A Nasa precisou usar uma espécie de manobra de “grito” de longo alcance para tentar restabelecer a comunicação com a espaçonave Voyager 2 após ter perdido o contato. Mas calma, não é o tipo de grito que você está pensando. Sinais de comandos foram enviados para a Voyager 2 no dia 21 de julho e acidentalmente fizeram com que a sua antena apontasse 2 graus para longe da órbita do planeta Terra. Por causa disso, a espaçonave não conseguiria mais receber nenhum sinal no comando do centro de controle da missão ou se comunicar de volta com a Terra sobre os dados de sua localização a mais de 19,9 bilhões de quilômetros de distância do nosso espaço interestelar. O equipamento já opera há cerca de 46 anos no espaço.
“Às 12h29 (no horário local) de 4 de agosto, a espaçonave começou a retornar dados científicos e de telemetria, indicando que está operando normalmente e que permanece em sua trajetória esperada”, divulgou a agência espacial.
Localização da Voyager 2 no espaço. (Foto: reprodução/Nasa JPL CalTech)
Tentativa de restabelecer contato com a nave
Já no começo desta semana, a equipe responsável pela missão se surpreendeu ao conseguir detectar o sinal do “batimento cardíaco” da nave Voyager 2, ou o chamado “sinal de portadora” através do uso da Deep Space Network, um complexo tecnológico internacional composto por enormes antenas de comunicação via rádio que possibilita que a agência norte-americana se comunique pelo cosmos durante as missões espaciais.
A localização dos equipamentos está distribuída no estado da Califórnia, Madrid, na Espanha e no estado de Camberra, Austrália. Foi através desse último local que a Nasa usou as antenas para dar o “grito” interestelar por um sinal de rádio amplificado para reorientar as antenas da nave. Demorou cerca de 18,5 horas para que o sinal viajasse em um sentido pelo sistema solar, o Voyager 2. No total, foram 37 horas para os profissionais confirmarem que o “grito” tinha funcionado.
Voyager já apresentou outras falhas
Caso não conseguissem, a nave já é programada para se auto orientar diversas vezes ao ano. A próxima já estava prevista para 15 de outubro. Não é a primeira vez que Voyager 1 e 2 dão problemas. Esses “idosos”, lançados em 1977, já precisaram desligar vários de seus equipamentos para economia de energia e assim continuarem explorando o cosmos.
Elas são as únicas naves que estão além da heliosfera, a bolha de campos magnéticos e partículas que saem do sol se estendendo para muito além da órbita de Plutão para fornecerem dados do território desconhecido pela nossa espécie.
Foto destaque: Ilustração da Voyager 2. Reprodução/Alpha Coders