O Brasil enfrenta uma crise de queimadas em 2024, com um recorde de mais de 17 mil focos de incêndio registrados até o final de abril. Esses números superam o pior quadrimestre já registrado no país, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta terça-feira (30).
Os estados mais afetados são Roraima e Mato Grosso, que lideram o ranking com 4.609 e 4.122 queimadas, respectivamente. Isso representa um aumento de 81% em relação ao mesmo período de 2023. O acúmulo de focos de incêndio de janeiro a abril deste ano supera até mesmo o registrado em 2003, que era considerado o pior quadrimestre da série histórica.
Os biomas mais atingidos são a Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica. A Amazônia, em particular, registrou 8.969 queimadas, o que representa mais da metade do total de incêndios.
Dados do Inpe
De acordo com fontes do Inpe, a combinação de fatores climáticos e ação humana tem impulsionado esses números alarmantes. O fenômeno climático El Niño, que causa aumento de temperatura sobre o continente e redução de chuvas, tem contribuído para as condições propícias para as queimadas, especialmente na região norte da Amazônia.
“O recorde que observamos está relacionado com a ocorrência do fenômeno El Niño, que é o aquecimento do Oceano Pacífico, causando aumento de temperatura em cima do continente e diminuição de chuva, especialmente na fração norte da Amazônia, ao norte do Equador”, disse.
Luiz Aragão, pesquisador do Inpe
Além disso, a ação humana, incluindo o desmatamento e o uso do fogo para manejo de áreas já desmatadas, é apontada como uma das principais causas das queimadas. Aragão ressalta que “a ação humana é a fonte de ignição para o fogo na Amazônia. A Amazônia normalmente não queima sem a ação humana“.
Intervenções locais
Apesar das medidas adotadas pelos governos estaduais, como aumento do efetivo de combate e decretação de prazos ampliados para o período proibitivo de uso do fogo, as queimadas continuam a crescer. Roraima e Mato Grosso, apesar de liderarem o número de queimadas, têm registrado uma trajetória descendente nos últimos meses.
O Governo Federal também tem sido acionado para auxiliar no combate às queimadas, especialmente em áreas de competência da União, como áreas indígenas e unidades de conservação.