Indie Sleaze: conheça o estético desleixado dos anos 2000 resgatado pelas it girls

Depois do reinado das clean girls com coques lambidos, maquiagens naturais e com roupas neutras, o movimento que tem vindo com tudo é a indie sleaze, um direto inverso que tem sido protagonizado especialmente pela cantora Charli XCX, que ficou muito popular com o lançamento de seu novo álbum “brat”. 

O álbum hit do momento viralizou com identidade visual verde florescente, batidas eletrônicas e muitas colaborações com ícones da música e, apesar de carregar por si só a estética e vibe indie sleaze, não é nada inédito.

Indie sleaze

Em meio ao auge do MySpace com bandas de garagem, DJs de música eletrônica e subculturas da internet estavam e alta, foi quando surgiu o indie sleaze. É uma memória de uma era hedonista, com rebeldia e desprezo pelas normas da moda, que aconteceu principalmente entre os anos de 2006 e 2012.


A modelo Gabbriette é referência do estilo indie sleaze
(Foto: reprodução/Instagram/@gabbriette)

O movimento enclausura a energia das festas descontroladas, shows de rock em lugares pequenos, festas clandestinas e moda desleixada que rejeitava o mainstream, usando-se de roupas vintage e combinando com elementos futuristas, sempre mantendo um toque de desleixo intencional.

Moda e maquiagem indie

Na moda, o estilo abusa de minissaias, peças de cintura extremamente baixas, modelagem justas e peças largas responsáveis pelo ar de “desleixo”, geralmente com rasgos, recortes ou amarrações. E, na maquiagem, o estilo maximalista continua com força e trás uma energia caótica, com um visual assinatura, a maquiagem indie sleaze tem olhos esfumados de cores escuras, lápis preto na linha d’água e muito rímel, quanto mais marcado e borrado melhor.


Charli XCX e Gabbriette apostam no estilo em festa
(Foto: reprodução/Instagram/@charli_xcx)

O estilo recorria muito à ideia de que a pessoa foi a uma festa na noite passada e ainda estava se recuperando enquanto planejava a próxima festa, com fotografias tiradas de câmeras digitais ou analógicas, sempre com um flash bem estourado, as fotos registravam momentos crus e reais, transmitindo um ar de intimidade.

Novo reinado

No atual momento, o ressurgimento da estética vem diretamente na contramão do atual reinado vigente das clean girls, que tomaram conta das redes sociais na pandemia, e valorizavam produções naturais e elegantes, com cabelos perfeitamente alinhados, joias dourados, tudo muito arrumado e delicado. 

Uma vez que a moda é cíclica, e tudo reproduzido em excesso cansa, as garotas do indie sleaze tem se tornado cada vez mais populares com cabelos soltos e volumosos, fotos com flash na vida noturna, com uma beleza diferente.

Verde brat: estética de Charli xcx ganha destaque na moda

Uma nova tendência imprevisível tomou conta da internet recentemente. O impacto do “verde brat” é inegável e se expandiu para além de imagens na web. O tom “ugly-chic” está nas peças de roupa, na maquiagem dos olhos, nas unhas postiças e na boca do povo.

Carimba que é Brat!


Coleção de primavera/verão 1996 da Prada (Vídeo: reprodução/Youtube/FF Channel)

Com uma estética simples, a capa do álbum “Brat”, da cantora Charli xcx, foi revelada em fevereiro desse ano e rendeu muitos comentários, sejam positivos ou negativos. Porém a escolha do fundo verde neon reflete bem o seu título que, em inglês, intitula jovens desobedientes ou apenas “pirralhos”. Quando questionada, a cantora explicou que “queria algo ofensivo, um tom de verde fora de moda para provocar a ideia de que algo estava errado”.


Fãs posam com o vinil “Brat” de Charli xcx (Foto: reprodução/Instagram/@charli_xcx)


O verde canário, wicked, chromakey ou bottega também já foi destaque em outro grande momento da moda em 1996, quando o tom vibrante foi estrela na coleção de verão da Prada. Em meio a uma época de minimalismo, a grife escolheu o verde e o marrom para questionar o mau gosto. Agora, em 2024, a cor vem ganhando repercussão novamente. Marcas e empresas estão entrando na onda e provando para Pantone que talvez o Peach Fuzz não seja a cor do ano.

Party girl

A cantora Charli xcx, de 31 anos, lançou seu álbum pensado nas pistas de dança, inaugurando sua era com Von Dutch e 360, que refletem perfeitamente a cultura “clubber”. Com a jogada de marketing perfeita, as duas faixas ganharam vídeos super bem produzidos, contando até com a participação de figuras populares da internet, algumas intituladas “it girls”. Além disso, a música “Girl, so confusing” contou com uma nova versão, com a participação da cantora Lorde, parceria que era esperada há muitos anos pelos fãs das cantoras.

Tratando de tópicos como drogas, inseguranças e rivalidade feminina, as faixas do álbum refletem bem os anseios de toda uma geração. Tudo isso ao som de fortes batidas eletrônicas retiradas das raves de Londres.