Mais de uma dúzia de funcionários do banco americano Wells Fargo foram demitidos, após usarem ferramenta para simular movimentos no mouse e, com isso, mostrarem que estariam realizando atividades no computador.
Mouse Jiggler
A ferramenta usada pelos funcionários é a chamada “mouse jiggler”, que permite simular movimentos no mouse e não deixar que o computador entre na tela de descanso. Segundo o Bloomberg, essa atividade é ilícita no Brasil e ganhou uma notoriedade no TikTok em 2022, principalmente durante o período de pandemia, no qual muitos funcionários trabalhavam no modelo de Home Office.
O mouse jiggler cria uma falsa atividade no computador e apesar de não ser ilegal comprar ou possuir a ferramenta, seu uso para burlar sistemas de monitoramento de produtividade é considerado antiético e pode levar a sérias consequências trabalhistas.
Homem trabalhando remotamente (Foto: reprodução/Andrew Caballero-Reynolds/Getty Image Embed)
Uso é considerado desonesto
Mauricio Correa da Veiga, advogado trabalhista no Brasil, esclarece que o uso desta ferramenta para enganar o empregador pode resultar em demissão por justa causa. Segundo ele, o uso pode ser considerado como uma forma de ludibriar o controle de atividades durante o período de trabalho, configurando no ato de improbidade por desonestidade e deslealdade. Veiga faz essa afirmação ao se referir ao artigo 482 da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT).
Veiga destaca que o monitoramento de atividades de trabalho dos funcionários é algo legal feito pela empresa, com ou sem o conhecimento dos funcionários, embora o ideal seja os informar sobre isso. Ele lembra que o uso do mouse jiggler não pode acarretar em um processo para o funcionário, mas que a empresa o pode demitir com justa causa.
Em 2022, muitos usuários do TikTok buscavam formas de burlar a eficiência no trabalho remoto, o que fez com que usassem a ferramenta e mostrassem a muitos como a utilizar de forma prática. Segundo o jornal The New York Times, em 2022 cerca de 80% dos 10 maiores empregadores dos Estados Unidos monitoravam a produtividade de seus funcionários através de softwares específicos.