RIO DE JANEIRO – O PL [Partido Liberal] oficializou neste domingo (24) a candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição, em evento no Maracanãzinho. O ex-ministro da Defesa, Braga Netto, será o vice na chapa do ex-capitão. Em seu primeiro discurso como candidato, o mandatário dirigiu ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e convocou apoiadores a irem às ruas “uma última vez” no 7 de setembro (data em que o país comemora 200 anos de Independência).
“Esses poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo. Têm que entender que quem faz as leis é o Poder Executivo e o Legislativo. Todos têm que jogar dentro das quatro linhas da constituição. Isso interessa a todos nós”, afirmou. Logo no início, Bolsonaro disse que, durante seu governo, o povo tomou conhecimento sobre o que seria o STF – o público passou a entoar vaias e gritar “Supremo é o povo”; ele silenciou.
Bolsonaro chegou ao local da cerimônia acompanhado da primeira-dama Michele, de Braga Netto e sua esposa. O pastor Marco Feliciano (deputado federal por São Paulo) abriu o evento com uma oração, que foi seguida por discurso de Michele – a fala da esposa do mandatário concretizou uma expectativa do núcleo da campanha bolsonarista, que há meses vem pedindo a ela uma maior atuação nos atos como forma de melhorar a imagem de Bolsonaro junto ao eleitorado feminino.
Pesquisa Datafolha publicada em junho mostra que rejeição do presidente entre as mulheres chega a 61%, enquanto 30% dizem não votar no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal adversário de Bolsonaro na disputa pelo Planalto.
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) participam de convenção nacional do PL neste domingo (24), no Rio de Janeiro – Ana Luiza Albuquerque/Folhapress
Em seu discurso, Michele tentou destacar os feitos do governo para as mulheres, além de fazer menções a fragmentos bíblicos e ao atentado a Bolsonaro em 2018, em Juiz de Fora. “Esse é o presidente que falam que não gosta de mulheres. A diferença é que ele faz, ele não quer se promover. Nós não queremos nos promover, nós queremos fazer, entregar, e esse é o nosso compromisso desde o dia 1 de janeiro de 2019”, disse.
Bolsonaro discursou logo em seguida. Em meio às suas falas, criticou Lula e o PT, atacou governadores e prefeitos pelas medidas para conter o novo coronavírus e voltou a afirmar que não existe corrupção no seu governo. Durante o pronunciamento, apoiadores do presidente vaiaram o STF e cantaram “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”.
Aliados do presidente o aconselharam nos últimos dias a evitar críticas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e às urnas eletrônicas. A expectativa era de que ele fizesse um discurso “para fora”, que servisse para as ações do governo federal, especialmente para os mais pobres – como o presidente atua de improviso, porém, seria impossível prever o teor do discurso.
Atrás do palco principal, tremulava a bandeira do Brasil com a foto de Bolsonaro com apoiadores. Também estava estampado o slogan “Pelo bem do Brasil” que, conforme a In Magazine contou na última sexta-feira (22), será a frase da coligação de Bolsonaro e faz referência à tese defendida pelo presidente de ‘luta do bem contra o mal’. O local escolhido pelo QG bolsonarista comporta um público de 11,8 mil pessoas.
Entre os aliados que marcaram presença na convenção estava o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP) – único chefe de Poder presente. Ex-ministros, como João Roma [Cidadania], Eduardo Pazuello [Saúde], Teresa Cristina [Agricultura], Tarcísio de Freitas [Infraestrutura], estiveram no evento. O governador do Rio, Cláudio Castro, esteve no palco. O deputado federal Daniel Silveira (PTB) foi um dos políticos mais ovacionados no evento pelos apoiadores de Bolsonaro. Condenado a 08 anos e 09 meses de prisão pelo STF por crimes contra o Estado Democrático de Direito, Silveira recebeu o perdão presidencial do presidente.
O PL, conforme apuração da In Magazine, havia instruído todos a convidados a levarem seus cônjuges. A estratégia seria dar ao evento o tom da importância do papel das famílias. A cerimônia contou ainda com a apresentação da dupla sertaneja Mateus e Cristiano, que entoou o hino nacional e o jingle da campanha, “capitão do povo”.
A convenção do PL acontece a três meses das eleições, marcada para o dia 02 de outubro. De acordo com pesquisas eleitorais recentes, Bolsonaro aparece em segundo lugar nas intenções de voto. Quem lidera a corrida presidencial é o ex-presidente Lula – levantamento do final de junho do Datafolha mostra o petista com 47% das intenções ante 28% do mandatário.
As convenções partidárias estão previstas no calendário estabelecido pelo TSE e se constituem da última fase para a confirmação de um candidato. O período para a realização das convenções se iniciou em 20 de julho e vai até o dia 5 de agosto. Passado o período das convenções, as legendas têm até o dia 15 de agosto para registrarem as candidaturas no TSE.
Foto destaque: Presidente Jair Bolsonaro (PL) e primeira-dama Michelle Bolsonaro durante convenção nacional do PL no Rio de Janeiro. Ricardo Moraes/Reuters