Starlink recua e bloqueia o X no Brasil após pressão judicial

A Starlink, provedor de internet via satélite de Elon Musk, decidiu cumprir a ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) de bloquear o X no Brasil, voltando atrás nesta segunda-feira (3) em sua postura inicial. A mudança ocorre em meio a um impasse judicial que envolve o bloqueio de suas contas no país e pressões da Anatel.


Starlink, provedor de internet via satélite, muda de postura e segue ordem do STF (Foto: reprodução/Pinterest/@uncrate)

A Starlink, empresa de internet via satélite de Elon Musk, anunciou nesta terça-feira (3) que irá seguir a determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) e suspender o acesso ao X, antigo Twitter, no Brasil. A decisão marca uma reviravolta em relação à postura inicial da companhia, que havia resistido ao cumprimento da ordem judicial. O bloqueio foi exigido pelo ministro Alexandre de Moraes, após o X, também controlado por Musk, não indicar um representante no país.

Mudança de postura  

No último domingo (1), a Starlink havia comunicado que só bloquearia o X se suas contas fossem desbloqueadas pela Justiça brasileira. Entretanto, o prazo para recorrer dessa decisão terminou na segunda-feira (2), sem manifestação formal por parte da empresa. 

Após alguns dias de tensão, a Starlink anunciou que está acatando a decisão do STF, mesmo que considere o tratamento ilegal. Em comunicado divulgado na própria rede X, a empresa afirmou que iniciou um processo legal na Suprema Corte dos Estados Unidos, onde está sediada, para questionar a legalidade da ordem brasileira. No entanto, a companhia também assegurou que está buscando soluções no Brasil e outros especialistas concordam que as ordens recentes violam a Constituição.

Entenda o bloqueio  


Starlink recua e bloqueia o acesso ao X no Brasil (Foto: reprodução/Instagram/@starlink)

A decisão de suspender o X no Brasil está relacionada a uma série de descumprimentos de ordens judiciais pela rede social. Desde o fechamento de seu escritório no Brasil e a saída de seu representante no país, o X vinha se recusando a restringir perfis acusados de atentarem contra instituições democráticas. Isso resultou em multas que somam R$ 18,3 milhões.

Sem um responsável local, a Justiça brasileira tomou medidas mais severas. Moraes determinou, no último dia 30, que as operadoras de telecomunicação suspendessem o acesso ao X até que a empresa se adequasse às exigências legais.

Implicações para a Starlink

A Starlink não escapou do foco judicial. Além da relação com o X, a empresa viu suas contas bloqueadas em R$ 2 milhões, em uma tentativa de forçar o cumprimento das ordens judiciais. O ministro Moraes argumentou que as duas empresas fazem parte de um “grupo econômico de fato” controlado por Elon Musk, e a Starlink passou a ser alvo das sanções aplicadas ao X.

A Anatel, advertiu que a recusa em cumprir a ordem poderia resultar na perda da autorização da Starlink para operar no Brasil, onde a companhia já conquistou cerca de 200 mil clientes, especialmente na região Norte.

Javier Milei apoia declarações polêmicas sobre o bloqueio do X no Brasil

Em um movimento que intensifica as tensões políticas entre Brasil e Argentina, o presidente argentino Javier Milei repostou, nesta segunda-feira (2), mensagens no X criticando o bloqueio da plataforma no Brasil e chamando o presidente Lula de “ditador”. As postagens, que reacendem o debate sobre liberdade de expressão, apontam para um cenário de crescente polarização na América Latina.


Javier Milei, durante discurso (Reprodução/Instagram/@javiermilei)

Javier Milei, presidente da Argentina, reacendeu o debate sobre liberdade de expressão ao repostar mensagens no X criticando o bloqueio da plataforma no Brasil. As mensagens, que também chamam o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva de “ditador”, geraram uma onda de discussões nas redes sociais e na mídia. Em uma das postagens, Milei compartilhou um trecho da entrevista de Lula à rádio MaisPB, na qual o líder brasileiro defende a decisão da Suprema Corte do Brasil. Lula afirmou que qualquer cidadão ou empresa com investimentos no Brasil deve respeitar a Constituição e as leis brasileiras.

Apoio a Elon Musk e críticas a Lula

Não é a primeira vez que Milei se posiciona ao lado de Elon Musk nessa questão. Anteriormente, ele já havia demonstrado apoio ao bilionário norte-americano, destacando a importância da liberdade de expressão nas plataformas digitais. Milei enfatizou que a possibilidade de ofender e ser ofendido é um risco necessário para garantir essa liberdade. Ele ainda criticou o que chamou de “socialismo progressista”, acusando-o de não saber diferenciar entre ofensa, mentira e calúnia.

Comparações com Maduro e repercussões internacionais


Milei critica decisão de Lula (Reprodução/Instagram/@javiermilei)

As declarações de Javier Milei comparando o presidente Lula ao líder venezuelano Nicolás Maduro intensificaram as tensões diplomáticas entre Brasil e Argentina. Ao sugerir que a Justiça brasileira “enlouqueceu” e afirmar que Lula está “cada vez mais parecido com seu amigo Maduro”, Milei cria um paralelo com o regime autoritário venezuelano, conhecido por reprimir a liberdade de expressão e oponentes políticos.

Essas declarações têm o potencial para uma repercussão internacional, a questão da liberdade de expressão no Brasil em um contexto maior de polarização política na região. As palavras de Milei, para muitos analistas, argumentam que essas comparações são exageradas e servem apenas para inflamar os ânimos e criar mais polarização.

Anatel fiscaliza Starlink sobre ordem de interromper o X no Brasil

Carlos Baigorri, presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), afirmou nesta segunda-feira (2), que o órgão está monitorando se a empresa de Elon Musk, a Starlink, está descumprindo a ordem de derrubada do X. O antigo Twitter está proibido de ser operado no Brasil, de acordo com a decisão de Alexandre de Moraes desde o último dia 30.

Entenda o caso

No último domingo (1), a Starlink informou ao presidente da Anatel que não iria cumprir com o mandato de encerramento das atividades do X no Brasil. A empresa argumentou que não vai seguir as ordens do ministro até que as contas da Starlink, que também foram bloqueadas, para garantia de pagamento de multas, sejam desbloqueadas pela justiça brasileira.

Segundo Carlos Baigorri, caso a Starlink não esteja cumprindo com as determinações judiciais, o órgão precisará reportar a desobediência ao Supremo Tribunal Federal, mais especificamente a Alexandre de Moraes, que é o relator do caso. A Anatel usará seus técnicos para tentar acessar a rede da empresa nas maiores localidades em que opera. Caso a tentativa seja confirmada, isso pode ser usado para provar o descumprimento por parte da Starlink, disse o presidente do órgão.

A Anatel vai abrir o procedimento administrativo, no qual será assegurado à Starlink o direito à ampla defesa”, disse Carlos Baigorri em depoimento à Globonews, quando disse ainda que o processo pode levar a perda da outorga da Starlink no Brasil.

Suspensão do X

O antigo Twitter está com operações suspensas desde a última sexta-feira (30), por decisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes. A decisão de Moraes em suspender a plataforma é baseada na falta de cumprimento de algumas leis que a empresa responsável não cumpriu. Para operar no Brasil, uma empresa estrangeira precisa ter uma sede no país, um representante legal. Com a falta de uma representação legal, por parte da plataforma, no Brasil, Alexandre de Moraes determinou o bloqueio das contas da Starlink Holding, empresa que pertence a Elon Musk, que comprou o X.


Elon Musk comprou o antigo Twitter em outubro de 2022 (Reprodução/Instagram/@_elon__musk_official)

O ministro então estabeleceu prazos para a empresa indicar um representante legal e pagasse as multas que sofrera, com o descumprimento do prazo e das leis, a plataforma teve seu serviço suspendido. A decisão seguiu hoje (2) em votação no plenário da primeira turma do STF. Com os votos dos ministros Flávio Dino e Cristiano Zanin em apoio a Moraes, foi formado maioria, antes mesmo dos votos de Carmem Lucia e Fux.