Economia nos EUA entra em recessão técnica

Beatriz Lacerda Por Beatriz Lacerda
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Nos Estados unidos, o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2022 ficou em -0,9%, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (28). O resultado foi abaixo da previsão de alta de mercado, que era de 0,5%. Sendo o segundo trimestre consecutivo com PIB em queda, há um cenário de recessão técnica nos Estados Unidos.

Muitos americanos já sentem os efeitos da instabilidade econômica, com preços em alta, que influenciam no aumento das despesas diárias, aluguéis e contas mensais. Analistas dizem que, para a população nos EUA, a recessão já é quase uma realidade.

As principais causas dessa instabilidade econômica estão ligadas à queda do mercado de ações, que marcou o final do segundo trimestre, no qual investidores enfrentaram a instabilidade da agitação geopolítica, altos níveis de inflação e restrições do Covid-19. A bolsa dos EUA registrou o pior primeiro semestre do ano desde 1970.

Outro fator de instabilidade afeta o mercado imobiliário. As taxas de juros elevadas provocaram desaceleração no setor dos EUA, além da inflação elevada nos EUA. Assim, a economia tende a regredir ainda mais no início do terceiro trimestre.

Sócio e diretor associado do Boston Consulting Group, Hady Farang, disse que “as pessoas estão se preparando para o fato de que já estamos em recessão agora ou que há uma grande probabilidade de estarmos em uma em breve”.


Foto: Guia do Investidor


O Federal Reserve permaneceu com os temores da inflação enquanto tentava equilibrar os aumentos das taxas diante das preocupações de que a pressão poderia destruir o crescimento econômico.

O Fed elevou as taxas em mais três quartos de ponto percentual na última quarta-feita (27). Agora, a taxa de juros dos EUA passou de 0,75 ponto percentual, para 2,5% ao ano. Isso reflete um esforço para combater a inflação.

“A palavra recessão está lançando uma longa sombra sobre os mercados, mas, de certa forma, a única maneira de sair desse ambiente inflacionário é de os bancos centrais desencadearem essa recessão”, disse Mabrouk Chetouane, chefe de estratégia de mercado global da Natixis Invertiment Managers Solutions, em um relatório desde mês.

Diante da situação atual, os investidores precisam se preparar para a desaceleração que está em andamento, assim como os formuladores de políticas para a desaceleração do crescimento, ou para uma situação ainda mais crítica.

Os Estados Unidos sofreram diminuição econômica no primeiro trimestre e no segundo trimestre do ano. Embora sejam dois trimestres consecutivos de números negativos, o que indica um entendimento de recessão, ela ainda não é oficial.

Mesmo em caso de recessão, o grupo responsável por declarar oficialmente o início e o fim de crises econômicas, National Bureau of Economic Research (NBER), tende a esperar vários meses antes de declarar datas de recessão.

Em entrevista ao programa “Meet the Press” da NBC, a secretária do Tesouro Janet Yellen disse que uma recessão “é uma contradição ampla na economia que afeta muitos setores”, portanto, diz também que ficaria “surpresa” caso a NBER declarasse que a economia atual se encontra em recessão.

Farag, do Boston Consulting Group, mencionou que uma recessão agora pode não ser tão agressiva quanto algumas recessões anteriores. De fato, muitos investidores não parecem estar esperando uma recessão como a do início de 1980, ou como a Grande Recessão de 2008.

“Não há duas recessões iguais. Não acho que as pessoas estejam profundamente preocupadas com uma grande recessão ou uma estagnação maciça”, comentou ele.

Mas, vale ressaltar que se houver recessão, o Fed poderá cortar as taxas novamente para estimular o crescimento da economia. Isso foi o que o banco central fez em 1999 e no início dos anos 2000, quando o boom das pontocom estava falindo devido aumentos nas taxas de juros.

Foto destaque: Lawrence Bryant/File Photo/Reuters

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