Ex-vereadora de SP volta atrás e doa itens retirados de gabinete

A ex-vereadora de São Paulo, Janaína Lima (PP), protagonizou um episódio inusitado que gerou repercussão na Câmara Municipal e nas redes sociais. Após retirar um vaso sanitário e duas pias de seu antigo gabinete, a política enfrentou críticas que a levaram a reconsiderar sua decisão. Janaína anunciou que doará os itens à Câmara, para ser definido o destino mais adequado.

Segundo a ex-vereadora, os equipamentos foram comprados e instalados durante o seu mandato com recursos próprios. Por orientação jurídica, decidiu retirá-los ao deixar o gabinete no final de 2023. No entanto, a retirada virou motivo de piadas entre parlamentares, incluindo Adrilles Jorge (União Brasil), ex-BBB e novo ocupante do espaço.

Justificativas e recuo

Em um vídeo publicado nas redes sociais, Janaína justificou a retirada, alegando que respeitou a legislação interna da Câmara. Ela afirmou que a infraestrutura do banheiro, incluindo a privada e as pias, foi resultado de um “investimento pessoal” em melhorias no espaço. Ainda assim, decidiu doar os itens para evitar mais controvérsias.


Janaína Lima em foto de campanha (Foto: reprodução/Site Oficial de campanha)

“Entreguei o gabinete respeitando toda a legislação estabelecida pela Câmara Municipal de São Paulo, legislação interna. Entregando com todos os equipamentos públicos que recebi. Por orientação do jurídico, equipamentos instalados com recursos próprios foram retirados. No entanto, por uma decisão pessoal, esses equipamentos estão sendo doados, agora, para a Câmara Municipal decidir o seu melhor destino”, declarou a ex-vereadora.

Passado marcado por polêmicas

A carreira política de Janaína Lima já havia sido marcada por controvérsias. Expulsa do partido Novo após um desentendimento com uma colega de bancada em 2021, ela não conseguiu se reeleger em 2024. Durante sua gestão, economizou cerca de R$ 9 milhões em verbas públicas, mas sua saída da Câmara agora é lembrada pelo episódio da retirada do banheiro.

O caso ilustra como gestos simbólicos podem repercutir amplamente na política, revisitando debates sobre ética, gestão de recursos e o impacto de ações individuais no serviço público.

Ronnie Lessa afirma que a motivação para executar a vereadora Marielle Franco foi financeira

Ronnie Lessa, réu pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes em 2018, declarou em depoimento que teria recebido a promessa de R$ 25 milhões para realizar o crime. A alegação representa uma reviravolta importante no caso, pois levanta a hipótese de que Lessa poderia ter atuado sob encomenda, uma motivação financeira que sugere o possível envolvimento de mandantes.

“Fiquei cego; minha parte eram R$ 25 milhões. Podia falar assim: era o papa, que eu ia matar o papa, porque fiquei cego e reconheço. Vou cumprir o meu papel até o final, e tenho certeza absoluta de que a Justiça será feita”, lembra o ex-policial.

O ex-policial afirma que optou por confessar o crime e realizar a delação premiada, indicando os outros envolvidos, por não ter a capacidade de voltar no tempo e que, gostaria de diminuir a angústia de todos, assumindo sua parte e apontando os envolvidos no crime.


Protesto contra a morte de Marielle em São Paulo (Foto: reprodução/
NurPhoto/ Getty Images Embed)


O assassinato de Marielle Franco

O crime aconteceu no dia 14 de março de 2018 e a principal motivação apontada seria política. De acordo com o depoimento de Ronnie Lessa, o assassinato de Marielle teria sido motivado pelo temor de que ela se tornasse obstáculo em dois loteamentos de terrenos realizados pela milícia no bairro do Tanque, no Rio de Janeiro. Segundo ele, os mandantes do crime afirmaram que a vereadora teria se reunido com lideranças comunitárias e feito o pedido de que elas não aceitassem o loteamento feito pelas milícias.

No Rio de Janeiro, milícias controlam atividades ilegais em várias regiões, e Marielle denunciava essas práticas, o que pode ter gerado um desejo de retaliação. Essa teoria é fortalecida pela ligação de Lessa com a polícia e sua possível proximidade com esses grupos.

A trajetória política de Marielle Franco

Nascida em 27 de julho de 1979, mulher negra, cresceu no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio de Janeiro. Antes de entrar na política, Marielle trabalhou como pesquisadora em direitos humanos e atuou em organizações que defendiam os direitos das minorias. Se destacou por sua crítica aberta à violência policial nas favelas do Rio de Janeiro, denunciando abusos e excessos cometidos por agentes de segurança. Iniciou sua vida acadêmica no curso de Ciências Sociais, com bolsa integral, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), posteriormente, realizou mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com a dissertação “UPP: a redução da favela a três letras”.

Como uma mulher negra, Marielle representava uma perspectiva muitas vezes ausente nas esferas políticas tradicionais. Sua eleição como vereadora no Rio de Janeiro simbolizou a conquista de espaços políticos por pessoas historicamente marginalizadas e a importância da diversidade na política.