Prêmio Grande Otelo de Cinema homenageia Silvio Santos

O evento, realizado na noite desta quarta-feira (28) no Rio de Janeiro e transmitido pelo Canal Brasil, prestou uma emocionante homenagem a Silvio Santos, falecido no último dia 17. O apresentador foi lembrado ao lado de outros grandes nomes da cultura brasileira que nos deixaram no último ano.

Todas as homenagens ocorreram durante o tradicional segmento ‘In Memoriam’, presente em diversas premiações. Nele, são relembrados todos os pilares da indústria cultural, desde aqueles que brilham diante das câmeras até os que contribuem nos bastidores.

Vídeo do momento In Memoriam

O vídeo apresentou uma emocionante homenagem a diversos artistas que nos deixaram entre 2023 e 2024, abrangendo desde carnavalescas até apresentadores de TV.


O momento In Memoriam aconteceu até o minuto 1:47:16 (Reprodução/Youtube/@academiabrasileiradecinema4656)

Além de Silvio Santos, o tributo também homenageou o cartunista Ziraldo, criador do ‘Menino Maluquinho’ e responsável pelo design do troféu Grande Otelo. Entre os nomes lembrados estavam ainda a carnavalesca Rosa Magalhães, as atrizes Jandira Martini e Lolita Rodrigues, e o ator Thommy Schiavo, conhecido por sua participação em ‘Pantanal’.

Sobre a premiação

O Grande Otelo é o troféu concedido aos vencedores do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, uma das mais importantes premiações do cinema nacional. Criada em 2002 pela Academia Brasileira de Cinema, a premiação celebra anualmente as melhores produções e os principais talentos da indústria cinematográfica do Brasil.

O nome do troféu homenageia o icônico ator e comediante Grande Otelo,  pseudônimo de Sebastião Bernardes de Souza Prata, foi um ator, comediante, cantor, produtor e compositor brasileiro, uma das figuras mais marcantes da cultura brasileira. As categorias do prêmio contemplam diversas áreas, como melhor filme, direção, atuação, roteiro, trilha sonora, fotografia, e outras áreas técnicas. O evento também presta homenagens a personalidades que contribuíram de maneira significativa para o cinema nacional, destacando a importância da produção cinematográfica brasileira no cenário cultural.

Até o ano passado, o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro contava com 28 categorias. Contudo, a edição deste ano trouxe duas novas adições: melhor ator em série e melhor atriz em série.

“O Menino Marrom”: Tribunal de Justiça derruba suspensão do livro em escolas de Minas Gerais

O cancelamento da suspensão do Livro O Menino Marrom pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), na última quinta-feira (27),  permitiu o retorno do livro e de trabalhos pedagógicos em torno da obra literária nas escolas de Minas Gerais. Isso porque, o material havia sido suspenso pela Secretaria Municipal de Educação de Conselheiro Lafaiete, sob alegação de que, pais de alunos consideraram o conteúdo da obra “agressivo”.

Essa decisão ainda cabe recurso, por ser liminar, porém, o Juiz Espagner Wallysen Vaz Leite determinou a suspensão temporária dos trabalhos pedagógicos. Caso a medida seja descumprida, haverá multa diária à secretaria da Cidade de Conselheiro Lafaiete, de até R$ 5 mil.

Suspensão nas escolas de Conselheiro Lafaiete

As escolas da cidade localizada na Região Central de Minas Gerais suspenderam a obra, em função da pressão de pais de alunos, dos quais a avaliaram como indutora de crianças “a fazer maldade”.


Segundo a SEMED de Conselheiro Lafaiete, ela promoverá uma live com a comunidade escolar para tratar de aspectos da obra (Foto: reprodução/SEMED de Conselheiro Lafaiete)

“A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e deste Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais é firme no sentido da proibição da censura prévia.” Como resposta para o caso, em trecho da decisão do Juiz Vaz Leite.

Ziraldo e o Livro O Menino Marrom, de 1986

O mineiro Ziraldo morreu neste ano, em abril, aos 91 anos. Conhecido pela invenção do “Menino Maluquinho”, foi escritor, desenhista, chargista, caricaturista e jornalista.


Ziraldo, autor de quadrinhos, livros e charges para o público infantil, apresentaram em seu conteúdo literário, aventuras e conflitos, desse universo (Fotos: reprodução/Guillermo Legaria/Getty Imagem Embed)


No âmbito do jornalismo, desenvolveu um papel singular frente à imprensa de resistência que, encontrava-se em censura lenta, gradativa e segura pelos generais Geisel e Golbery. Essa pressão da contracultura e da oposição ao regime militar, de forma irreverente, o tornou um dos fundadores do importante jornal do Rio de Janeiro, o semanário “O Pasquim”.

O livro de 1986, retrata a história de dois grandes amigos, um negro e outro branco, em busca de conhecerem juntos a origem das cores. Para eles, interessava o branco e o preto, de forma a entender se ambas tornavam as coisas diferentes. 

Veja alguns trechos:

“Eles tinham estado juntos, praticamente, desde o dia em que nasceram, brincando, conversando, inventando coisas, brigando, rolando na grama, dando socos um na cara do outro, fazendo as pazes, brigando de novo, passeando na praça, jogando na escola, sempre juntos, sempre às gargalhadas, sempre inventando moda. E nunca tinham se preocupado com o fato de um ser de uma cor e o outro ser de outra. Agora, eles queriam saber o que era branco e o que era preto e se isto fazia os dois diferentes.”

Em outro momento, os amigos resolveram fazer um “pacto de sangue” do qual a princípio seria necessário uma faca para fazer o corte, mas, desistiram para usar uma tinta vermelha, como não a acharam, a substituíram pela azul. No fim, o amigo marrom escreveu uma carta ao amigo que, já estava em outra cidade.

“Meu querido amigo, eu andava muito triste ultimamente, pois estava sentindo muito a sua falta. Agora estou mais contente porque acabo de descobrir uma coisa importante: preto é, apenas, a ausência do branco.”

Diversos outros trechos da trama, relataram as brincadeiras da infância dos amigos, todavia, os pais as interpretam como indutoras de maldade.

“O Menino Marrom”: livro de Ziraldo é retirado de escolas em MG após críticas

Nesta quarta-feira (19), a Secretária Municipal de Educação da cidade de Conselheiro Lafaiete em Minas Gerais anunciou que o livro “O Menino Marrom” de Ziraldo irá ser suspenso das escolas do município. A decisão foi tomada após diversos pais de alunos declararem que a obra era inadequada e agressiva para ser trabalhada com as crianças.

Pontos considerados polêmicos

O livro “O Menino Marrom” foi publicado em 1986 e conta a história de dois amigos, um negro e outro branco, chamados na obra respectivamente de menino marrom e cor-de-rosa. Juntos, os dois amigos tentam entender o significado das cores enquanto aprendem sobre amizade, respeito e diversidade. 

Os pais dos alunos questionaram e criticaram especificamente dois trechos do livro vistos como agressivos. O primeiro se trata de um pacto de sangue que acontece entre os dois meninos para selar sua amizade, um deles pega uma faca na cozinha para poderem furar seus pulsos e realizar o juramento misturando seus sangues. 

Mas os meninos logo desistem da ideia e preferem utilizar a tinta de uma caneta azul, assim eles carimbam um papel, selando sua amizade. Para os pais, isso pode influenciar os filhos a se cortarem ou fazerem outra atividade perigosa, mesmo que o enredo tenha terminado sem nenhum ferimento. 


Capa do livro “O Menino Marrom” (Foto: reprodução/Amazon/Editora Melhoramentos)

O segundo ponto criticado é de uma conversa que ocorre entre os dois protagonistas, em que o menino marrom fala para o cor-de-rosa que deseja que uma senhora seja atropelada. No contexto da obra, o menino ofereceu ajuda à velhinha e ela se recusa a aceitar o auxílio, ele então revela a vontade para o amigo, mas a ação não chega a acontecer por se tratar de um pensamento. 

Após isso, o narrador da história faz o seguinte questionamento para o leitor: “Como pode durar esse jogo de deus e de diabo em peito de menino?”, questionando a ação do protagonista. Esse trecho foi criticado, pois segundo os pais ele pode influenciar os leitores a praticarem a violência com qualquer pessoa, até mesmo idosos. 

Resposta da prefeitura

A prefeitura de Conselheiro Lafaiete soltou uma nota também na quarta-feira (19) criticando a decisão. Eles afirmam que a obra infantil é uma das primeiras a tratar de assuntos como preconceito, amizade e diversidade racial de forma sensível e de fácil entendimento. 


Nota da prefeitura da cidade (Foto: reprodução/Instagram/@prefeituralafaiete)


Eles seguem a nota alegando que o livro é um recurso valioso na educação e que ajuda no desenvolvimento de atitudes positivas e inclusivas na nova geração. A prefeitura lamenta a situação e encerra o comunicado afirmando que respeita a opinião dos pais e que a Secretaria trabalhará para fazer a melhor análise da situação. 

Nas redes sociais, o anúncio foi bem criticado por diversos moradores da cidade que afirmam que suspender uma obra literária de grande importância é um retrocesso na educação. 

Obras clássicas de Ziraldo que se tornaram produções de cinema e televisão

Nesta tarde de sábado (06), o desenhista, escritor, pintor e jornalista Ziraldo Alves Pinto, conhecido popularmente apenas como Ziraldo, faleceu aos 91 anos de idade. Com isso, algumas de suas obras mais famosas, que foram inclusive adaptadas para as telinhas e telonas, são relembradas em gesto de homenagem e reconhecimento por sua influência no meio artístico.

Marcou gerações

Ziraldo foi responsável por criar diversas produções no meio da literatura infantil, sendo muitas dessas capazes de flutuar entre as épocas tornando-se clássicos e sendo reconhecidas por diversos públicos e de idades variadas. No meio de diversas obras como livros e quadrinhos, algumas das mais famosas são: “O Menino Maluquinho”, “Uma Professora Muito Maluquinha” e “O Menino Marrom”.

Com suas histórias, Ziraldo é tido como alguém que de fato mudou a vida de muitas pessoas através de seu trabalho, fazendo com que tivesse alguns de seus trabalhos adaptados para o mundo das produções audiovisuais. Foi o caso por exemplo de “O Menino Maluquinho”, lançado em 1980 e responsável por vender mais de quatro milhões de exemplares, tornando-se assim uma das maiores produções da literatura infantil.


Inflado gigante do personagem Menino Maluquinho (foto: reprodução/Getty Images Embed)


A história do garoto que possui uma imaginação aflorada e com isso cria diversas aventuras em seu cotidiano ao utilizar uma panela na cabeça, uma capa e uma espada de madeira, marcou a vida de diversas pessoas. Com isso, ganhou adaptações para a televisão, cinema e ainda peças de teatro. Seu primeiro filme foi lançado em 1995 tendo Samuel Costa como protagonista, sendo que por conta de seu sucesso, ganhou também uma continuação em 1997, além de possuir ainda uma outra adaptação que transformou a obra de Ziraldo numa série de televisão, em 2005.

Outra história criada por Ziraldo que também ganhou vida nas telas foi “Uma Professora Muito Maluquinha”, que falava sobre os métodos de ensino um tanto quanto diferenciados por parte de uma educadora. A história foi publicada em 1995 e no ano seguinte já foi adaptada para um filme, estrelado por Letícia Sabatella. Já em 2010, a responsável por dar vida à protagonista numa nova versão do filme foi Paolla Oliveira.


Exibição sobre Ziraldo no Centro Cultural Banco do Brasil (foto: reprodução/Getty Images Embed)


Falecimento de Ziraldo

Ziraldo faleceu neste sábado de forma tranquila enquanto descansava em sua casa, localizada no bairro da Lagoa, Rio de Janeiro. Sua filha Daniela Thomas de 64 anos, confirmou ao Splash, do UOL, que a razão da morte de seu pai foi falência múltipla dos órgãos. Além de cartunista, desenhista, escritor, pintor e jornalista, Ziraldo também atuou como profissional nas áreas da poesia, cronismo, humorismo, dramaturgia, como apresentador, cartazista e caricaturista.

Criador de ‘O Menino Maluquinho’, Ziraldo morre aos 91 anos

Nesta tarde de sábado (6), o cartunista Ziraldo faleceu aos 91 anos enquanto dormia em sua casa no bairro da Lagoa, Zona Sul do Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pela família do chargista, que criou personagens como “O Menino Maluquinho” e “Turma do Pererê”. Ziraldo deixa a mulher, Marcia Martins da Silva, e três filhos, Fabrizia, Daniela e Antonio, frutos do casamento com Vilma Gontijo.


Ziraldo, cartunista, caricaturista e fundador de O Pasquim (foto: reprodução/Fernando Frazão/Agência Brasil/Globo)

Carreira

Ziraldo Alves Pinto nasceu no dia 24 de outubro de 1932 em Caratinga, Minas Gerais. Sua carreira iniciou-se quando seu primeiro desenho foi publicado quando tinha apenas 6 anos no jornal A Folha de Minas, em 1939. Já em 1954, começou a fazer uma página de humor no mesmo jornal que havia estreado.

Em 1957, se formou em Direito pela Faculdade de Direito de Minas, porém não exerceu a profissão, ao mesmo tempo em que entrou para as revistas A Cigarra e O Cruzeiro. 10 anos depois, Ziraldo começou a trabalhar no Jornal do Brasil, publicando cartuns e charges de cunho político. Nesta época, destacaram-se os personagens Mineirinho, Supermãe e Jeremias, o Bom.


Ziraldo em jornalismo (foto: reprodução/Veja/Adhemar Veneziano/Dedoc)

Ainda naquela década, pode realizar um sonho que tinha desde criança, em que finalmente se tornou autor de histórias em quadrinhos e conseguiu publicar sobre a Turma do Pererê na primeira revista nacional, que abordava o gênero quadrinhos feita por um único autor. Os personagens que compunham essas histórias eram do mundo folclórico brasileiro, como um pequeno indígena e animais como onça, tatu e jabuti.


Ziraldo para a Turma do Pererê (foto: reprodução/Veja/Chico Nelson/Dedoc)

Em 1964, com o início do Regime Militar, a revista parou de ser publicada. A partir da proibição, cinco anos depois, Ziraldo, alguns jornalistas e os cartunistas Jaguar, Henfil e Millôr Fernandes fundaram um periódico bastante crítico à ditadura militar, O Pasquim, em resposta ao Ato Institucional número 5.


Ziraldo em O Pasquim (foto: reprodução/Paulo Garcez/Acervo Globo)

Em 1969, Ziraldo publicou seu primeiro livro infantil, FLICTS, que venceu o prêmio Hans Christian Andersen do mesmo ano. O livro contava a história de uma cor que não se encaixava em nenhum lugar.

Sucessos

O maior sucesso e fenômeno do mercado editorial infantil nacional foi O Menino Maluquinho, publicado em 1980. A história tem como personagem principal um garoto que sempre estava vestido com uma camisa amarela e fazendo uma panela de chapéu. O enredo possui mais de 10 títulos, incluindo outra história também conhecida, Uma Professora Muito Maluquinha.


Ziraldo na Bienal do Livro de São Paulo (foto: reprodução/Mauricio Santana/Getty Images Embed)


O Menino Maluquinho ganhou vida também fora dos quadrinhos e foi até adaptado duas vezes para o cinema, em 1995, dirigido por Hervécio Ratton, e em 1998, por Fernando Meirelles e Fabrizia Pinto, filha do cartunista. Além disso, a história também conquistou uma série exibida na TVE Brasil, produzida por Cao Hamburguer e Anna Muylaert.


O Menino Maluquinho – O Filme (foto: reprodução/Biblioteca Pública do Paraná)

Outros títulos também fizeram sucesso, como O Bichinho da Maçã, A Fábula de Três Cores, Meninas das Estrelas e Jeremias, o Bom. Sua última produção foi uma colaboração com Maurício de Souza em Mônica e Menino Maluquinho na Montanha Mágica, lançada em agosto de 2023 na última Bienal do Livro de São Paulo.