Territórios da Ucrânia começam a passar por referendos de anexação à Rússia

Sara Corrêa Por Sara Corrêa
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Os referendos sobre a anexação dos territórios ocupados de Donetsk e Luhansk – leste ucraniano – e Kherson e Zaporíjia – no Sul – a sua anexação à Federação Russa, começaram nesta sexta-feira (23), pelas as administrações pró-Moscou. As consultas são consideradas uma “farsa” por Kiev e seus aliados ocidentais. A anexação por qualquer Estado de territórios tomados à força são proibidos pelo direito internacional . 

A votação começou às 8h (2h no horário de Brasília) e deve durar até o dia 27 de setembro nos territórios, que equivalem a 15% da Ucrânia – uma área maior que Portugal. Regiões de Luhansk e Kherson tem o controle quase completo da Rússia, mas domina apenas partes Zaporíjia e Donetsk. No entanto, em todas elas há ataques frequentes da Ucrânia.

As autoridades russas vão de porta em porta recolher os votos, nos primeiros quatro dias do referendo, e apenas no último dia as seções eleitorais serão abertas. Em Zaporíjia e Kherson, é feita a seguinte pergunta – em russo e ucraniano-  aos moradores: “Você deseja a secessão da Ucrânia e a criação de um Estado independente que irá entrar na Federação Russa?”.

Já em Donetsk e Luhansk, onde as repúblicas separatistas foram reconhecidas pelo presidente russo, em 21 de fevereiro, três dias antes de iniciar a invasão ao país vizinho a pergunta é: “Você apoia a entrada da república na Federação Russa com os direitos de uma entidade da Federação Russa?”, também nos dois idiomas.


Mapa referendos na Ucrânia. Foto: (Reprodução/ O Globo)


De acordo com as acusações feitas pelos ucranianos, os russo estão encorajando os jovens de 13 a 18 anos de participarem para dar a aparência de maior participação, de forçarem trabalhadores a irem às urnas sob o risco de perderem seus empregos, e proibirem as pessoas de saírem de suas cidades até que votem. 

O prefeito exilado da cidade ocupada de Enerhodar, perto da central nuclear de Zaporíjia, Ivan Fedorov, pediu no seu Telegram,  para os moradores ficarem em casa se possível, mas se forem forçados a votar, seguirem as orientações. O governador de Luhansk, Sergei Gadai, afirmou que muitas pessoas estão sendo obrigadas a votar e que Moscou prepara equipes cinematográficas para gravar “filmes propagandísticos sobre o voto”.

“Em uma empresa em Bilovodsk, o chefe anunciou a todos os funcionários que a presença era obrigatória. Os que não participarem da votação serão automaticamente despedidos e os nomes dos que não comparecerem serão entregues aos serviços de segurança”, escreveu Gaidai, afirmando homens armados acompanham os funcionários eleitorais que vão de casa em casa e que é também uma oportunidade para ver se há homens em idade de combate. 

Os resultados dos referendos provavelmente não serão reconhecidos pela maior parte dos países, incluindo os que ainda têm boas relações com a Rússia, como China, índia e Turquia. 

Os veículos de imprensa russo divulgaram pesquisas de opinião onde o mostra grande apoio à incorporação, e Moscou promete agir rapidamente para incluir as regiões conquistadas no país. 

Se os territórios forem formalmente incorporados, qualquer ação militar da Ucrânia nessas áreas pode ser considerada um ataque à Rússia, podendo ser uma “justificativa” para o uso de armas nucleares, apontou analistas e autoridades pró-Kremlin, como o ex-presidente Dmitry Medvedev.

 

Foto destaque: Menino usa blusa com símbolo do Exército russo e carrega bandeira da autoproclamada república de Donetsk em frente à embaixada da região em Moscou. Foto: Reprodução/ O Globo.

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