A digitalização, colaboração, redução de carbono e preocupação com o meio ambiente são alguns conceitos inseparáveis das prioridades das organizações que buscam se manter relevantes para seus públicos e o mercado. Novas tecnologias, como a inteligência artificial (IA), estão gradualmente ganhando destaque nessa discussão. Essas tendências estão evidentes na nona edição do “Prêmio Valor Inovação Brasil” em 2023, que reconhece as empresas líderes em suas respectivas áreas. A pesquisa para o anuário inclui 253 empresas de 25 setores da economia, que coletivamente investiram R$ 70 bilhões em inovação ao longo de 2022.
O propósito do prêmio
Segundo Maria Fernanda Delmas, diretora de redação do Valor, o prêmio tem como propósito demonstrar que a inovação não se limita apenas a tecnologias avançadas ou mudanças radicais no mercado. Ele também busca enfatizar o valor do trabalho em equipe, encorajando as equipes a ousarem, mesmo que cometam erros no processo. A ideia é incentivar o trabalho em colaboração, compartilhando conhecimento entre as empresas. A esperança é que os casos premiados no “Valor Inovação Brasil” sirvam de inspiração e motivação para muitas outras empresas.
Maria Fernanda Delmas Diretora de redação do Valor (Foto: reprodução/Linkedin)
A pesquisa mostra que a inovação continua sendo uma das três principais prioridades estratégicas para a grande maioria das organizações consultadas, com 84,2% delas enfatizando sua importância, um percentual similar ao registrado no ano anterior (83,6%). Um destaque deste ano é o aumento significativo de iniciativas relacionadas à inteligência artificial, automação e robotização, conforme observado por Jacques Moszkowicz, sócio da consultoria estratégica Strategy& da PwC, que trabalha em parceria com o Valor na classificação das empresas mais inovadoras do Brasil. Os investimentos nessas áreas dobraram desde 2021, aumentando de 7% para 14%.
A implementação da IA
Moszkowicz ressalta que a implementação dessas tecnologias emergentes está em estágio inicial, com um foco ainda restrito ao aumento da produtividade e à melhoria da eficiência nos negócios. No entanto, ele destaca que a inteligência artificial possui um potencial transformador muito mais abrangente. Há evidências claras de que as empresas estão buscando ativamente essa transformação, e ele prevê que no próximo ano veremos ações mais inovadoras e revolucionárias sendo adotadas.
A ideia de “fail fast, learn fast”, que incentiva empreendedores a encarar os erros como chances de crescimento, já se tornou uma parte comum do ambiente corporativo. Um total de 77,4% das empresas participantes afirma que essa mentalidade é encorajada e que há uma política de reconhecimento para funcionários que apresentam inovações. Essa transformação pode ser parcialmente atribuída ao aumento de contratos de inovação aberta com startups e scale-ups.
Oitenta por cento das empresas consideram as parcerias como a principal maneira de impulsionar a inovação, o que significa que oito em cada dez companhias optam por essa abordagem. Além disso, 64% delas utilizam recursos internos da própria empresa para promover a inovação, enquanto 62% contratam serviços de institutos ou consultorias especializadas em inovação. Outros 32% buscam apoio em incubadoras empresariais para impulsionar seus projetos inovadores.
Nos últimos dois anos, ocorreu um aumento no investimento destinado à pesquisa e desenvolvimento. Vinte e seis por cento das empresas participantes agora alocam mais de 5% de sua receita líquida para esse fim, o que representa um aumento de quatro pontos percentuais em comparação com 2020.
A classificação das empresas mais inovadoras do Brasil é determinada pela combinação do desempenho no questionário da pesquisa, o número de citações recebidas pelas participantes e o total de patentes registradas. Até então, as empresas de petróleo, gás e petroquímica têm historicamente liderado em termos de publicação de patentes. No entanto, neste ano, pela primeira vez, o agronegócio conquistou a primeira posição, representando quase 21% do total de patentes registradas, mostrando assim seu crescente papel no cenário de inovação do país.
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