Lula aponta queimadas como “provocação” e alerta sobre falta de preparo do Brasil para eventos extremos

Em reunião com ministros e chefes dos Poderes, presidente afirma que país não está plenamente equipado para enfrentar desastres ambientais; governo anuncia medidas de combate às queimadas e seca

Yasmin Souza Por Yasmin Souza
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Foto destaque: Incêndios florestais devastam áreas no Brasil agravando a crise ambiental (Reprodução/Daniel Beltrá/Greenpeace/UOL)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (17) que o Brasil “não está 100% preparado” para lidar com eventos climáticos extremos, como as queimadas e a seca, que têm afetado várias regiões do país. Durante reunião com ministros e representantes dos Poderes no Palácio do Planalto, Lula destacou que, além da falta de estrutura, as queimadas parecem ser uma “provocação” em certas áreas.


Lula diz que Brasil não está preparado para extremos climáticos (Vídeo: Reprodução/YouTube/Uol

O encontro, que contou com a presença de autoridades como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, teve como objetivo coordenar ações para enfrentar as crises ambientais e discutir o impacto das mudanças climáticas no país.

Brasil enfrenta queimadas devastadoras e seca histórica

Durante o encontro, Lula ressaltou que o Brasil vive um dos momentos mais críticos em relação à seca e às queimadas, com biomas essenciais como a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal sendo severamente afetados. Até 9 de setembro, 18 milhões de hectares já haviam sido consumidos pelas chamas, área equivalente ao tamanho do estado do Paraná. O presidente destacou que, embora o país tenha leis florestais e um agronegócio eficiente, a falta de preparo para lidar com desastres ambientais se agrava.

Para responder à crise, o governo anunciou a liberação de R$ 514 milhões para ações emergenciais de combate a incêndios e seca na Amazônia, conforme informou o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

Crise climática exige resposta coordenada

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, informou que, a pedido de Lula, o governo está considerando a criação de um Conselho Nacional de Segurança Climática, com o objetivo de unificar representantes do governo, do Congresso e da sociedade civil para elaborar recomendações sobre como mitigar os impactos das mudanças climáticas.


Lula e Marina discutem emergência climática (Vídeo: Reprodução/YouTube/Metrópoles)

Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF), representado pelo ministro Luís Roberto Barroso, comprometeu-se a dar prioridade a processos envolvendo crimes ambientais. Barroso afirmou que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) recomendará que todos os juízes deem atenção especial a esses casos, incluindo inquéritos criminais e ações cíveis relacionadas a infrações ambientais.


Luis Roberto Barroso (Foto: Reprodução/Agencia Brasil)

Enquanto isso, Lula sugeriu que as Forças Armadas treinem recrutas para atuar no combate às queimadas, principalmente em biomas sensíveis como a Amazônia. O presidente ainda expressou preocupação com o impacto das queimadas na imagem internacional do Brasil, destacando que as ações criminosas não representam a totalidade da população e que o país possui leis ambientais rigorosas.

Ação criminosa ou tragédia natural?

O presidente Lula reforçou a suspeita de que muitos incêndios são criminosos e mencionou casos em que os focos de queimadas pareciam intencionais, como uma forma de provocação.

“Há muita suspeita de que muitos incêndios são criminosos”, Disse ele, relatando um episódio em que encontrou focos de incêndio após uma visita a uma comunidade na Amazônia.

Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, também demonstrou preocupação com a repercussão internacional dessas queimadas, ressaltando que o Brasil precisa deixar claro que as práticas ilegais são marginais e não refletem a atuação geral do país no combate às mudanças climáticas.

Em meio às tensões e desafios, o governo segue buscando soluções integradas para enfrentar uma das crises ambientais mais graves da história recente, com a expectativa de que novas medidas sejam implementadas nos próximos meses para fortalecer o combate aos incêndios e proteger os biomas ameaçados.