Depoimento inédito da vítima de estupro de Robinho é revelado em série documental

Nova série da Globoplay traz relatos e investigações que culminaram na condenação do jogador Robinho a nove anos de prisão por violência sexual de grupo na Itália

Lais Cordeiro Por Lais Cordeiro
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Foto destaque: Jogador Robinho (Reprodução/DOUGLAS MAGNO/AFP)

O primeiro episódio da série documental O Caso Robinho, que estreia nesta quarta-feira (30), na Globoplay, apresenta pela primeira vez ao público o relato da albanesa Mercedes, vítima de estupro coletivo na madrugada de 22 de janeiro de 2013, em uma boate em Milão. A série, dirigida por Carol Zilberman e Rafael Pirrho, traz detalhes inéditos da investigação que resultou na condenação do ex-jogador do Milan e outros cinco homens a nove anos de prisão pelo crime de violência sexual de grupo.

“Perdi uma parte de mim”, diz Mercedes

No documentário, Mercedes relembra a noite de seu aniversário de 23 anos, quando foi à boate Sio Café com duas amigas para celebrar. Ela descreve que, na época, se sentia “como uma música brasileira, cheia de cores e alegria”, mas que essa luz se apagou após o crime. O relato é marcado por emoção e traz uma visão íntima da dor e dos impactos do abuso. Chorando na contraluz, Mercedes explica que, apesar de ter conseguido seguir em frente, jamais voltou a ser a mesma pessoa.

Mercedes conta que já conhecia alguns amigos de Robinho e que, ao reencontrá-los na festa, se sentiu segura para passar um tempo com eles. No entanto, ao longo da noite, a jovem percebeu que havia ficado sozinha e relata que, quando saiu da boate para respirar, um dos homens a abordou de forma agressiva, insistindo em beijos indesejados. Mesmo após resistir e retornar ao local, ela relata ter sido levada ao camarim, onde o abuso ocorreu.


Mulher albanesa, vítima de estupro, da entrevista no documentário (Foto: reprodução/TV Globo)

Áudios de conversas revelam nova perspectiva

O documentário apresenta também grampos e interceptações telefônicas realizadas pela polícia italiana, que trouxeram novas evidências ao caso. Os procuradores Pietro Forno e Stefano Ammendola e o advogado Jacopo Gnocchi participam da série e relatam a dificuldade de reunir provas em crimes de abuso sexual, especialmente após meses ou anos do ocorrido. As gravações, no entanto, foram decisivas, revelando detalhes e comentários dos acusados sobre o ocorrido.

Segundo Mercedes, foi por meio dos grampos que ela encontrou parte de sua “vitória”, ao ver confirmada a verdade sobre o abuso. Ela afirma que, embora o tempo tenha lhe ajudado a lidar com a dor, as gravações comprovaram que ela não estava consciente e não teve controle durante o crime.

A defesa de Robinho, no entanto, contesta a versão apresentada na série. De acordo com seu advogado, José Eduardo Alckmin, a relação foi consensual e Mercedes teria retornado voluntariamente ao convívio dos homens após o episódio inicial.