Boris Johnson pode perder o cargo de primeiro-ministro com voto de desconfiança marcado para o Parlamento

Diogo Nogueira Por Diogo Nogueira
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Nesta segunda-feira (6), acontecerá uma votação com moção de desconfiança que envolve o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, em risco de perder o cargo. A moção é classificada como uma consulta se os parlamentares têm confiança na capacidade do primeiro-ministro de continuar liderando o governo.

Johnson é contestado no cargo após meses de escândalos éticos, principalmente sobre festas que quebraram as regras sanitárias em prédios do governo durante a pandemia de Covid-19. O caso ficou conhecido como ‘Partygate’, em referência ao famoso Watergate que derrubou o presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon.

O Partido Conservador, mesmo do premiê, ativou a votação após 15% dos seus parlamentares apresentarem o pedido. Graham Brady, funcionário do partido, informou que 54 dos 359 parlamentares pediram que a votação fosse realizada no Parlamento.

Johnson precisa de 180 votos para permanecer no cargo. Se ele perder, o partido vai precisar escolher um novo primeiro-ministro.

A sessão do Parlamento para votar a moção de desconfiança está prevista para começar entre 18h e 20h desta segunda-feira, no horário local (14h e 16h, pelo horário de Brasília).

A repercussão de ‘Partygate’

O escândalo mobiliza os britânicos a tal ponto que apenas 27% defendem a permanência premiê no cargo, aponta a pesquisa feita pela YouGov para a Sky News.


Desde o estouro de ‘Partygate’, a oposição dos manifestantes contra Boris Johnson é representada por cartazes em frente à própria casa do primeiro-ministro, 10 Downing Street. (Foto: AFP)


Principal assessor de Johnson, Martin Reynolds mandou em maio de 2020 um e-mail para 100 funcionários de Downing Street, convidando-os a aproveitar o clima em uma reunião no jardim da residência oficial do governo.

Reynolds, em uma mensagem divulgada pela ITV News, dizia: “Por favor, junte-se a nós a partir das 18h e traga sua própria bebida”. Na época, as visitas eram proibidas e a maior aglomeração limitava-se a duas pessoas ao ar livre, ainda que a uma distância de dois metros, devido às medidas restritivas para conter o vírus da Covid-19.

Cinco dias antes, o casal participou de outra reunião, com queijos e vinhos, no jardim da residência e na companhia de outros funcionários, conforme mostrou uma foto publicada recentemente pelo jornal “The Guardian”.

Os escândalos fizeram o primeiro-ministro perder apoio entre seus correligionários, como conta a colunista do g1, Sandra Cohen.

Quero pedir desculpas. Sei da raiva do povo britânico quando pensam que as regras não são seguidas por aqueles que as estabelecem“, disse o primeiro-ministro em pronunciamento diante do Parlamento.

No total, há a suspeita de que 12 festas tenham sido organizadas em Downing Street, burlando as regras de restrição sanitária por conta da Covid-19, de acordo com o jornal conservador Evening Standard.

 

Foto em destaque: Primeiro-ministro britânico continua pressionado após escândalo do ‘Partygate’ e pode perder o cargo. (Kitwood/Getty Images)

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