Estudantes que zombaram de paciente podem responder por três crimes

A Polícia Civil de São Paulo investiga duas estudantes de medicina que aparecem em vídeo zombando da jovem Vitória Chaves da Silva, de 26 anos, submetida a três transplantes de coração e um de rim. O vídeo, que viralizou nas redes sociais, foi gravado dias antes da morte da paciente, em fevereiro de 2025.

O caso

As estudantes envolvidas são Gabrielli Farias de Souza, aluna da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, e Thaís Caldeira Soares Foffano, da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (Faseh), em Minas Gerais. O caso está em apuração no 14º Distrito Policial de Pinheiros, inicialmente como injúria, segundo informou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo.

No entanto, segundo o advogado Henrique Cataldi, pós-graduado em Direito e Processo Penal pela Faculdade Damásio, declarou à CNN, as estudantes também podem responder por difamação e violência psicológica. Cataldi afirma ainda que a conduta de Gabrielli e Thaís pode acarretar consequências também na esfera civil, incluindo possível indenização por danos morais à família da vítima.

As penas previstas para os crimes são:

  • Injúria (Art. 140 do Código Penal): detenção de 1 a 6 meses e multa;
  • Difamação: detenção de 3 meses a 1 ano e multa;
  • Violência psicológica contra a mulher: reclusão de 6 meses a 2 anos e multa.

Estudantes zombam de paciente (Video: reprodução/YouTube/Poder360)

Histórico da paciente

A paciente Vitória estava internada no Instituto do Coração (Incor), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, quando, por complicações de choque séptico e insuficiência renal crônica, veio a óbito.

Diagnosticada com Anomalia de Ebstein, condição cardiopata congênita rara, Vitória passou por três transplantes de coração. O primeiro transplante foi em 2005, o segundo em 2016, devido a uma doença nas veias coronárias, e o terceiro em 2024. Durante o tratamento, devido ao uso de medicamentos, precisou também de um transplante de rim.

A repercussão do caso dividiu opiniões nas redes sociais e gerou um intenso debate sobre ética na formação médica e a importância do atendimento humanizado.