Após o lançamento fracassado do Bard, o Google vai se concentrar ainda mais em seus esforços para fazer com que seu software de chatbot do Modelo de Linguagem para Aplicativos de diálogo funcione melhor – e provavelmente vai conseguir. Mas a gigante de tecnologia ainda precisa lidar com uma ameaça mais crítica ao seu negócio, no campo dos mecanismos de busca, que tem se deteriorado ao longo dos anos.
Segundo Marco Marcelino, CEO da Serinews, empresário digital e especialista em dados, a busca generativa, que dispensa a necessidade de várias páginas de anúncios, pode oferecer uma resposta mais coerente. “e é por isso que a gestão do Google declarou um “código vermelho” após o lançamento do Chat GPT em novembro. Após duas décadas no topo, o ‘código vermelho’ do Google é claramente um reconhecimento de as coisas vão mudar. A empresa correu para lançar, em resposta ao Chat GPT (Generative Pre-trained Transformer), a ferramenta Bard (Bayesian Augmented Reading and Decoding), mas os resultados iniciais foram terríveis. E o preço das ações do Google despencou, perdendo US$ 100 bilhões em um dia. Seguramente o erro mais caro da história”, afirma.
Erro galáctico
A inteligência artificial do Google falhou em um dos primeiros testes a que foi submetida. A companhia divulgou informações falsas sobre o equipamento da NASA em anúncio sobre a IA (inteligência artificial) no Twitter. O erro está na informação de que o James Webb tirou as primeiras fotos de um astro externo à Via Láctea. Na verdade, quem tirou a primeira foto de um exoplaneta foi o VLT (Very Large Telescope), do Observatório Europeu do Sul, ainda em 2004.
É possível que o Bard tenha se “confundido” com notícias recentes que divulgaram a primeira foto de um exoplaneta do James Webb – o que é diferente de um registro inédito em toda a história. “A primeira imagem de um planeta fora da nossa galáxia, a Via Láctea, foi tirada em 2004, quase duas décadas antes de o telescópio James Webb ser lançado ao espaço. Este erro foi uma gafe da empresa que se orgulha da eficácia de seus resultados de busca. O negócio de busca anual de US$ 162 bilhões do Google (para 2022) acabou de anunciar que não estava pronto para competir”, pondera.
Mas, segundo o especialista em dados, embora esse erro do Google talvez não tenha sido pior que a tela azul do Windows que marcou a apresentação de Bill Gates, quando apresentava o Windows 98, ainda assim é grave. “Não é tão grave mas é como se fosse. E esse momento pode ter marcado a perda de um reinado. Enquanto Google bate cabeça com a apresentação do Bard, a Microsoft anuncia com entusiasmo que está lançando uma versão integrada de seu mecanismo de busca Bing com o Chat GPT-4 da OpenAI, uma atualização do ChatGPT. Quem diria, o Bing, que até então era massacrado pelo Google no quesito busca na internet. A era de domínio do Google está chegando ao fim?
Para Marco Marcelino, essa era da hegemonia do Google está prestes a acabar. “Eu apostaria que sim, embora os esforço vão fazer o Bard funcionar melhor e ter uma posição de destaque. O ponto é que o Google sofre ao mesmo tempo em que tenta posicionar uma tecnologia evolutiva, uma ameaça ao seu negócio de busca. A busca generativa como tem sido chamada, dispensa a necessidade de várias páginas e com isso morrem inúmeros formatos de anúncio. Além de oferecer uma resposta mais coerente com a procura. E é por isso que eu acredito que a gestão do Google declarou código vermelho”.
O especialista também alerta das outras guerras que o Google tem travado, para além da tecnológica. “Ao mesmo tempo, vale lembrar que o governo americano segue processando o Google por seu monopólio e alega que a empresa usou meios anticompetitivos, excludentes e ilegais para eliminar ou reduzir severamente qualquer ameaça à sua dominação sobre as tecnologias de publicidade digital”.
Em comparação com a participação de mercado de 90% do Google, o Bing sempre foi um “também” em mecanismos de busca. No entanto, seu investimento inicial na OpenAI deu ao Bing uma vantagem significativa nas novas guerras de busca generativa.
Apropriadamente, a Microsoft deu ao seu próprio software de linguagem natural o nome de Prometheus. Como uma arquitetura com 175 bilhões de parâmetros, o Chat GPT permite que ele seja usado em tarefas ainda mais complexas de linguagem natural, como a geração de textos coerentes e a realização de diálogos com humanos de forma mais natural.
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