O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou estar preparado para discutir uma saída para a guerra com o presidente russo, Vladimir Putin. Prestes a completar um mês do início da invasão, Zelensky disse, pela primeira vez, que está aberto a tentar abordar tudo o que incomoda e desagrada à Rússia.
Zelensky se disse pronto para discutir com Putin, se o russo concordar em negociar diretamente com ele, como as questões ligadas à Criméia, anexada em 2014 e sobre Donbass — região separatista reconhecida apenas por Moscou —, desde contenha garantias de segurança.
“A questão da Crimeia e do Donbass é uma história muito difícil para todos. Precisamos de garantias de segurança e o fim das hostilidades”, disse o presidente ucraniano em uma entrevista realizada na noite de segunda-feira (21). Zelensky ainda afirmou que não queria que “a história os tornasse heróis” e tratasse de “uma nação que não existe mais”, insistindo que a Ucrânia seria “destruída antes de se render”.
Muitas tentativas de diálogo entre Kiev e Moscou foram realizadas tanto pessoalmente quanto por videoconferência, desde o início do conflito, mas sem nenhum resultado até o momento.
Presidente Volodymyr Zelensky diz estar pronto para discutir uma saída para a guerra com Putin (Foto: Reprodução/Presidência da Ucrânia/AFP)
Nesta terça, 22, autoridades ucranianas acusaram forças russas de dispararem contra manifestantes desarmados na cidade ocupada de Kherson, sul do país, tendo ao menos um ferido.
Vídeos divulgados em redes sociais mostram moradores de Kherson fugindo de bombas de efeito moral. “Os invasores dispararam contra as pessoas que foram às ruas pacificamente, sem armas, protestar pela liberdade, a nossa liberdade”, declarou o presidente Zelensky.
Vários homens e mulheres envolvidos na bandeira ucraniana gritavam “voltem para casa” e “glória à Ucrânia”, até que forças de segurança disparassem bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes. Soldados russos foram flagrados disparando para o ar, sem sinais de que as armas tenham sido direcionadas diretamente às pessoas.
Contudo, imagens divulgadas mostraram um grupo prestando socorro a um homem atordoado e sangrando. Uma das testemunhas afirmou que a perna da vítima estava gravemente ferida e que ele perdeu muito sangue, complementando que os médicos estavam tratando dos feridos e que não tinham risco de morte.
Dmytro Kuleba, ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, postou um vídeo do incidente no Twitter. “Em Kherson, criminosos de guerra russos atiraram em pessoas desarmadas que protestavam pacificamente contra os invasores”, escreveu.
<blockquote class=”twitter-tweet”><p lang=”en” dir=”ltr”>Brave Ukrainians in Kherson keep protesting against Russian invaders. Peacefully and fearlessly. They literally forced two huge Russian trucks to retreat simply by their peaceful pressure. These people are Ukraine. Their spirit of freedom is truly unbreakable. <a href=”https://twitter.com/hashtag/CourageousKherson?src=hash&ref_src=twsrc%5Etfw”>#CourageousKherson</a> <a href=”https://t.co/a4O90xs6Q5″>pic.twitter.com/a4O90xs6Q5</a></p>— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) <a href=”https://twitter.com/DmytroKuleba/status/1505596769106808836?ref_src=twsrc%5Etfw”>March 20, 2022</a></blockquote> <script async src=”https://platform.twitter.com/widgets.js” charset=”utf-8″></script>
Post do ministro de Relações Exteriores (Mídia: Twitter/Dmytro Kuleba)
Kherson foi a primeira grande cidade ucraniana a ser invadida pelas tropas russas. A população mobilizou várias manifestações contra o domínio russo, contradizendo a versão russa de que a cidade havia sido “libertada”.
A capital ucraniana Kiev acordou comum novo toque de recolher que entrou em vigor às 20h de segunda-feira e segue até as 7h de quarta, 23. O número de perdas foi atualizado pelo prefeito: “65 moradores pacíficos de Kiev, incluindo quatro crianças, morreram e cerca de 300 pessoas, incluindo 16 crianças, foram feridas em bombardeio militar russo”, disse Vitali Klitschko.
Joe Biden teme sobre uso de armas químicas
O presidente americano, Joe Biden, afirmou na segunda-feira que está “claro” sobre a Rússia considerar o uso das armas químicas e biológicas na Ucrânia, e alertou que essa medida levaria o Ocidente dar uma resposta “difícil”.
Esta semana será marcada por intensas atividades diplomáticas. Na quinta, 24, Biden participa de uma cúpula extraordinária da Otan, em Bruxelas, de uma reunião do G7 e uma cúpula da União Europeia, antes de embarcar na sexta, 25, para a Polônia, principal país de chegada de refugiados ucranianos.
Joe Biden participará de reuniões com outros líderes mundiais para discutir a situação na Ucrânia. (Foto: Reprodução/InfoMoney)
Nesta segunda-feira (21), o presidente da França, Emmanuel Macron, Joe Biden, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, o chanceler alemão, Olaf Scholtz e o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, debateram por videoconferência. Falaram sobre a situação em Mariupol e a urgência de ter acesso sem obstrução de ajuda humanitária.
O Ministério das Relações Exteriores da França anunciou o envio de 55 toneladas de equipamentos médicos, leite para crianças, geradores para a Ucrânia, via Polônia, além de computadores.
Foto destaque: Volodymyr Zelensky. Reprodução/HANDOUT / AFP