Em meio a catástrofe histórica no estado do Rio Grande do Sul, cientistas fazem projeções para futuro recuo do lago e respostas caminham pela fina linha tênue que divide temor de esperança. De acordo com pesquisadores da UFRGS, a água, que atualmente corre entre diversos lugares de Porto Alegre e cidades da região metropolitana, pode levar até trinta dias ou mais para ficar abaixo do nível de inundação.
Situação Geral
Nesta última terça-feira (9), cientistas da UFRGS — Universidade Federal do Rio Grande do Sul — apresentaram gráfico que revela novas possibilidades para o Guaíba, em termos gerais, as notícias não parecem ser boas. Segundo o gráfico, a água do lago ficará acima da cota de inundação, em torno de 3 metros, por um período de 10 dias ou mais. Apesar do recuo de 10 cm (centímetros) nas últimas 24 horas, tal continuidade de recuo só será possível com a trégua de chuvas.
O hidrólogo Fernando Fan, um dos cientistas responsáveis pela pesquisa e apresentação das projeções e professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS, relatou à TV Globo a possibilidade de cerca de 30 dias até que o Guaíba fique abaixo da marcação de 3 metros. Com o nível do lago acima dos 5 metros, ainda nesta terça-feira, a previsão para uma baixa seria a partir do fim de semana condicionado à falta de chuvas.
Em declarações à Rádio Gaúcha, o professor comentou quanto as previsões de chuva para os próximos dias e disse que caso haja nas bacias dos rios Taquari, das Antas e Jacuí, poderá haver um “repique” fazendo com que o nível retorne aos 5 metros.
Afluentes do Guaíba também ajudam a tornar a situação uma mistura de esperança e receio. O rio dos Sinos, um dos principais afluentes do lago, da mesma forma está mostrando sinais de recuada. Porém, no parâmetro geral, a situação ainda é crítica, especialmente na Lagoa dos Patos, que recebe águas do Guaíba. O nível da lagoa tem aumentado e projeções mostram que inundações podem alcançar novas áreas em Pelotas.
Geografia e precauções
Porto Alegre localiza-se quase ao mesmo nível do mar, dificultando assim o escoamento de água, tendo como consequência o acúmulo da mesma. O Lago Guaíba, no qual banha a capital, recebe águas de cinco rios, sendo eles: Jacuí, Taquari, Sinos, Caí e Gravataí. As águas desses rios descem rapidamente até o lago gaúcho em resultado do relevo, refletindo assim na concentração de água. A partir do Guaíba, a água corre para a Lagoa dos Patos e enfim para o Oceano Atlântico, onde sai perto da cidade de Rio Grande, no sul do estado. Devido às chuvas dos últimas dias, o nível do mar foi aumentado e teve como resposta a lentidão para saída de água.
Com tal situação, equipes de emergência e as autoridades locais e do Estado continuam desenfreadamente o trabalho de monitoração das águas e amparo àqueles afetados diretamente pelo estrago estrutural apoiado, infelizmente, pela geografia local. A população está recomendada a seguir orientações da Defesa Civil além do atentamento vigilante. Campanhas de informação para prevenção de riscos em áreas de inundação e preparação para evacuações emergenciais, também fazem parte do projeto de precauções estadual.