Descobertas no cérebro da mosca podem revolucionar o combate a distúrbios mentais

Nova pesquisa revela detalhes sobre a estrutura neural que podem inspirar avanços na neurociência e no tratamento de doenças mentais

Joshua Diniz Por Joshua Diniz
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Foto destaque: Essa é a primeira vez que conseguem mapear completamente o cérebro de um animal que consegue andar e enxergar (Reprodução/University of Cambridge/FlyWire.a)

Um grupo internacional de cientistas, conhecido como FlyWire Consortium, conseguiu um feito inédito ao mapear o cérebro completo da Drosophila melanogaster, popularmente conhecida como mosca-das-frutas. O estudo, publicado na renomada revista Nature, identificou 139.255 neurônios interligados por cerca de 50 milhões de sinapses, oferecendo novas perspectivas sobre o funcionamento dos circuitos neurais. Este avanço marca um grande passo para o entendimento dos mecanismos cerebrais, desde sistemas simples como o da mosca até o cérebro humano.

O impacto da pesquisa na neurociência

O neurocientista Gregory Jefferis, da Universidade de Cambridge, destacou a importância desse estudo para a compreensão de circuitos neuronais. Segundo ele, a mosca-das-frutas, apesar de ser um organismo pequeno, tem um cérebro capaz de realizar atividades sofisticadas, como voar e se orientar. “Entender a fiação cerebral é crucial para sabermos como processamos informações e realizamos movimentos”, comentou Jefferis.

O mapeamento do cérebro da mosca revela como diferentes áreas neurais são responsáveis por funções específicas, como o controle motor e o processamento visual. A análise desses circuitos pode ajudar cientistas a traçar paralelos com o funcionamento cerebral humano e, quem sabe, encontrar soluções para distúrbios neurológicos.


O cérebro complexo da mosca-das-frutas com 130 mil fios e 50 milhões de conexões (Foto: Reprodução/Nature)

Cérebros menores, maiores aprendizados

O cérebro da mosca-das-frutas, embora pequeno, é uma máquina altamente eficiente que permite que o inseto execute uma variedade de tarefas. Os pesquisadores conseguiram identificar circuitos separados para funções específicas, como o movimento e o processamento visual, revelando o quão complexo são as conexões neuronais em um cérebro que, a princípio, pode parecer simples.

O mapeamento foi realizado através de uma técnica que envolveu o fatiamento do cérebro da mosca em 7.050 seções. Utilizando inteligência artificial, os cientistas montaram digitalmente essas seções para criar um modelo 3D do cérebro. Apesar do uso de tecnologia avançada, os pesquisadores tiveram que corrigir manualmente mais de três milhões de erros nas imagens.


O fatiador microscópico usado para separar o cérebro da mosca em 7 mil pedaços (Foto: Reprodução/Gwyndaf Hughes/BBC News)

Perspectivas pro futuro

As descobertas podem ter implicações de longo alcance para a neurociência. Com um catálogo de 8.453 tipos distintos de células neurais, este estudo representa o maior banco de dados de tipos celulares já realizado em um cérebro. Os cientistas esperam que essas informações contribuam para a compreensão de como o cérebro humano funciona e para o desenvolvimento de tratamentos para distúrbios mentais e outros problemas no cérebro.

O neurocientista Mala Murthy, da Universidade de Princeton, falou que o novo mapa oferece uma oportunidade única para compreender a saúde cerebral. “Esperamos poder comparar o que acontece quando as coisas dão errado em nosso cérebro“, disse ela.

Este avanço no mapeamento do cérebro da mosca-das-frutas representa não apenas uma conquista técnica, mas também uma oportunidade para que a ciência avance em áreas que podem afetar a vida humana, ajudando na cura ou tratamento de diversas doenças cerebrais.

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Redator das editorias de Cinema/TV, Música, Celebridades e Tech, um fã apaixonado de cultura pop e estudante de comunicação social na UNISUAM. (Email: joshuagabrieldeabreudiniz@gmail.com)
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