O clima no Acre está passando por grandes alterações, indo de uma seca intensa à enchentes históricas em um curto período, especialmente em fevereiro. Essas transformações foram impulsionadas por três grandes fatores climáticos que, interligados, trouxeram mudanças problemáticas à região.
Essa mudança foi causada principalmente pelo El Niño, que trouxe uma seca intensa em outubro de 2023. O atraso no ‘Inverno Amazônico’ também contribuiu para a estação chuvosa, enquanto um aquecimento incomum no Oceano Atlântico impactou a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), resultando em fortes chuvas.
Entre os riscos iminentes, a agricultura, essencial para muitas comunidades, enfrenta a ameaça de perdas diante das mudanças abruptas. Ao mesmo tempo, as enchentes imprevisíveis também causam impactos severos em áreas habitadas.
A possibilidade de falta de energia e a suspensão das aulas são exemplos desses riscos imediatos, reforçando a urgência de enfrentar as consequências, mas também os potenciais riscos de vida às comunidades locais.
El Niño e a seca devastadora
Em outubro de 2023, o Rio Acre apresentava níveis alarmantemente baixos, revelando uma seca extrema que coincidiu com o El Niño.
Este fenômeno, caracterizado por um aquecimento significativo das águas do Oceano Pacífico, é conhecido por provocar secas no Norte e Nordeste do Brasil. A consequência direta foi a redução drástica na precipitação, desencadeando a seca intensa que assolou o estado.
Atraso do ‘Inverno Amazônico’
O ‘Inverno Amazônico’, ou estação chuvosa, experimentou um atraso significativo. A configuração normal desta estação, que ocorre entre janeiro e março, foi desconfigurada devido à persistência das secas.
A transição entre estações, caracterizada por chuvas rápidas e volumosas, ocorreu fora do esperado, resultando no aumento abrupto do nível dos rios, especialmente quando as chuvas foram concentradas nas nascentes.
Aquecimento do Oceano Atlântico
O aquecimento desigual do Oceano Atlântico ao norte do Equador contribuiu para a desconfiguração da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), um sistema meteorológico crucial para a ocorrência de chuvas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
A ZCIT permaneceu mais ao norte do que o previsto, dificultando a formação de nuvens e favorecendo pancadas isoladas. Esse cenário resultou em chuvas intensas e contribuiu para as enchentes nos rios, incluindo o Rio Acre, afetando múltiplas cidades do estado.
Impacto
A atual situação no Acre é de emergência, com inundações impactando 19 das 22 cidades, deixando 86% do estado em estado crítico. A população enfrenta desafios significativos, incluindo falta de energia elétrica, suspensão das aulas, perdas nas plantações e registros de fatalidades.
Essa situação reforça a importância de intervenções por parte das autoridades, sendo crucial a adoção de medidas para auxiliar as comunidades a enfrentar essas mudanças repentinas a curto e longo prazo.