Benny Gantz, ministro do gabinete de guerra de Netanyahu, renunciou ao cargo neste domingo (09), apenas um dia após operação de resgate de reféns comandado pelas Forças de Defesa de Israel (FDI). A operação conseguiu resgatar quatro reféns israelenses na cidade de Nuseirat, localizada na região central da Faixa de Gaza. Apesar de bem sucedida, a operação causou a morte de três outros reféns do Hamas. Segundo o grupo terrorista, um deles era cidadão norte-americano.
A saída de Gantz
O Gabinete de Guerra instaurado durante o governo de emergência de Benjamin Netanyahu era composto pelo próprio primeiro-ministro, pelo ministro da defesa Yoav Gallant e por Benny Gantz, um ex-comandante das Forças Armadas de Israel.
Gantz fez uma coletiva de imprensa para anunciar sua renúncia do cargo e fez declarações duras contra o governo. “Netanyahu está nos impedindo de avançar rumo a uma verdadeira vitória. É por isso que estamos deixando o governo de emergência hoje, com o coração pesado, mas com plena confiança”, disse Gantz. Ele também acusou o governo de estar procrastinando e hesitando em decisões estratégicas por causa de considerações políticas.
O ministro Benny Gantz anuncia sua renúncia por desacordos com o governo de Netanyahu (Foto: reprodução/Jack Guez/Getty Images embed)
A saída de Gantz havia sido ameaçada por ele antes, quando Gantz declarou que seu partido de centro-direita, o União Nacional, abandonaria o governo se um plano de resgate e para futuras ações contra o Hamas não fosse concretizado. Na época, o primeiro-ministro Netanyahu pediu que Gantz não deixasse o cargo, afirmando que deveriam permanecer unidos. Discurso este repetido por Netanyahu em resposta à renúncia de Gantz: “Israel está em uma guerra existencial em várias frentes. Benny, agora não é hora de abandonar a luta, é hora de unir forças.”
Pressão política ao governo de Netanyahu
Israel sofre pressão internacional devido às ações tomadas pelo governo em relação às ofensivas em Rafah, cidade ao sul da Faixa de Gaza que abriga milhares de palestinos refugiados. A invasão da cidade pelas forças israelenses forçou o deslocamento em massa dos refugiados, que tinham Rafah como o último asilo para escapar dos conflitos entre Israel e o Hamas.
A operação de resgate foi conduzida no sábado (08) pelo Exército de Israel. O resultado foi 247 palestinos mortos e 698 feridos, alguns em estado grave. A informação foi divulgada pelo Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo grupo Hamas. No final de maio, um bombardeio israelense incendiou um acampamento de refugiados que matou 45 palestinos.
As operações conduzidas em Rafah deixaram destruição e vários refugiados feridos e mortos (Foto: reprodução/Eyad Baba/Getty Images embed)
Durante as negociações de um cessar-fogo para resgate de reféns, Benny Gantz apoiou o acordo apresentado pelo presidente americano Joe Biden, que juntamente com o Egito e o Catar, trabalham como intermediadores entre o governo israelense e o Hamas. Gantz expressou seu desejo de que o primeiro-ministro demonstrasse coragem para apoiar Biden e fizesse de tudo para que o acordo avançasse.
Netanyahu sofre pressão política interna por sua reeleição, o que o faz rejeitar os acordos de cessar-fogo apresentados. O intuito do governo atual é realizar mais ações militares em Gaza para garantir uma “vitória total” contra o Hamas.