O escritório de advocacia Pogust Goodhead que defende as vítimas da tragédia em Mariana (MG) em um ação coletiva movida na Justiça Britânica contra a mineradora BHP na Justiça está vivendo um racha litigioso por alguns de seus sócios.
Em ação e em arbitragem nos Estados Unidos, a empresa está processando uma prestadora de serviços brasileira liderada por sócios da Pogust Goodhead. No Brasil, o fundador do escritório de Londres apresentou um pedido de provas contra os acionistas brasileiros da mesma empresa, alegando ter identificado irregularidades nas demonstrações financeiros da empresa.
No final de julho, Pogust Goodhead entrou com uma ação no condado de Miami-Dade, Flórida, contra a MG- Gestões e Serviços Administrativos. Sob o nome comercial Somos, a empresa sediada na capital de Minas Gerais (Belo Horizonte) foi fundada em 2019 para fornecer suporte, call center, tradução e serviços de escritório para Pogust Goodhead em alguns de seus casos.
Um dos fundadores do escritório em Londres, Tom Goodhead, era o maior acionista da Somos, mas o dia-a-dia do negócio era feito por dois sócios brasileiros, os advogados Tomás Mousinho e Pedro Henrique Martins. Os dois também se tornariam sócios da empresa britânica, então chamada de PGMBM. Ambos atuam diretamente no ato de Mariana.
De acordo com o pedido, em março deste ano, a gestora Jive investiu cerca de US$ 11 milhões no escritório por meio de um fundo contencioso – veículo que financia batalhas judiciais com a expectativa de manter parte dos ganhos se o caso for bem sucedido. futuro.. Mas o dinheiro não foi enviado diretamente para Pogust Goodhead, mas passou primeiro pela Somos. Segundo o processo em andamento, por volta de US$ 4,2 milhões foram retidos pela Somos.
“No entanto, após receber esses importantes recursos, a Somos e seus diretores brasileiros, incluindo Mousinho e Martins, assumiram uma posição preocupante, desviando os recursos para despesas não relacionadas e impedindo Goodhead, fundador da Somos e um dos acionistas, de obter informações. sobre sua empresa”, alega o processo.
Pogust Goodhead diz que entrou com pedido de arbitragem na Câmara de Comércio Internacional no final de julho. Na Justiça, a empresa pediu que a Somos fosse impedida de gastar US$ 4,2 milhões até que a solução da disputa fosse concluída. O juiz José Rodriguez concedeu a ordem a Pogust Goodhead.
Igreja atingida em Paracatu debaixo Foto: (Reprodução/ Daniela Fichino / Justiça Global)
A tragédia
No dia 5 de novembro de 2015, após o rompimento da barragem da Samarco foram despejados mais de 40 bilhões de litros de rejeitos de minério sobre os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, no município de Mariana (MG), e Gesteira, em Barra Longa (MG). Ao todo 19 vidas foram ceifadas e centenas de famílias atigindas, além da contaminação provocada pela lama na bacia do Rio Doce atingindo dezenas municípios mineiros e do Espírito Santo.
Imagem destaque: Casas soterradas pelo trágico rompimento da barragem em Mariana (MG) (Reprodução/ (Lucas Prates/Site: Hoje em Dia).