Dinâmica da sucessão presidencial no Irã

Lourdes Carvalho Por Lourdes Carvalho
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Foto destaque: Votação para membros do Parlamento no Irã (Reprodução/Majid Saeedi/Getty Images embed)

De acordo com a Constituição Iraniana, quando o presidente morre, o primeiro vice-presidente assume os poderes e funções do presidente de forma interina e com a aprovação do Líder Supremo. O vice-presidente, o presidente do parlamento e o chefe do poder judiciário devem providenciar, no período de 50 dias, uma eleição para escolher um novo líder.

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, é quem dá a palavra final para o vice-presidente assumir o cargo. Com esse poder de intervenção nos assuntos internos e externos na República Islâmica, o líder supremo ofusca os poderes do presidente no país.

Quem decide é o líder supremo

Khamenei, ao declarar cinco dias de luto, anunciou que Mohammad Mokhber irá assumir a presidência de forma interina, respeitando a Constituição Iraniana. Segundo analistas, a realização do pleito não deve mudar os rumos políticos do Irã. A expectativa é de que a linha-dura ligada aos setores religiosos permaneça no poder.


Líder Supremo do Irã: aiatolá Ali Khamenei (Foto: reprodução/ Majid Saeedi/Getty Images embed)


Não há expectativas de mudanças significtivas

Ebrahim Raisi, diferente de seu antecessor, fez uma aliança estreita com Ali Khamenei. Muitas pessoas acreditavam que ele seria o líder supremo quando Khamenei morresse. Gregory Brew, analista do Eurasia Group, fez suas considerações:

É muito provável que a liderança do regime, incluindo Khamenei, trabalhe para realizar uma eleição presidencial para garantir que um substituto adequado suceda Raisi, ao mesmo tempo que mantém fora candidatos reformistas ou moderados, como tem sido a prática desde 2021. 

Gregory Brew

Ainda de acordo com Brew, o clérigo Mojtaba Khamenei, filho do aiatolá, estaria sendo apontado como possível sucessor no cargo de líder supremo. Porém, essa nomeação iria contra uma tradição da Revolução Islâmica, que fundou o regime atual em 1979. Ela se opõe a qualquer sistema que se assemelhe à monarquia, derrubada pela revolução.

O acidente aéreo que vitimou Ebrahim Raisi no último domingo está sendo realmente um golpe para a linha-dura do regime teocrático de Teerã.

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