Em Nova York, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu na segunda-feira para debater acerca da crise na Ucrânia, após a Rússia reconhecer a independência de dois territórios ao Leste do país. A reunião iniciou às 23h, horário de Brasília. A Rússia, ocupando a presidência rotativa do conselho, queria que o encontro ocorresse de portas fechadas, mas os Estados Unidos insistiram que fosse pública a reunião.
O reconhecimento do presidente russo, Vladimir Putin, sobre as repúblicas separatistas, enterrou o plano fragilizado de paz de 2015, abrindo as portas para a ação militar russa.
Os países solicitantes da reunião, baseando-se em uma carta da Ucrânia à ONU, incluem o Reino Unido, França e Albânia, junto ao secretário-geral das Nações Unidas, Antônio Guterres. No documento, Sergiy Kyslytsya, embaixador ucraniano na ONU, citou a Carta das Nações Unidas e as regras de procedimento de modo a exigir um representante de seu país na reunião de emergência.
Linda Thomas-Greenfield, embaixadora dos EUA na ONU, garantiu apoio à reunião: “O Conselho de Segurança deve exigir que a Rússia respeite a soberania e a integridade territorial da Ucrânia, um Estado-membro das Nações Unidas”, afirma ela no comunicado. “O anúncio da Rússia nada mais é do que um teatro, aparentemente projetado para criar um pretexto para uma nova invasão da Ucrânia”, completou.
Joe Biden, presidente americano, impôs sanções a dois territórios dominados pela Rússia na região de Donbass, Ucrânia.
Mesmo assim, os EUA tomaram uma postura de cautela diante do anúncio do presidente russo acerca da mobilização de tropas em duas regiões separatistas da Ucrânia, indicando um possível diálogo até que os tanques avancem. Um alto funcionário do governo americano evitou se referir como invasão o envio das tropas para as regiões separatistas para manter a paz. Essa atitude levaria a sanções ocidentais mais amplas e mais duras contra Moscou.
“Vamos avaliar o que a Rússia fez”, afirmou o funcionário, enfatizando que as forças russas já foram mobilizadas secretamente em áreas separatistas por oito anos. “Tropas russas se mudando para Donbass não seria um novo passo. Continuaremos a buscar a diplomacia até que os tanques avancem”.
Ucrânia sem medo
Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano, acusou a Rússia nesta terça (noite de segunda, no Brasil) por violar a soberania e integridade territorial de seus país quando reconheceu duas regiões separatistas e ordenou a entrada de tropas para apoiar sua independência.
Na mensagem divulgada após consultas a líderes mundiais, Zelensky exigiu apoio claro de seus aliados no Ocidente e assegurou que a Ucrânia não tem medo de nada, nem de ninguém. Conforme afirma ele, a Ucrânia está comprometida com a diplomacia e a paz.
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (Foto: Reprodução/Reuters/Agência Brasil)
“Estamos em nossa própria terra, não temos medo de nada nem de ninguém. Não devemos nada a ninguém, e não vamos abrir mão de nada para ninguém”, disse em um discurso em vídeo. “Agora não é fevereiro de 2014, mas fevereiro de 2022, um país diferente, um Exército diferente. Um objetivo é a paz na Ucrânia”, completou.
O presidente ucraniano considerou também que a Rússia estaria arruinando as negociações de paz, descartando quaisquer concessões territoriais no discurso à nação. Ele pediu uma cúpula de emergência com os líderes da Alemanha, França e Rússia.
“Esperamos medidas claras e eficazes de apoio de nossos aliados”, afirma Zelensky. “É muito importante ver quem é nosso verdadeiro amigo e parceiro e quem continuará a assustar a Federação Russa com palavras”, complementou.
Foto destaque: soldado ucraniano. Reprodução/Tyler Hicks/New York Times