DNA “lixo” ganha protagonismo no desenvolvimento humano

Pesquisadores de universidades do Japão, China e Alemanha descobriram que fragmentos de vírus antigos, presentes em cerca de 8% do nosso DNA, podem ter sido fundamentais para o desenvolvimento e a evolução da espécie humana. O estudo, publicado em 18 de julho na revista Science Advances, analisou elementos genéticos antes considerados “DNA lixo”, agora apontados […]

12 ago, 2025
Foto destaque: DNA (Reprodução/digitale.de/Unsplash)
Foto destaque: DNA (Reprodução/digitale.de/Unsplash)
DNA

Pesquisadores de universidades do Japão, China e Alemanha descobriram que fragmentos de vírus antigos, presentes em cerca de 8% do nosso DNA, podem ter sido fundamentais para o desenvolvimento e a evolução da espécie humana. O estudo, publicado em 18 de julho na revista Science Advances, analisou elementos genéticos antes considerados “DNA lixo”, agora apontados como peças-chave na ativação de genes em estágios iniciais da vida.

Vírus antigos podem ter moldado quem somos

Esses fragmentos virais, conhecidos como elementos transponíveis (TEs), têm a capacidade de se mover dentro do genoma humano. Por décadas, cientistas os consideraram resíduos genéticos sem função. No entanto, o novo estudo revela que alguns TEs, especialmente um grupo chamado MER11, participam ativamente do processo de ligar e desligar genes em células-tronco e neurais.


DNA "lixo" ganha protagonismo no desenvolvimento humano
Estudo de DNA “lixo” (Foto: reprodução/digitale.de/Unsplash)

Utilizando um novo sistema de classificação genética, os cientistas identificaram quatro subfamílias antes desconhecidas. Uma delas, chamada MER11_G4, mostrou-se altamente eficaz na ativação da expressão gênica. Segundo o Dr. Xun Chen, da Academia Chinesa de Ciências, isso indica que os TEs podem responder a estímulos ambientais e influenciar a formação do cérebro humano nos primeiros estágios da vida.

Registros genéticos que atravessam gerações

A pesquisa também revela que esses vírus antigos não apenas invadiram o genoma humano, mas permaneceram como marcadores evolutivos. Com o tempo, eles foram domesticados pelo próprio corpo, que aprendeu a usar essas sequências como ferramentas biológicas. Essa adaptação teria permitido o surgimento de novas funções genéticas e o fortalecimento de mecanismos imunológicos.

O Dr. Lin He, da Universidade da Califórnia, destacou que esses fragmentos virais, embora associados a doenças em alguns casos, podem ter sido cruciais para a inovação genética. Já o Dr. Steve Hoffmann, da Alemanha, reforçou que entender a atuação desses elementos é essencial para desvendar por que certas doenças afetam humanos e não outros animais.

À medida que a ciência avança no mapeamento dos genomas, compreender como esses “genes saltadores” influenciaram nossa história genética pode abrir portas para terapias mais precisas no futuro e, talvez, nos ajudar a entender o que realmente nos torna humanos.

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