Rússia usa mísseis hipersônicos pela primeira vez no combate contra a Ucrânia

Diogo Nogueira Por Diogo Nogueira
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A Rússia tornou o conflito contra a Ucrânia mais armamentista, ao confirmar o uso de mísseis hipersônicos Kinzhal pela primeira vez, neste sábado (19), que de acordo com a agência estatal Ria Novosti, o propósito foi de destruir um local de armazenamento de armas no Oeste da Ucrânia.

Motivos dos mísseis hipersônicos serem mais destrutivos e perigosos que mísseis comuns:

– Possuem capacidade de atingir alvos a 2 mil quilômetros de distância.

– Atingem velocidade dez vezes maior que a dom e viajam a 6 mil quilômetros por hora.

– São capazes de realizar manobras.

– Se sobrepõe ao sistema de defesa antiárea.

O major-general Igor Konashenkov, porta-voz do Ministério da Defesa Russo, anunciou: “Em 18 de março, o sistema de mísseis de aviação Kinzhal com mísseis aerobalísticos hipersôncios destruiu um grande armazém subterrâneo de mísseis e munição de aviação das tropas ucranianas na vila de Delyatyn, região de Ivano Frankivsk”.

Presidente ucraniano insiste em negociação

Do outro lado, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, propôs que era hora de Moscou aceitar “conversar” plenamente sobre a paz. Zelensky afirma que “as negociações sobre a paz e segurança na Ucrânia são a única oportunidade que a Rússia tem de minimizar os danos causados por seus próprios erros”.

“É hora de nos encontrarmos. É hora de conversar. É hora de restaurar a integridade territorial e a justiça para a Ucrânia. Caso contrário as perdas para a Rússia serão tais que levará gerações para se recuperar”, disse ainda o governante da Ucrânia, em um pronunciamento feito nesta sexta-feira (18).

Kiev e Moscou realizaram diversas rodadas de negociações, pessoalmente ou por videoconferência, visando trégua às invasões contra a Ucrânia. A quarta rodada começou nesta segunda-feira (14). O chefe da delegação russa falou, na noite desta sexta-feira, sobre a possibilidade de uma “conciliação” de posições sobre a questão de um status neutro para a Ucrânia, e também em relação a desmilitarização do país. Entretanto, ele se referiu as “nuances” que existem para discutir sobre as “garantias de segurança” exigidas pela Ucrânia.

Porém um membro da delegação ucraniana, o conselheiro presidencial Mikhailo Podoliak, alertou que “as declarações do lado russo são apenas o começo de suas exigências”.

O caos de Mariupol

A Ucrânia, reconheceu neste sábado (19), que perdeu “temporariamente” o acesso ao Mar de Azov, mesmo a Rússia impondo controle ao redor de toda a costa desde o início de março e do cerco à cidade portuária estratégica de Mariupol.

O Exército russo confirmou a invasão ao centro da cidade, nesta sexta (18), ao lado de tropas da “república” separatista de Donestk. O assessor do ministério do Interior Ucraniano, Vadim Denisenko, classifica a situação de Mariupol como “catastrófica”.

“A luta acontece pela Azovstal, uma das grandes siderúrgicas da Europa está sendo arruinada de fato”, completou o assessor.

As autoridades ucranianas acusaram a Força Aérea russa de bombardear “deliberadamente” o teatro localizado em Mariupol na quarta-feira, o que a Rússia negou.

Zelensky disse que mais de 130 sobreviventes foram retirados dos escombros. “Infelizmente, alguns sofreram ferimentos graves. Mas neste momento, não temos informações sobre mortes”, declarou, destacando que “as operações de resgate continuam”.

As famílias que fugiram da cidade relatam que cadáveres ficavam pelas ruas e que à noite se escondiam em porões, sofrendo com a temperatura, fome e sede. “Não é mais Mariupol, é o inferno”, disse Tamara Kavunenko, de 58 anos. “As ruas estão cheias de cadáveres civis”, detalhou.


Mariupol com evidências de carros estilhaçados e marcas de tiro, consolidando o clima tenso de guerra na Ucrânia. (Foto: Reuters/Alexander Ernochenko)


De acordo com Zelensky, graças aos corredores humanitários presentes no país, o salvamento de mais de 180.000 ucranianos se tornou possível, incluindo também mais de 9.000 pessoas em Mariupol.

Dos 3,2 milhões de ucranianos que foram exilados, desde 24 de fevereiro, quase dois terços partiram para a Polônia.

Foto em destaque: Rússia eleva o nível do conflito contra a Ucrânia, e destrói armazém de armas no Oeste da Ucrânia. (Sputnik/Ministério de Defesa da Rússia)

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