O discurso de Jair, 2 minutos após 44 horas de silêncio, ambiguidade e mensagens subliminares

Maria Luiza da Silva Por Maria Luiza da Silva
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Depois de mais de 40 horas desde a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 30, Jair Bolsonaro quebrou o silêncio em discurso na tarde de ontem (01/10). Após se isolar até mesmo de seus apoiadores nos últimos dois dias, Jair se pronunciou no Palácio da Alvorada acompanhado de ministros, ex-ministros, intérprete de libras, seu filho e também deputado Eduardo Bolsonaro e o candidato a vice junto com ele nas últimas eleições, Walter Braga Netto. Em um discurso bastante ambíguo que durou exatamente dois minutos, mandou alguns recados para seus apoiadores e oposição.

Primeiramente, o atual presidente agradeceu os 49,1% de votos que teve nas urnas, assim reconhecendo o processo que o próprio criticou várias vezes ao longo da corrida eleitoral. Em outro momento reforçou, apesar de sua derrota, a força da direita no Congresso formado para os próximos quatro anos. Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca”, assim, de maneira sútil, Bolsonaro se colocou como a mais forte oposição a Lula, dando ainda esperanças de nova candidatura. 

Ainda sobre Lula, em momento algum Bolsonaro citou o nome do mesmo e, apesar de dizer que irá cumprir os mandamentos da Constituição, não reconheceu a derrota de maneira formal, tampouco assegurou a transição democrática -passando a tarefa para Ciro Nogueira.

Sobre as manifestações e bloqueios de seus eleitores que vêm travando diversas estradas em todo o país, o ex-candidato do PL afirmou: ”os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir.”  Contudo, Jair tratou os atuais movimentos como manifestação pacífica, legitimando a coisa toda, e ainda disse que os mesmos são fruto de indignação e sentimento de injustiça. 


Apoiadores de Jair manifestam e bloqueiam vias após resultados das eleição. (Foto: Reprodução/BBC)


Por fim, Bolsonaro negou ser antidemocrático, como dizem seus opositores, ou qualquer menção a censura ou controle das mídias, reafirmando seu total compromisso com a Constituição, ao dizer que sempre jogou dentro das quatro linhas da mesma.

Foto Destaque: Jair Bolsonaro fala pela primeira vez após derrota no segundo turno. (Foto: Reprodução/G1)

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