Avanço das fake news afeta cobertura vacinal e saúde mental das pessoas

Mariene Ramos Por Mariene Ramos
4 min de leitura

Com o avanço da internet, cresceu também a disseminação das fake news. Com isso, temas importantes como vacinação tem sido afetado por esse tipo de desinformação, o que faz com que a adesão a campanhas de vacinação, como por exemplo contra a Covid-19, seja baixa.

Uma das formas que o governo tem utilizado para combater esse tipo de desinformação e aumentar a adesão da população à imunização, que está em queda desde 2015, são as próprias redes sociais. Em fevereiro deste ano, o governo federal lançou uma campanha nacional com a meta de recuperar o número de adesão.

Além disso, o presidente Luiza Inacio Lula da Silva recebeu a dose da bivalente contra a covid-19 em frente às câmeras, com a finalidade de incentivar a população sobre a importância da vacinação na prevenção a doenças.


<blockquote class=”twitter-tweet”><p lang=”pt” dir=”ltr”>Vacina é vida. Vacina é pra todos! Informe-se, procure uma Unidade Básica de Saúde e atualize a caderneta de vacinação.<br><br>Saiba mais em <a href=”https://t.co/PiKl5JOS3q”>https://t.co/PiKl5JOS3q</a> <a href=”https://t.co/OGYXfZ05FI”>pic.twitter.com/OGYXfZ05FI</a></p>&mdash; Ministério da Saúde (@minsaude) <a href=”https://twitter.com/minsaude/status/1645796176351105029?ref_src=twsrc%5Etfw”>April 11, 2023</a></blockquote> <script async src=”https://platform.twitter.com/widgets.js” charset=”utf-8″></script>

Ministério da Saúde tem reforçado as camapnha de vacinação para combater à desinformação. (Reprodução/Twitter)


Esse conteúdo negacionista que tem circulado, principalmente nas redes sociais, tem prejudicado o avanço da vacinação pelo país. Segundo um relatório do Laboratório de Estudos de Internet e Mídias Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NetLab/UFRJ), no dia em que foi lançado o Movimento Nacional pela Vacinação, as publicações relacionadas à antivacina também aumentaram nas redes sociais.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, informou que o Ministério da Saúde tem tentado diminuir a força do movimento antivacina para aumentar a cobertura vacinal no país. “Temos enfrentado uma forte campanha, desde 27 de fevereiro, de fake news [notícias falsas] envolvendo a vacina bivalente. Isso é extremamente sério, e eu tenho destacado que não se trata de desinformação, se trata de ação criminosa”, disse a ministra.

Mas não é só a cobertura vacinal que as fakes news atingem. Estudos mostram que a desinformação tem afetado a saúde mental das pessoas, causando adoecimento e medo nas pessoas.

Para o presidente do Conselho Federal de Psicologia, Pedro Paulo Bicalho, a disseminação da desinformação tem assustado as pessoas. “Isso tem produzido um adoecimento que é articulado a uma construção de medo. O que eu quero dizer é que as pessoas passam a sentir medo de existir. A população negra, a população indígena, a população LGBTQIA+ e as mulheres têm relatado medo em relação a sua própria existência. E, quando identificamos de onde vem esse medo, ele é produto da circulação de fake news”, afirma Pedro.

O professor Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) João Cezar de Castro Nunes alerta que é necessário encarar as fake news com outro olhar. “Precisamos começar a compreender que fake news é uma indústria. É produção em massa e é fonte de monetização. Para as plataformas, conteúdo radicalizador, agressivo e virulento vende mais que conteúdo didático ou sereno (…) fake news não é apenas ideologia, é uma forma de empreendedorismo. As fake news têm o aspecto ideológico, o impacto político, a produção do ódio, a exclusão do outro. Tudo isso está na essência das fake news. Mas um ponto negligenciado é que as fake news são uma fábrica de dinheiro, porque aumentam o engajamento, as visualizações, os likes, e isso se reverte em monetização”, disse o professor.

Foto destque: Celular exibe imagem: “Fake News”. Reprodução/Flickr: Agência Senado

Deixe um comentário

Deixe um comentário