Com a mina da Braskem de Maceió próxima de um iminente colapso, as autoridades já estão se posicionando em suas ações, como o ministro dos Transportes, Renan Filho, que anunciou que o foco da resposta pública estará em evitar casualidades.
“Nós estamos trabalhando aqui neste momento para que não haja perdas de vidas humanas,” afirmou Renan. “A gente precisa garantir isso. Esse é o trabalho que vem sendo feito ao longo dos últimos anos.“
O caso, que vem avançando desde 2018 – quando os primeiros tremores foram sentidos pelos moradores locais – se agravou nesta quinta-feira (30), quando a Defesa Civil de Maceió emitiu um alerta máximo sobre a situação, devido ao risco de subsequente erosão e outros danos perigosos encontrados no solo.
Mapa com 35 minas de sal-gema que estão sendo fechados pela Braskem em Maceió (Foto: reprodução/g1)
O caso de Maceió
“Ao longo dos últimos anos todos, desde 2018 para cá, várias providências do governo federal, do governo do Estado e mesmo da prefeitura de Maceió vem sendo tomadas, a fim de evitar que o colapso de uma dessas minas possa levar pessoas à morte,” afirma o ministro dos Transportes.
Em fala divulgada nesta sexta-feira (1º), Renan Filho, como uma das principais autoridades públicas atualmente tratando do assunto, explica o histórico do caso. Vindo para Maceió, a capital de Alagoas – estado onde nasceu – o ministro estava inteirado nos desenvolvimentos locais que têm ocorrido.
Braskem, empresa petroquímica, baseia suas operações na extração do minério sal-gema (utilizado para criar soda cáustica e PVC) da região, que foi iniciada já há décadas. Segundo Renan, contabilizam-se 35 minas no entorno da capital, com algumas relativamente estáveis, mas com a de número 18 em alto risco de colapso, o que pode ocorrer a qualquer momento.
“A exploração de minério aqui ocorre a 1.200 metros, em média, de profundidade,” divulgou o ministro. “Esse é um desastre raro em áreas urbanas — mesmo mundo à fora, é bastante raro esse tipo de colapso de minas de exploração mineral.“
Em março de 2018, os moradores já haviam reclamado dos tremores, e em 2019 várias das cavernas utilizadas já estavam sendo fechadas pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), que divulgou que a atividade havia causado o aprofundamento grave do solo. Com uma das minas agora se tornando instável, os danos acumulados ao longo de anos agora estão a ponto de criar uma catástrofe.
O caso da Braskem
São quase 50 mil pessoas tendo de abandonar suas moradias devido ao risco apresentado pela operação de Braskem na região desde 2018, e bairros inteiros (Pinheiro, Bom Parto, Mutange, Bebedouro) hoje estão sob o risco de destruição.
“Uma empresa da proporção da Braskem é detentora de um conhecimento muito específico a cerca desse acidente. E ele precisa ser socializado: para a imprensa, para as pessoas que moram na capital; os entendimentos que foram feitos; os contratos precisam ser apresentados,” disse Renan Filho, que defende uma investigação da Braskem a partir de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. “Nós defendemos que toda fiscalização é necessária e a CPI é fundamental.“
Atualmente, a Braskem vem registrando microssismos e movimentações atípicas do solo com seu sistema de monitoramento, o que vem compartilhando com as autoridades. Atualmente, espera-se que a empresa continue cooperando com o governo, ao menos até a resolução do caso atual.
Foto Destaque: Uma das áreas interditadas de Maceió (Reprodução/Marco Antônio/Secom Maceió)