Uso de VPNs na China se mantém alto

Uso de redes privadas virtuais é comum na China, mas recentes punições destacam os riscos aos internautas

Beatriz Wicher Por Beatriz Wicher
3 min de leitura
Foto Destaque: O uso de VPN's é ilegal na China (Reprodução/Pinterest/@engenharia360)

O uso de redes privadas virtuais (VPNs) é muito disseminado na China, apesar de dificuldades e riscos. Essas ferramentas permitem que os usuários acessem sites bloqueados pelo governo, como redes sociais e serviços de empresas americanas. Contudo, a prática, embora tolerada até certo ponto pelas autoridades, tem se tornado mais arriscada. Um exemplo recente disso é o caso de Gong, um internauta chinês punido em julho de 2024 por utilizar VPN para acessar conteúdos estrangeiros.

Embora essas redes não sejam totalmente proibidas no país asiático, a regulamentação a respeito ainda é discutida. Grandes empresas estatais de telecomunicações podem utilizá-las, mas o governo impõe restrições a VPNs locais não autorizadas . Estima-se que cerca de 30 milhões de chineses façam uso dessas redes, principalmente para acessar serviços de streaming e plataformas de jogos, como a Netflix, que não está disponível no país.


O uso de VPN ainda é alto na China (Foto: Reprodução/GettyImages/Carlos Duarte)


Riscos crescentes para usuários

Apesar de serem bastante utilizadas, as VPNs pode levar a consequências sérias. O caso de Gong, ocorrido na província de Fujian, trouxe à tona os riscos enfrentados pelos usuários. Ele foi detido por acessar redes sociais e sites estrangeiros, o que é visto como uma violação das regras do “muro digital” da China. Embora as punições aplicadas ao usuário específico não tenham sido detalhadas, relatos indicam que multas significativas, como a aplicada a empresários que oferecem VPNs ilegais, não são incomuns.

Esse caso não é isolado. Durante os protestos contra a política de Covid Zero no final de 2022, vários chineses também foram advertidos por utilizar essas redes, mas sem penalidades severas. No entanto, o temor entre os internautas se intensifica à medida que o governo mostra maior vigilância em relação ao uso dessas tecnologias, criando um ambiente de incerteza.

Instabilidade e controle estatal sobre as VPNs

Outro fator que contribui para o aumento dos riscos é a instabilidade do serviço de VPN no país. Recentemente, plataformas como Astrill e ExpressVPN, amplamente utilizadas pelos chineses, passaram por lentidão e interrupções frequentes. A organização GreatFire, que monitora a internet chinesa com apoio de entidades internacionais, relatou quedas na velocidade de conexão nos últimos dois meses, o que afeta diretamente os usuários.

Apesar disso, os chineses continuam a buscar maneiras de contornar o controle estatal sobre a internet. A facilidade de ativar e desativar a VPN permite que a prática ainda seja comum, especialmente entre aqueles que querem acessar informações externas ou consumir conteúdos de empresas como Meta e Alphabet.

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