Israel e grupo armado libanês Hezbollah firmaram um cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos e pela França, encerrando um confronto que já resultou em milhares de mortos e 900 mil deslocados no Líbano, além de dezenas de milhares de pessoas obrigadas a fugir do norte de Israel. Porém, o confronto entre Israel e o grupo militante palestino Hamas continua na Faixa de Gaza.
A trégua, iniciada nesta quarta-feira (27), foi considerada uma rara vitória diplomática em meio às tensões regionais e permite uma pausa nas hostilidades que vinham acontecendo há alguns meses, além da volta de milhares de libaneses deslocados pelos confrontos, que começaram a voltar para suas casas.
Essa decisão, que começou às 4h (23h de terça-feira, no horário Brasília), exige que Israel retire gradualmente suas tropas do sul do Líbano, um reduto do Hezbollah, e que as forças militares libanesas se posicionem na região num prazo de 60 dias. O Exército libanês afirmou que já estava se preparando para despachar 5.000 soldados para a região.
Militares garantem a segurança
O Exército do Líbano, encarregado de garantir a manutenção do cessar-fogo, anunciou que está organizando sua mobilização para o sul do país, uma área devastada por intensos bombardeios de Israel durante os combates contra o Hezbollah. Essa região inclui vilarejos no leste e os subúrbios ao sul de Beirute.
Os militares orientaram os habitantes das áreas fronteiriças a adiar o retorno para suas residências, até que as tropas israelenses finalizem a retirada. Desde setembro, as forças israelenses avançaram cerca de 6 km em território libanês em operações terrestres. “Com a entrada em vigor do cessar-fogo, o exército está tomando medidas para finalizar sua implantação no Sul, conforme determinação do governo libanês”, declararam.
Enquanto isso, veículos carregados com colchões, bagagens e móveis foram vistos em direção ao sul, saindo da cidade de Tiro, duramente bombardeada. A intensificação dos confrontos nos últimos dois meses forçou milhares de libaneses a deixarem suas casas.
Israel afirmou ter identificado militantes do Hezbollah retornando para áreas próximas à fronteira e abriu fogo para impedi-los de se aproximarem, sem compromissos de que o incidente comprometesse a trégua.
Conflito histórico
O acordo, mediado pelos Estados Unidos e França, busca encerrar um conflito na fronteira entre Israel e Líbano que já deixou milhares de mortos, desencadeado pela guerra de Gaza no ano anterior. A administração de Joe Biden celebrou a trégua como um marco diplomático nos últimos dias de seu governo.
A atenção diplomática agora se volta para Gaza, devastada por ataques de Israel que visam desmantelar o Hamas, responsável pelos ataques de 7 de outubro de 2023 em território israelense. Israel declarou que o objetivo no Líbano era garantir a segurança de aproximadamente 60 mil israelenses deslocados, devido aos foguetes disparados pelo Hamas em Gaza.
Entre os que retornam ao Líbano, alguns exibem bandeiras nacionais, enquanto outros demonstram euforia. Apesar disso, muitas aldeias para onde os moradores voltam estão em ruínas. Hussam Arrout, pai de quatro filhos, afirmou que aguardará a retirada completa israelense antes de retornar.
“Os israelenses não se retiraram completamente, eles ainda estão no limite. Decidimos esperar até que o exército anuncie que podemos entrar. Então ligaremos os carros imediatamente e iremos para a vila”, disse ele.
Joe Biden destaca decisão
O presidente Joe Biden destacou que o cessar-fogo foi projetado para ser permanente e prometeu que o Hezbollah e outras organizações terroristas não serão mais ameaças.
“Isso foi projetado para ser um cessar-fogo permanente das hostilidades”, disse Biden. “O que resta do Hezbollah e de não será permitido ameaçar a segurança de Israel novamente.”
Israel iniciará a retirada de suas tropas nos próximos 60 dias, enquanto o Exército Libanês assumirá o controle das áreas limítrofes. Biden também mencionou os esforços para uma trégua em Gaza, onde os conflitos permanecem.
Essa pausa no conflito proporciona a Israel a oportunidade de restabelecer seus recursos militares e concentrar esforços na luta contra o Hamas em Gaza. A tensão permanece alta, mas o acordo marca um possível passo para o fim da guerra no Oriente Médio.