento

O rompimento da barragem em Mariana não só resultou em uma terrível perda de vidas, com 19 pessoas falecidas, mas também desencadeou um deslizamento de lama de proporções catastróficas, poluindo o Rio Doce e afetando comunidades ao longo de seu curso até sua foz no Oceano Atlântico. A busca por justiça e reparação continua, enquanto as comunidades afetadas se unem na esperança de obter o ressarcimento tão necessário e merecido.

Relembre o caso

No dia 5 de novembro de 2015, ocorreu uma tragédia quando uma barragem da Samarco se rompeu, despejando 40 bilhões de litros de resíduos de mineração sobre as comunidades de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo, em Mariana, Minas Gerais e Gesteira em Barra Longa, Minas Gerais. A lama contaminada não apenas inundou essas áreas, mas também afetou o Rio Doce, elevando seu nível em 1,5 metro, e continuou seu caminho até o Oceano Atlântico, percorrendo 550 quilômetros e impactando inúmeras cidades em Minas Gerais e no Espírito Santo ao longo do trajeto.