Algumas teorias apontam que povos Vikings possam ter passado pelos EUA. Teriam eles chegado bem no meio dos Estados Unidos?
Confira um dos maiores mistérios históricos dos EUA: as inscrições vikings em uma remota parte do Oklahoma. Alguns estudiosos acreditam que essas inscrições sejam runas (caracteres alfabéticos antigos) e foram cavadas na gigantesca rocha perto do ano 1000 por exploradores nórdicos. Eles teriam subido o rio Arkansas até essa parte remota dos Estados Unidos, onde hoje fica o estado de Oklahoma.
Faith Rogers é voluntária e estagiária de Ciências Ambientais e conta a história de Gloria Farley, a primeira mulher e ter contato com as escrituras.
Farley nasceu e cresceu em Heavener, local onde foram encontradas as inscrições. Hoje o local é o Parque das Pedras Rúnicas de Heavener, extremo leste de Oklahoma. Ela viu a relíquia pela primeira vez em 1928, quando era jovem e caminhava pelo local. Vinte anos depois Gloria voltaria lá para estudar a rocha, agora como runologista amadora.
Mas o primeiro contato do povo moderno com a rocha data de 1830. Uma tribo local a avistou durante uma festividade de caça. O povo nativo em questão eram os choctaw. Os moradores brancos de Oklahoma chamaram a laje de “Rocha Indígena”, achando que as marcas fossem dos povos nativos, mas de forma errônea.
Amanda Garcia é gerente do Parque das Pedras Rúnicas de Heavener e afirma que: “[Farley] passou a maior parte da sua vida adulta pesquisando a pedra. Ela viajou pelos Estados Unidos, foi até o Egito e para outros lugares para observar diversas inscrições”.
Glotria Farley ao lado das inscrições. (Foto: Sociedade Histórica de Oklahoma)
Ao entrar em contato com o instituto Smithsonian, Farley soube que historiadores já haviam chegado a uma conclusão sobre a pedra em 1923.
Para o Smithsonian, as inscrições eram de um idioma escandinavo e diziam “GNOMEDAL”, junção de “gnome” e “dal”, que foi traduzido como Vale do Relógio de Sol ou Vale Monumental. Posteriormente, outros estudiosos traduziram os símbolos como “GLOMEDAL”, que significa “Vale do Glomo”.
Mas ainda restam perguntas: quem entalhou esses símbolos? Como eles foram entalhados?
“Comecei a acreditar que os símbolos na pedra indicavam que os nórdicos haviam visitado a região antes de Colombo. Alterei o nome da rocha para ‘A pedra de Heavener’ e comecei minha busca por inscrições similares na região”, disse Farley em seu livro In Plain Sight Old World Records in Ancient America.
Farley passou sua carreira consultando historiadores, geólogos, e epigrafistas nórdicos. As evidências reunidas por ela sustentavam sua teoria de que os vikings visitaram a América do Norte e eram muito habilidosos ao subir rios e córregos, principalmente em barcos que flutuavam em águas rasas.
Gloria também defendeu a hipóteses de que os vikings marcaram no cânion depois de viajar para o Golfo do México, entre os anos 600 e 800.
Além dessa, outras lajes de arenito foram encontradas com marcações rúnicas, a cerca de 1,5km ao norte e ao sul da Pedra Rúnica de Heanever. Administradores do local afirmaram que as pedras eram marcas de fronteira.
“Se os Vikings viajaram para a Rússia, Irlanda, Inglaterra, França e para os extremos do Mediterrâneo, por que não teria sido possível para eles chegar a Oklahoma pelo rio Mississippi?”, é o que indagou Gloria Farley.
De fato, a ideia de que os nórdicos navegaram pelo Mississippi não é nada absurda.
Mais pedras rúnicas foram encontradas pelos EUA, incluindo Kensington, Minnesota e Spirit Pond, no Maine. Além de, mesmo em Oklahoma, foram desenterradas mais seis dessas pedras. Porém sua autenticidade ainda é questionada.
Farley afirma que os vikings podem ter viajado facilmente para o sul a partir da Terra Nova ao longo da costa leste. Eles teriam contornado a Península da Florida até o Golfo do México, onde teriam entrado pelo rio Mississippi. De lá, desembocaram em seu afluente, o rio Arkansas, os conduzindo para o rio Poteau, em Oklahoma.
Mas ainda assim, há questionadores. Lyle Tompsen é um especialista na era dos vikings. Ao analisar a pedra rúnica, ele escreveu sobre ela.
“A veracidade da pedra de Heanever como artefato viking é problemática. A evidência linguística é ambígua. Mas a evidência histórica do século XIX… oferece forte indicação de que a pedra é uma criação de um imigrante escandinavo do século XIX (provavelmente, um imigrante sueco que trabalhava no armazém ferroviário local).”
Não só a veracidade, mas o idioma das escrituras vêm sendo questionadas. Dennis Peterson, arqueólogo e administrador do Centro Arqueológico Spiro Mounds afirma que: “As inscrições não estão escritas em viking, mas em uma combinação de futhark antigo e futhark recente, anteriores à época em que os vikings teriam viajado.”
Gloria Farley, uma das precursoras de tudo isso, faleceu em 2006, e é tida como uma lenda da região.
Vikings ou não, mesmo com a veracidade a todo tempo questionada, é impossível não destacar o trabalho e a importância de Farley para os estudos rúnicos até os dias de hoje. E mesmo que nenhuma evidência comprove que eles vieram, nada prova que não estiveram aqui.
Foto de destaque. Inscrições em pedra rúnica. Reprodução/Departamento de Turismo e Recreação de Oklahoma.