Anac suspende voos do Voepass por falhas na segurança

Nesta terça-feira (11), a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determinou a suspensão das operações da Voepass por questões de segurança. A decisão foi tomada após a companhia não conseguir resolver irregularidades identificadas desde um acidente ocorrido em suas aeronaves em Vinhedo–SP, no ano passado.

Segundo a Anac, a empresa não cumpriu critérios como a redução da malha aérea e o aumento do tempo das aeronaves no solo para manutenção. Essas medidas são consideradas essenciais para garantir a segurança operacional e evitar novos incidentes.

A suspensão tem caráter provisório e será mantida até que o Voepass comprove sua capacidade de operar dentro dos padrões de segurança exigidos.


Avião da Voepass que caiu em Vinhedo–SP (Foto: reprodução/MIGUEL SCHINCARIOL/Getty Images Embed)


Empresa busca reverter a decisão

A Voepass afirmou, em nota, que está apta a operar com segurança e que irá demonstrar isso à Anac. A companhia destacou que já trabalha para atender às exigências e espera retomar seus voos o mais breve possível.

No entanto, até que as adequações sejam validadas pelo órgão regulador, a empresa permanecerá impedida de realizar operações comerciais. A Anac reforçou que a prioridade é a segurança dos passageiros e tripulantes, e que a suspensão só será revogada após a comprovação de melhorias na segurança operacional.

Passageiros devem buscar alternativas

A suspensão dos voos aéreos de passageiros que já compraram bilhetes com o Voepass. A Anac orienta que os clientes entrem em contato com a companhia aérea ou com a agência de viagens responsável pela venda da passagem para solicitar reembolso ou reacomodação em voos de outras empresas.

Caso encontrem dificuldades, os passageiros podem registrar reclamações na plataforma Consumidor.gov.br. Enquanto isso, a Anac seguirá monitorando a situação para garantir que todas as exigências de segurança sejam cumpridas antes da retomada das operações.

Passageiros que voaram no avião um dia antes à queda relatam problemas na aeronave

No dia anterior ao acidente do avião em Vinhedo, a mesma aeronave voou até Rio Verde, em Goiás, e alguns dos passageiros relataram problemas no voo para a TV Anhanguera.

Ângela Espíndola, empreendedora que voou de Goiás à São Paulo, relatou ter estranhado o quão quente o avião estava, visto que normalmente os voos estão preparados para recebimento dos passageiros e trajeto, o que não ocorreu neste. O calor do avião foi diminuir apenas ao final da viagem, próximo de Guarulhos.

A prefeitura de Rio Verde relatou que após voar de São Paulo para Goiás, o aeroplano retornou. O fatídico voo ocorreu no dia seguinte, realizando outra rota.


Avião da Voepass cai em interior de São Paulo (Reprodução/Miguel Schincariol/Getty Images Embed)


Problemas no voo

Fora o problema com o ar-condicionado, demais passageiros relataram que houve um problema com o peso das bagagens, por ultrapassarem o peso permitido, mesmo depois da pesagem. Este problema fez com que o voo atrasasse, dado a necessidade de repesar todas as bagagens.

Ainda sobre o calor no voo, Cleiton Feitosa, servidor público, contou que a temperatura era insuportável, e o suor era anormal, como se tivesse tomado um “banho de suor”.

Daniela Arbex, jornalista e escritora, narrou que diversas pessoas passaram mal devido o calor na aeronave. A jornalista viajou na aeronave de Ribeirão Preto até Guarulhos, e após, de São Paulo à Goianá. Arbex filmou um defensor público tirando a camiseta devido o calor, situação pela qual este já havia passado duas vezes nesta companhia.

Segundo o defensor, em outra viagem neste voo, a aeromoça informou que não seria possível ficar sem camiseta, e trouxe água quando este reclamou do calor.

A prefeitura de Rio Verde indicou que o voo de quinta-feira (8), em que Ângela e Cleiton estavam, pousou por volta de 11h30, e planou com destino a Guarulhos próximo do meio-dia.

Notas quanto aos voos

Em nota, a Voepass Linhas Aéreas, a companhia aérea dona da aeronave, afirmou que o avião não estava com quaisquer retenções operacionais, e todos os sistemas estavam aptos e corretos para o voo.

O que foi confirmado pela nota da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que afirmou que o avião ATR-72, vinculado ao acidente de Vinhedo, estava em plenas condições de funcionamento.

Este mesmo avião caiu em um condomínio em Vinhedo, no bairro Capela, no interior de São Paulo, e todos os 62 passageiros faleceram. A investigação do acidente, tal qual o atendimento às vítimas, estão sendo averiguados pelo Anac e pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).